Sexta-feira, 14 de dezembro de 2018 - 11h41
De
toda a herança moral que herdamos, a de maior força é com certeza o sobrenome
que ostentamos e que passamos aos nossos filhos: No meu caso refiro-me à
família ‘Castiel’. Trata-se de família pioneira, que aportou no provinciano
Território Federal do Guaporé na década de 1940. Família de origem judaica,
obrigada a fugir da diáspora espanhola, saiu de Marrocos e refugiou-se na
longínqua Amazônia brasileira. Castiel, mesmo sobrenome que, pelo matrimônio
com meu tio, Raphael Jayme Castiel, foi assumido por um dos maiores personagens
da história cultural e política – primeira mulher a eleger-se parlamentar em
Porto Velho – e da educação em Rondônia, a professora Marise Magalhães Costa Castiel,
que, se ainda entre nós estivesse, estaria completando cem anos de vida.
Honra-me
ver que desse prestigiado ramo de nossa família, fundado por meu pai e tios
Raphael e Marise, brotaram talentos em áreas diversas, bem representados e com
maior expressão em minhas primas, Mariza, Enid e Sandra Castiel, que, a exemplo
de sua mãe, abraçaram o sacerdócio da educação. Muitos outros personagens, não
menos importantes, compõem o clã Castiel em diversas áreas de atuação
profissional (precisaria de espaço para nominá-los). Meu tio Raphael e minha
tia Marise, se vivos ainda fossem, com certeza contemplariam com orgulho e
alegria a prole com que Deus os abençoou.
Nosso sobrenome é de origem judaica, disseminado
especialmente no ramo sefaradita (ibérico na linguagem hebraica) dos
israelitas. E remete aos judeus que emprestaram seu talento financeiro ao
fortalecimento das coroas que viriam a se reunir séculos mais tarde no que hoje
se conhece como Espanha. Castiel significa
“escudo de Deus”. É o nome de um arcanjo, segundo a cabala judaica. Como
escudo, o nome denota a intenção de proteção. Sendo de Deus, reflete a sua
condição privilegiada de exercer uma função divina. Não sou versado em cabala,
mas, olhando para a história de minha família, vejo que essa definição faz todo
sentido.
Meu tio Raphael, juntamente com meu pai,
Samuel Moisés Castiel, chegou a estas paragens do poente na década de 1940,
trazendo na bagagem basicamente a esperança e um jeito já assumidamente
amazônico de viver a fé judaica: sem sinagoga, sem sectarismos, mas com uma
relação simples, direta e autêntica com Deus. Sua integração à comunidade que
elegeu para nela viver lhe valeu, dentre outras expressões públicas, ser
prefeito de Porto Velho em um momento crucial da história política brasileira,
sendo deposto do cargo e preso pelo regime de exceção que se instalou em 1964.
Inegavelmente habilidosa politicamente,
sua esposa Marise viria a dar “a volta por cima”, militando no partido de
sustentação do governo que se instalara, a Aliança Renovadora Nacional (Arena),
pelo qual foi a primeira mulher a ser eleita para a Câmara Municipal de Porto
Velho, em 1976. Conciliou a atuação política com sua dedicação à educação,
dirigindo essa pasta nos governos do então Território Federal.
Emblema do respeito mútuo entre pessoas
que um dia contraíram os laços do matrimônio, a harmônica convivência entre meu
tio Raphael e tia Marise os manteve sempre próximos. Prova disso é que tia
Marise jamais abdicou de permanecer com o sobrenome adquirido pelo casamento,
antes o honrando e o fazendo desfrutar de uma figuração privilegiada na
história desta nossa Rondônia.
O centenário da Professora e Educadora Marise
Castiel é mais uma oportunidade para reverenciarmos o passado, homenagear
aqueles que chegaram primeiro por esses inóspitos rincões e prepararam o
caminho para os que hoje vivem segura e confortavelmente uma vida bem mais
fácil que outrora!
Que o
centenário de Marise Castiel, para nós rondonienses, seja o início do resgate
de relevantes acontecimentos políticos, históricos e culturais de nossa gente,
afinal "Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história
está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado”
(Professora e historiadora Emília Viotti da Costa).
Seu
centenário é efeméride cuja comemoração há de irradiar-se nos diversos campos
em que atuou. O Estado de Rondônia e, sobretudo, a capital Porto Velho muito
devem a essa expoente figura, seja na área da educação, seja na política, seja
mesmo no que de mais singular há em sua biografia e a revela uma mulher sempre à
frente de seu tempo, pois foi ela fundadora de uma escola de samba, a Pobres do
Caiari, pelo que será merecidamente homenageada no carnaval que se avizinha. E
tenho certeza de que meu tio Raphael, se vivo ainda fosse, estaria na comissão
de frente, saudando o povo e pedindo passagem para o enredo que ajudou a
escrever e que teve como principal alegoria o amor, que se converteu em
fraterno, e o respeito por tia Marise enquanto respirou.
David Castiel, natural de Porto Velho,
advogado e pequena parte deste enredo.
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