Sexta-feira, 16 de novembro de 2007 - 15h58
O entrevistado do programa Roda Viva de segunda-feira retrasada, na TV Cultura, foi o médico Patch Adams, cuja história tornou-se mundialmente conhecida através do filme homônimo dirigido em 1998 por Tom Shadyac e protagonizado por Robin Williams. Aos 16 anos de idade, após perder um tio e ter sido deixado pela namorada, Patch vivenciou uma grave crise depressiva e internou-se espontaneamente numa clínica psiquiátrica. Lá chegou à conclusão que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente amor. Dois anos depois, ingressou na faculdade de medicina da Virginia, onde se tornou conhecido pela sua conduta excessivamente feliz e apaixonada pelos pacientes. Ao término da faculdade, em 1972, funda o Instituto Gesundheit. Em 1980 adquire alguns hectares de terra montanhosa em West Virginia para a implementação física do instituto, o qual presta assistência sem nenhum tipo de cobrança financeira. Sua filosofia de vida é o amor não apenas no âmbito hospitalar, mas em nossas relações sociais como um todo, independente de lugar.
No Brasil, Patch Adams serviu de modelo e inspiração para ONGs tal como a Doutores da Alegria e a Doutores do Riso, constituídas por palhaços que vão até os hospitais para alegrar os pacientes. Entretanto, Patch não simpatiza com palhaços que vestem suas fantasias no vestiário do hospital. Para ele, os agentes de saúde devem transmitir amor e alegria para todas as pessoas que cruzarem seu caminho, e não apenas enquanto estiverem fantasiados e em horário de expediente.
Por sorte, a nossa região é farta de ótimos agentes de saúde. Todas as vezes que aqui necessitei de cuidados médicos, fui sempre muito bem atendido, tanto no sentido fisiológico, como também afetivamente. Já em Porto Alegre, lembro que estranhei bastante a impessoalidade no modo como o médico tratou meu problema de saúde. Ele quase nem olhou nos meus olhos, e foi sucinto e evasivo nas respostas às minhas dúvidas sobre o que estava ocorrendo de errado no meu funcionamento biológico. O motivo desse estranhamento foi que eu estava acostumado com as explicações detalhadas, em linguagem acessível, que os profissionais da saúde taperense sempre me proporcionaram nas vezes em que adoeci. Talvez o que de mais valioso temos no nosso sistema de saúde seja que, aqui, os médicos e enfermeiros sempre nos tratam com carinho e dedicação, independentemente de estarem nos atendendo numa consulta particular ou pelo SUS. Isso não ocorre nos grandes centros urbanos.
Entretanto, atualmente não existe um ‘sistema de saúde’ propriamente dito. O que realmente há é um ‘sistema de doenças’, pois somente tratamos o corpo doentio. Deveríamos modificar os hábitos que causam as doenças, e não apenas interromper quimicamente os nossos processos biológicos. Não nos preocupamos em criar condições saudáveis de vida; em vez disso, compramos refrigerantes e biscoitos diet, numa tentativa infantil de iludir o nosso senso crítico. Conforme Patch nos distanciamos tanto do ‘pensar’, que fomos obrigados a criar o termo ‘pensamento crítico’ para diferenciá-lo do que fazemos nas restantes horas do dia. Além do mais, as próprias relações pessoais dentro dos hospitais são doentias, devido aos degraus hierárquicos, e os sistemas governamentais foram todos institucionalizados para que as empresas transnacionais lucrem ao máximo em cima de povos aculturados e de fácil indução, assim feito nós. No caso específico do sistema hospitalar, logo que os estudantes de medicina ingressam na faculdade, os representantes das indústrias farmacêuticas vão até eles e oferecem centenas de amostras grátis para que os futuros médicos receitem tais e tais medicamentos aos seus futuros pacientes, mesmo nas situações em que uma pedra de gelo ou uma laranja resolveriam o problema. Na visão de Patch Adams, os remédios deveriam ser fornecidos gratuitamente pelo Estado. Daí então não mais compraríamos remédios somente por causa do seu apelo publicitário, e nem haveria motivos para existir falsificadores de medicamentos. Patch ressalta que as transnacionais farmacêuticas estão patenteando diversas espécies de plantas e animais amazônicos. Dentro de alguns anos, quando os medicamentos fabricados com estas espécies chegarem às nossas farmácias, teremos que pagar aos estrangeiros um percentual sobre o lucro de cada comprimido que tomarmos.
O médico estadunidense Patch Adams, que considera o seu país o maior terrorista da atualidade, opina que deveríamos entregar todos os cargos políticos às mulheres e dizer “eu te amo” para desconhecidos na rua, olhando nos seus olhos. São idéias extravagantes? São, sim, mas não acarretariam mal nenhum.
Fonte: Fernando Ernesto Baggio Di Sopra - Estudante de Geografia na UFRGS (Núcleo de Pesquisas Arqueológicas - Geografia na UFRGS)
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