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Brasil à deriva abre espaço para uma intervenção


 Brasil à deriva abre espaço para uma intervenção  - Gente de Opinião

 A greve dos caminhoneiros, que parou o país e obrigou Temer a usar a força para pôr fim ao movimento, expôs as vísceras de um país desgovernado, à deriva, que navega ao sabor de interesses internacionais. Ficou evidente que os golpistas, que tomaram o poder com acusações falsas a Dilma e com a promessa de promover o desenvolvimento nacional, não tinham nenhum projeto de governo e não estavam preocupados com os interesses do povo. Muito pelo contrário, seu objetivo era atender aos interesses do mercado, das elites do dinheiro e, especialmente, do capital norte-americano. Por isso todos os seus atos, desde que assumiram o poder há dois anos, foram direcionados no sentido de entregar ao capital estrangeiro todas as nossas riquezas naturais, sobretudo o petróleo, nossas empresas estratégicas, como a Petrobrás, a Eletrobrás e a Embraer, o que sobrou do entreguismo do governo FHC. E parte do povo, enganada e imbecilizada pela mídia golpista, acabou manipulada pelo MBL (Movimento dos Bobalhões Livres), saindo às ruas de amarelo e espancando panelas das varandas dos prédios luxuosos para apoiar as ações que culminaram com a ascensão de Temer.

Esses mesmos amarelinhos e paneleiros, provavelmente envergonhados porque perceberam que foram usados como massa de manobra, simplesmente sumiram sem indignar-se contra as medidas desastrosas do governo Temer, não dando as caras nem mesmo diante do desabastecimento de combustíveis, que provocou um caos no país. Conseguiram, porém, estigmatizar a camisa amarela da CBF como uniforme de golpista e, por isso, são poucos os que tem coragem de vesti-la para torcer pela seleção brasileira de futebol. E muita gente que saiu às ruas carregando cartazes contra Dilma, em cujo governo o litro de gasolina era R$ 2,69, ficou quieta, escondida, sem protestar contra os aumentos abusivos dos preços dos combustíveis. Alguns imbecis, porém, que continuam anestesiados pelo noticiário tendencioso da mídia, ainda chegaram a culpar os caminhoneiros pela situação do país, inclusive aprovando o ato de Temer convocando as Forças Armadas para o desbloqueio das estradas. Não aprenderam a lição, deixando-se influenciar mais uma vez pelo noticiário da Globo, que pintou os caminhoneiros como os grandes vilões.

Apesar do esforço da mídia em distorcer os fatos, porém, grande parte da população sabe que os verdadeiros culpados pelo caos em que mergulharam o país são Michel Temer, presidente ilegítimo da República, e Pedro Parente, presidente da Petrobrás. Parente, que já deveria ter sido demitido há muito tempo, foi indicado pelo PSDB para dar prosseguimento ao desmonte da Petrobrás iniciado no governo tucano de Fernando Henrique, que só não conseguiu vender a estatal do petróleo, cujo nome tentou mudar para Petrobras, porque o seu mandato expirou antes da conclusão do processo, mas deu o grande passo inicial para a prática do crime de lesa-pátria quebrando o monopólio do petróleo. E outro tucano, José Serra, deu o segundo passo, tirando a obrigatoriedade da presença da Petrobrás na exploração do pré-sal. Não é difícil perceber a estranha obsessão dos tucanos pela destruição da Petrobras, mesmo conscientes da importância da empresa para a soberania do Brasil. Por que Temer resiste em demitir Parente? Porque certamente ele é a peça principal do seu compromisso com os americanos para permanecer no Palácio do Planalto.

O fato é que o movimento legítimo dos caminhoneiros autônomos, prejudicados pelos aumentos abusivos do diesel, foi confundido deliberadamente com os interesses dos empresários de transporte de carga para torna-lo criminoso e oferecer ao governo motivo para o uso da força. O que se observou, porém, a julgar pelo conteúdo de vídeos postados de vários pontos do país, foi que o tiro dado pelo governo Temer saiu pela culatra e os caminhoneiros passaram a pedir uma intervenção militar, desencantados não apenas com o governo mas, também, com o Legislativo e o Judiciário. Um dos caminhoneiros chegou a subir num tanque do Exército e, lá de cima, reivindicou a intervenção dos militares, sob os aplausos da multidão. Um coronel da PM chamou Temer de mentiroso, por ter afirmado que os manifestantes obstruíam as estradas. E o motorista de um caminhão que transporta oxigênio desmentiu a Globo, dizendo que não houve prejuízo para os hospitais porque todos os veículos com essa carga transitaram normalmente sem nenhum obstáculo. Diante desse panorama, tem-se a impressão de que uma intervenção militar ficou mais próxima depois da greve dos caminhoneiros.

Essa ameaça ficou mais palpável por culpa não apenas do desastre do governo Temer mas, também, pelo vergonhoso comportamento do Congresso, que aprovou todas as medidas contra os interesses do país e do seu povo; e do Supremo Tribunal Federal, que se revelou de uma parcialidade escandalosa. Ambos, que foram cúmplices do golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, perderam a confiança da população. A presidenta da Corte Suprema, ministra Carmem Lucia, no entanto, em recente entrevista admitiu ter fracassado em sua tentativa para "pacificar" o país. Quando aconteceu essa tentativa que ninguém sabe? Pacificar o quê, como? Na verdade, ao contrário do que afirmou, o que ela fez foi tocar fogo nos ânimos ao manobrar, nas sessões da Corte, para salvar Aécio Neves e prender Lula, evidenciando a sua coloração partidária. Ainda assim ela disse, sem corar, que "não consegui a pacificação social, pelo menos do que era minha atribuição, mas dei o exemplo de serenidade nos momentos mais difíceis". Serenidade quando? Quando, com o voto de minerva, permitiu a prisão de Lula? É fácil ficar sereno quando os outros é que vão para a cadeia, sem crime. Quem ela pensa que engana?

Por conta de atitudes como essas é que o Supremo perdeu totalmente a confiança da população que, apesar da cortina de fumaça levantada pela mídia, conseguiu enxergar a sua escandalosa parcialidade. Prenderam Lula sem ter cometido nenhuma crime mas, em compensação, libertaram o assassino da missionária Dorothy Stang. Ou seja, para a justiça brasileira o homicídio não tem a gravidade de obras realizadas num apartamento. E o que é mais revoltante: os magistrados sabiam que o apartamento nem pertence a Lula. Sua prisão, porém, que contou com a vergonhosa cumplicidade do TRF-4 e do STF, não tem nenhuma base legal, não passando de mera armação do juiz Sergio Moro para impedir Lula de ser candidato à Presidência da República. E o Judiciário, nos diferentes níveis, foi cúmplice dessa armação. Diante disso, por não confiar mais na Justiça é que parte do povo insiste numa intervenção militar. Se tal acontecer, adeus eleição.

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