Sua dedicação e esforço
estão na essência do que disse Fernando Pessoa, ao literalmente deixar
estabelecido que “O mundo é para quem nasce para o conquistar. E não
para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.” E o
caminho – como já disse aqui em outras oportunidades – cada um deles já
conhece: é o mesmo pelo qual seguiram, com determinação, confiança e
atitude, para chegar até aqui… Basta continuar! Observei que o ano
eleitoral incorpora aos anseios populares a perspectiva de profundas
mudanças no cenário nacional. Especialmente em função de uma realidade
adversa, que joga luz sobre os profundos contrastes, dificuldades e
carências de nossa terra.
A experiência indica,
porém, que não se deve esperar tanto. O poeta e professor emérito da
Unicamp, Carlos Vogt, sobre “Identidade Nacional,” escreveu que o Brasil
é
Terra de contrastes como sempre
Tudo é igual a si e a seu contrário
O temporário segue permanente
E o permanente permanece temporário
Cabe
a nós, da OAB, permanecer atentos e vigilantes em nosso histórico
compromisso institucional para mudar o que for possível, para corrigir
rumos e, muito especialmente, fazer a defesa da constituição e das leis,
do estado democrático de direito e do cidadão. Tudo isso sem perder,
porém, de vista a realidade. Nossa democracia é a mais longeva da
história brasileira, mas ainda é muito recente. E apenas constatações
empíricas respaldam a ideia de que somente o exercício democrático é
bastante para a valorização da democracia.
Para
a professora e autora Fátima Anastasia, isso, contudo, não basta. Para
ela, um dos nossos maiores desafios é a construção da democracia em um
contexto econômico, social e político que ainda é bastante espinhoso
para o exercício democrático. E mais: mesmo tendo avançado bastante
nesse sentido, ainda somos um país com enormes desigualdades, que afetam
as possibilidades da cidadania, especialmente no que se refere à
construção das capacidades individuais. “Os cidadãos são movidos por
preferências e pelos recursos que dispõem. Precisamos achar mecanismos
que possibilitem a tradução de preferências e recursos em capacidades” –
afirma ela.
Mas a professora continua
convencida de que democracia se aprende fazendo. E lembra que pesquisas
mostram que pessoas mais participativas dentro de mecanismos
institucionalizados, ligados ao Poder Legislativo ou ao Executivo,
costumam valorizar mais a participação democrática e a própria
democracia. E a OAB não se afasta de raciocínio semelhante. É de nossa
lavra, por exemplo, a iniciativa de proibir as doações empresariais aos
partidos, pelo potencial de corrupção que embutiam. E mais: insistimos
em inserir a ética no debate político. Estamos nos preparando para
pautar novo encontro dos candidatos, para que assinem compromisso de
manter um comportamento ético na campanha eleitoral.
Vale
lembrar a definição de ética de Mário Sérgio Cortella. Ele diz que
“Ética é o conjunto de valores e princípios que usamos para responder a
três grandes questões da vida: quero? devo? posso? Nem tudo que eu quero
eu posso. Nem tudo que eu posso eu devo. E nem tudo que eu devo eu
quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo
tempo o que você pode e o que você deve. Salientei ainda que, com as
credenciais que os novos advogados acabam de receber, todos passam a
incorporar o direito às prerrogativas dos advogados, estabelecida em
lei.
Como insiste o presidente nacional da
Ordem, Cláudio Lamachia, “as prerrogativas não são meros direitos, mas
sim a garantia de que o advogado pode exercer sua profissão sob qualquer
situação. Elas são sagradas, absolutas, e delas não se pode abrir mão”.
Esse é o compromisso da OAB. O fortalecimento da advocacia é o
fortalecimento da própria cidadania. E nos tornamos mais fortes com a
incorporação da força de cada novo advogado. São todos, portanto, também
por isso, muito bem-vindos.