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Democracia em crise devida ao comportamento do poder económico-político e à informação digital pioneira de novos caminhos


António CD Justo - Gente de Opinião
António CD Justo

Sofrimento individual e social como Sintoma de má Governação

 

O Relatório da EIU Índice de Democracia 2023 (1) mostra que menos de 45,5% da população mundial vive numa democracia e apenas 7,8% dela tem uma "democracia plena" que garante não só eleições e separação de poderes, mas também outras liberdades e direitos sociais. 40% da humanidade vive sob um regime autoritário.

As populações dos países europeus e, com elas a democracia, sentem-se inseguras e vêem-se ameaçadas a vários níveis: individual, cultural, económico, tecnológico e ideológico...

A nossa personalidade passa a ser determinada por interesses alheios e, assim, contra a originalidade individual própria e contra a singularidade característica de cada ser humano. Sobretudo hoje em dia, a influência da sociedade em nós mesmos adoece-nos porque nos desilude connosco próprios e nos aliena de tal forma que já não vivemos nós próprios, passando a sociedade a viver em nós e isso cria nas pessoas um sentimento de solidão e de abandono.

Somos treinados para nos enquadrarmos em grupos políticos ou sociais e a desistir da nossa identidade pessoal para passarmos a assumir a máscara deles e, com elas, podermos assim negar ou demonizar a identidade dos outros e deste modo, passarmos indiretamente, a negarmos também a própria e deste modo ignorar a própria dignidade e a dignidade dos outros. Isso cria inquietação em nós, e essa inquietação já social, é um verdadeiro aviso interior: uma dor de alerta para estarmos vigilantes e nos distanciarmos das propagandas. Porém, o fatídico é que nos deixamos guiar por aqueles que nos tornam inseguros e deste modo nos adoecem!...

Por isso um método importante para nos defendermos é darmos mais valor a nós próprios através da reflexão que leva ao verdadeiro conhecimento de si próprio. Neste sentido, se pretendermos preservar a nossa integridade pessoal, saúde e paz, torna-se importante um estratégico distanciamento da sociedade política de modo a observá-la como se se tratasse de assistir a um espectáculo de circo ...

Política e socialmente, de uma maneira geral, só somos estimados e percebidos se renunciamos à nossa própria identidade pessoal em benefício de máscaras exteriores, da política, do poder dos outros, de modo a vivermos dentro de um colectivo mas sem comunidade!...

E tudo isto à custa do que é mais importante em nós mesmos: a renuncia à singularidade da pessoa (selbst) que somos e sua inerente dignidade.!...

Ao tomar-se consciência de como os interesses do poder funcionam e são aplicados, surge uma desconfiança geral não infundada de sermos doutrinados no sentido de o que vale é a agressão/divisão nas sociedades de uns contra os outros e não a colaboração, aquela estratégia que possibilitou o verdadeiro desenvolvimento da humanidade. 

Esta atitude de exclusão (que mostra a contradição entre os interesses do povo e das elites) foi particularmente evidente na sociedade alemã e francesa e suas elites depois do governo da Pandemia Covid 19 e do início da guerra na Ucrânia. A partir daí  as elites europeias revelaram os verdadeiros interesses que se encontram nas governações mediante a estratégia comum usada de apresentarem não os factos mas a interpretação deles, através dos meios de comunicação, como sendo a interpretação ad hoc a verdadeira realidade (a realidade pós-fática), e assim manterem as populações do  seu lado...

Ao fazê-lo, identificam o sistema democrático com os seus próprios interesses de elite como se fossem eles próprios o Estado ou a Democracia em pessoa ao lutarem unicamente contra os sintomas fracos da sociedade que as próprias elites criaram nomeadamente: Chega, AfD, Le Pen, Giorgia Meloni, comunistas, etc., quando estes poderiam ser tomados como indicativo da necessidade da correcção da política ideologicamente  globalista e de economia liberalista unilateral seguida até aqui...

A opinião de que a Alemanha tem “uma democracia robusta” só existe porque a elite dominante (a esquerda governante em Berlin) conseguiu afirmar de forma muito esperta e disfarçada os seus próprios interesses em massivas manifestações populares. Como correctivo importante na Alemanha, revela-se uma parte vigilante da população que obriga os governantes a ter em conta os interesses conflituantes que se manifestam na sociedade. Porém na Alemanha a imprensa e os governantes dão mais interesse e espaço a palavras provocantes de extremistas da direita (AfD), pelo facto de serem concorrentes do arco do poder, do que a brutalidades e assassínios em plena rua praticados por extremistas islâmicos. Além disso, os partidos do governo sabem muito bem que os muçulmanos que têm a nacionalidade alemã votam neles. E já é possível adquiri-la passados três anos de estadia...

Na verdade, se olharmos para a situação da população mundial, temos de compreender que as pessoas mais pobres da nossa democracia são também as que mais têm a perder se a democracia enfraquecer, mas a política e a economia manifestam-se mais interessadas na afirmação do poder do que da democracia...

Um factor confortável e beneficiador da uma democracia mais democrática são as novas tecnologias virtuais (também as redes sociais, tão combatidas pelo poder estabelecido consciente de que possuir o monopólio da informação é garantir o poder e ter o povo na mão). A bandeira das principais instituições e grupos de interesse será cada vez mais moldada pelo povo. A democracia é complexa, mas não tem alternativa e continua sempre a ser um processo individual e social muito dependente da política de informação dado a informação ser a base da formação da consciência social. Este é um ponto nevrálgico que exige especial vigilância do cidadão.

Os slogans “aberto à diversidade – fechado à exclusão” perdem toda a base democrática se forem aplicados à custa da cultura maioritária e forem dirigidos contra ela no sentido de servirem só interesses económicos contra o bem-comum das populações. A vigilância em relação ao poder político e à defesa da democracia deve partir de baixo, primeiramente da sociedade civil. As elites parecem querer ignorar que o povo não é tão ignorante como parece e com o tempo pedir-lhes-á contas...

Todos nós, seja na Europa, na América, na China ou na Rússia, estamos desafiados a escolher entre o Diabo e Deus, tendo ao mesmo tempo de assumir que Deus e o Diabo estão presentes em todo o lado e até em nós, embora, muitas vezes, de maneira muito discreta. Trata-se de descobrir e promover o gene divino que se encontra em cada pessoa e de o fazer valer como ele se expressa de nascença em cada pessoa. Papel do “Diabo ou Demónio” (“entidade intrigante”) é colocar uns contra os outros para poder ter poder sobre eles......

 

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo e nota em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9306

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