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CARTA ABERTA AO GOVERNADOR CONFÚCIO MOURA


Governador,
 

Dirigimo-nos respeitosamente à Vossa Excelência para esclarecer o impasse referente à cobrança dos insumos para a preparação do sangue feita pela Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Rondônia (Fhemeron).

Decidimos fazer isto por escrito, através de uma Carta Aberta, porque entendemos que a população precisa saber da verdade sobre o fato e, em particular, dos nossos motivos para reagir com tanta veemência à essa atitude intempestiva, podemos até dizer ditatorial, de uma fundação vinculada ao Estado de Rondônia.CARTA ABERTA AO GOVERNADOR CONFÚCIO MOURA - Gente de Opinião

Não nos delongaremos em esclarecimentos visto que já o fizemos através de nota publicada em alguns sites locais, e em entrevistas dadas a programas de rádio e televisão.

Nos deteremos na parte em que Vossa Excelência entrou em cena. Ou seja, quando foram exauridas as possibilidade de diálogo com a citada fundação. Justamente por esse motivo, representantes do nosso Sindicato e o diretor presidente da Unimed Rondônia, Dr. Robson Jorge Bezerra, estivemos no Palácio Presidente Vargas, onde nos reunimos para pedir sua intervenção pessoal sua com vistas à solução das discordâncias entre nós e a Fhemeron, em particular com seu presidente, Dr. Orlando Ramires.

Excelência, em nenhum momento, a despeito de achamos a lei que preconizou o pagamento dos referidos insumos é inconstitucional, deixamos de concordar em fazê-lo. Todavia, como foi procedido, ferindo frontalmente o Código de Defesa do Consumidor e com preços que  suprimem qualquer possibilidade de comercialização viável para  empresas como as nossas, com fins lucrativos, jamais poderíamos concordar em quitá-lo.

Considerando ser Vossa Excelência um médico de larga experiência tanto clínica como empresarial, visto ter administrado por longos anos hospital de sua propriedade em Ariquemes, achamos que não poderíamos ter um interlocutor melhor qualificado para entender nossas reivindicações. Por isso, de modo claro,  pedimos-lhe que suspendesse as cobranças que nos foram feitas de surpresa pela Fhemeron: não havíamos dialogado suficientemente nem com a fundação nem com os planos de saúde para os quais prestamos nossos serviços e, sobretudo,  não tínhamos informado à população sobre a tal cobrança relacionada ao sangue. Pedimos, ainda, um prazo de 60 dias ajustarmos um acordo com a Fhemeron e , somente depois desse prazo, as cobranças passariam a ser feitas.

A solicitação da suspensão da cobrança prende-se ao fato de sua extemporaneidade e valores. Ou seja: quando a recebemos, os paciente receptores dos hemoderivados transfundidos não se encontravam mais em nossos hospitais, e as contas dos que dispõem e planos de saúde haviam sido enviadas — tínhamos acordado com a fundação, no ano passado, que antes da primeira cobrança chegaríamos a um consenso de valores, e datas que seriam feitas. Assim sendo, não teríamos mais como nos ressarcir daqueles custos elevados cobrados pela Fhemeron. Mais ainda, a cobrança foi feita através de boleto sem as informações complementares previstas no Código de Defesa do Consumidor. Em suma: eivada de equívocos e extremamente danosa a nossa categoria.

Diante dessas explicações, Vossa Excelência prontamente aquiesceu às nossas reivindicações e designou um de seus assessores diretos, Sr. Basílio....., para intermediar um diálogo com vistas a sanar esses óbices com o presidente da Fhemeron. O referido assessor, ao manter contato telefônico conosco dias depois, informou a data e local da reunião e disse que participaria do evento para dizer “olho no olho”(expressão dele!) ao Dr. Orlando o que Vossa Excelência decidira.

Terminado o nosso encontro, o bendizemos pelo senso de justiça em nos atender — mesmo porque jamais passou por nossa mente que agiria diferente! Entretanto, tivemos uma desagradável surpresa quando, no momento do reunião, o presidente da fundação simplesmente  assim se expressou: “Nem me falem em suspender pagamento!”. Essa atitude, por óbvio, gerou revolta nos presentes até mesmo por se sentirem ofendidos uma vez que o tal assessor, ao em vez de fazer o que deveria fazer, passou outra informação ao referido presidente (alegou que chegou atrasado à reunião com o governador, quando foi enfaticamente retrucado).

Diante da confusão que se estabeleceu, o Dr. Orlando encerrou o diálogo e nos prometeu que em quatro dias, após discutir o assunto com seus assessores, encontraria uma solução que não prejudicasse quem quer que seja. Porém, em menos de vinte e quatro horas,  ligou para esta presidência informado que manteria a cobrança como estava sendo feita  enviaria mais um  boleto. Disse apenas que concordaria em dar 60 dias para que iniciássemos o pagamento. Impasse instalado.

Governador Confúcio, depois disso, o Dr. Orlando ainda compareceu a uma rádio local para dar uma entrevista visto que hospitais do interior do estado, por estarem cobrando os tais insumos do sangue que lhes haviam sido cobrados pela Fhemeron, foram contestados por pessoas que tiveram que fazer, pela primeira vez, o tal pagamento — antes, jamais alguém pagou em qualquer hospital particular por hemoderivados.

O resultado disso foi um grande campanha que se lastra a cada dia pelas redes sociais,onde doadores dizem claramente que não mais doarão sangue na Fhemeron enquanto perdurar essa cobrança. O que mais temíamos, aconteceu. Por isso, no dia seguintes fomos à mesma rádio onde o médico havia dado entrevista para contestá-lo. Aí, lamentavelmente, foi tarde de mais. A campanha continua, numa preocupante crescente.

Soubemos que nesta segunda-feira Vossa Excelência terá um encontro com o presidente da fundação para decidir sobre o assunto. Esperamos que não se deixe levar por meias palavras. Seu governo, lamentamos, foi maculado por uma pecha que jamais deveria ocorrer num governo de um médico que tem sua história. Há, entretanto, tempo para revertem a situação.

Ainda temos esperança que o bom senso norteia sua decisão para que juntos possamos fazer uma ampla campanha esclarecedora conclamando aos doadores de sangue que continuem doando  e que a eles novas pessoas possam se juntar nesse ato maior de solidariedade humana.

É o que o povo de Rondônia espera de Vossa Excelência.

Rafael Augusto Freitas Oliveira

Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de
Saúde do Estado de Rondônia (Sindessero)

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