Quarta-feira, 22 de maio de 2024 - 12h02
A persistência é uma das
qualidades que eu mais admiro no ser humano. Tem gente que não desiste de jeito
nenhum de lutar por seus ideiais, ainda que as evidências apontem na direção de
uma tremenda derrota. E essa parece ser uma característica do ex-ministro José
Dirceu. Condenado a oito anos, dez meses e 28 dias, por corrupção passiva, no
âmbito da Operação Lava Jato, o petista ganhou mais uma na Justiça. Que
maravilha! O rei e a vassalagem estão em festa.
Possivelmente, outra pessoa no
lugar de Dirceu teria desistido no meio do caminho, jogado a toalha, deixando-se
dominar pelo desânimo, como geralmente acontece quando nos deparamos com algum
obstáculo em nossa jornada, menos, é claro, o Zé. Ele não desistiu, foi à luta
e, hoje, pode comemorar mais uma vitória ao lado de seus familiares e amigos.
Garanto que o local preferido pelo
petista será um daqueles restaurantes caros de Brasília, provavelmente, o mesmo
que ele escolheu para festejar um de seus aniversários. Se o presidente Lula
não conseguiu dormir direito com a imagem de um cavalo em cima de um telhado em
meio às enchentes no Rio Grande do Sul, agora tem mais um motivo para passar a
noite acordado comemorando a vitória do “companheiro”.
Difícil imaginar que alguém da
linhagem moral de José Dirceu tenha intermediado alguma negociação fora dos
padrões éticos. Por isso, não são poucos os que consideram injusta sua
condenação. Fato é que Dirceu foi condenado. Mas isso ficou no passado. Não se
fala mais sobre esse assunto. A partir de
agora, ele disse que vai começar a preparar o terreno para retornar à Câmara
dos Deputados. Sua vitória, segundo Dirceu, seria a consagração de uma
trajetória de luta em defesa do Brasil e da sua gente mais sofrida, pois é
assim que as coisas funcionam por aqui. Não, evidentemente, para “todos e
todas”, mas para uma minoria de sortudos como Zé Dirceu.
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