Domingo, 21 de maio de 2017 - 00h01
Dom Sérgio Eduardo Castriani
Arcebispo de Manaus (AM)
Me sugeriram que escrevesse sobre a situação em que vive hoje o Brasil. Confesso que é difícil expressar minha opinião mesmo porque não a tenho. Como Igreja sinto-me representado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, que aqui e acolá emite notas sobre assuntos polêmicos. Mas sinto falta de uma análise mais global que me convença e sobretudo de alternativas. Algumas perplexidades tem surgido e partilho com meus leitores.
Causa-me estranheza a insistência de nossos deputados e senadores em diminuir o território de algumas unidades de conservação do Sul do Estado do Amazonas. Em tempos de Campanha da Fraternidade, que insiste na defesa da vida e lembra que a preservação dos biomas é fundamental, me parece que nossos representantes estão na contramão da história. As reservas, tanto as extrativistas como as de desenvolvimento sustentável, foram uma solução genial para dar condições melhores à vida aos ribeirinhos. Ainda não se explorou toda a potencialidade dos planos de manejo para um desenvolvimento sustentável, e muito menos se conhece toda a riqueza que pode significar a biodiversidade da nossa floresta em pé. Não me parece que estejam fazendo a defesa de quem vive na região, de quem tem uma história e produziu uma cultura de convivência com a natureza e que pode ser fonte de espiritualidade e de vida. Olhar só o lucro imediato e que nem mesmo é repartido entre todos demonstra uma visão da humanidade e da realidade que está longe do Evangelho. Investir na pesquisa para conhecer os segredos da floresta seria o caminho.
Outra contradição é a que vemos na tão falada reforma da Previdência. A impressão que se tem é a de que os pobres vão pagar a conta. Teríamos aqui uma grande oportunidade de criar mecanismos que possibilitassem uma melhor distribuição das riquezas, garantindo vida digna para todos os da terceira idade ou portadores de deficiência. Mas não se tem coragem de atacar privilégios que garantem aposentadorias nababescas a uns poucos. Tudo se resume a tabelas e cálculos. Outra situação que clama aos céus é ver os privilégios dos que fazem parte do poder e tem direito legal a reajustes e auxílios, quando grande parte do povo caminha para a miséria.
Estamos empobrecendo e é difícil entender o porquê. O que falta para que aqueles que tem capacidade de investir, invistam? Outra situação que desafia o senso comum é a operação lava jato. Quem são de fato os criminosos e que crime cometeram? Será que vai todo mundo para a cadeia? Não menos grave é a falta de segurança. Tenho acompanhado nas últimas semanas crimes que atingiram pessoas e famílias muito próximas. Tenho a impressão de que estamos nos tornando uma sociedade enraivecida e medrosa, o que é triste e perigoso.
Em meio a toda esta confusão a quaresma vem propor três caminhos: oração, jejum e esmola. Oração para discernir a vontade de Deus em tudo isto. Jejum para ficar no essencial. Esmola para criar solidariedade e partilha. O paradigma da quaresma é o êxodo e a caminhada no deserto, onde a fidelidade ao projeto de Deus é posta a prova. Mantenhamos a calma e reafirmemos convicções e valores nestes tempos em que parece que todos andam errantes.
Fonte: CNBB
25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril
A narrativa do 25 de Abril tem sido, intencionalmente, uma história não só mal contada, mas sobretudo falsificada e por isso também não tem havido
Tive acesso, sábado, dia 16 de novembro, a uma cópia do relatório da Polícia Federal, enviado pela Diretoria de Inteligência Policial da Coordenaçã
Pensar grande, pensar no Brasil
É uma sensação muito difícil de expressar o que vem acontecendo no Brasil de hoje. Imagino que essa seja, também, a opinião de parcela expressiva da
A linguagem corporal e o medo de falar em público
Para a pessoa falar ou gesticular sozinha num palco para o público é um dos maiores desafios que a consome por dentro. É inevitável expressar insegu