Domingo, 21 de novembro de 2010 - 21h03
HELDER CALDEIRA
A dinâmica do universo do poder político é a mesma da selva: há os caçadores, assassinos sanguinários que vivem a matar; e há um vasto número de criaturas que subsistem do que os outros caçam. Estes últimos, em geral, são ineptos na arte de criar e manter o poder. No entanto, aprendem cedo que sempre encontrarão outro animal para fazer o trabalho por eles. Assim funciona a engrenagem do Congresso Nacional: os maiores se digladiam na caça e os menores ficam como urubus aguardando a refeição. É a velha história da galinha cega que é seguida de perto pela galinha sã: enquanto uma cisca sem parar e sem saber o que está achando, a outra, sorrateira, poupa os pés e ganha comida de graça e sem esforços.
Enquanto PMDB e PT se estranham pelo direito às presidências da Câmara e do Senado, rivalizando diretamente com o PSDB, os partidos menores seguem cochichando pelos cantos escuros do Congresso. O que eles querem? Simples: os partidões estão de olho nas presidências, mas elas são só cargos majoritários de uma Mesa Diretora e que exige uma composição com outros 10 parlamentares em cada uma das casas legislativas. E esses outros 20 cargos nas Mesas são bastante rentáveis. Ganham um adicional na chamada “verba de gabinete” e cada parlamentar tem direito a contratar um maior número de funcionários com altos salários, além de salas maiores, carros e apartamentos funcionais melhores e um aumento substancial nas cotas de impressão gráfica e de remessas postais. Isso sem contar a fama gerada no estado de origem por estar ocupando uma 2ª vice-presidência ou uma 4ª secretaria da Mesa Diretora.
Assim sendo, a presidência é disputada pelo poder e status de comandar as Casas, bem como de estar na linha direta de sucessão do presidente da República, seja por ausência ou morte. Todos que ficam abaixo dela querem apenas saracotear na boquinha e na mamata dos cargos da Mesa Diretora. É impressionante como a ambição pelo status é capaz de fazer dos nossos políticos grandes idiotas. PT, PMDB e PSDB topam, tranquilamente, protagonizar o espetáculo no papel da galinha cega e, enquanto ciscam o terreiro de olho na cadeira de espaldar alto, os malandros diminutos seguem aparecendo nas fotos, rebolativos de desejo de sentar nas cadeiras menores. Coisas de Brasília...
Essa malandragem dos congressistas faz-me lembrar uma antiga história africana, uma fábula do Zaire (atual República do Congo). Um dia, a tartaruga encontrou o elefante e este exigiu que ela saísse de seu caminho, sob pena de pisoteá-la. A tartaruga nem ligou e deixou que o pesadão tentasse esmagá-la, o que não aconteceu. A pequena, então, bradou: “Tá vendo, senhor Elefante, eu sou tão forte quanto o senhor!” O elefante riu e aceitou o convite da tartaruga para conhecer a montanha em que morava e onde provaria a ele sua tese de equivalência de forças. Lá chegando, a tartaruga deixou seu convidado e desceu pelo outro lado, indo ao rio, onde encontrou o hipopótamo.
A tartaruga provocou: “Senhor Hipopótamo, vamos brincar de cabo de guerra? Aposto que sou tão forte quanto o senhor!” O hipopótamo riu da esdrúxula proposta daquele pequeno ser, mas aceitou o desafio por puro deboche. A tartaruga, então, trouxe uma corda bem comprida e pediu para que seu rival segurasse-a com a boca e só puxasse quando ela gritasse “Agora!” Saiu dali, subiu imediatamente a montanha com a outra ponta e fez ao elefante a mesma proposta de brincar de cabo de guerra, deixando-o apenas no aguardo de seu sinal. A tartaruga desceu metade do caminho, até um lugar onde não pudesse ser vista, e gritou: “Agora!” O elefante e o hipopótamo puxaram e puxaram muito, mas um não conseguia tirar o outro do lugar. Espantados, cada um findou por concluir que, de fato, a tartaruga era tão forte quanto eles. Feliz e matreira, ela seguiu sua vida gozando a fama de poderosa que tanto o elefante, quanto o hipopótamo, se encarregaram de espalhar.
Esse é o nosso Congresso Nacional: enquanto os partidões seguem no cabo de guerra para ver quem pode mais, os menores vão fazendo suas festas, seus projetos individuais, onde vão bailar com um monte de sanguessugas, cupinchas de seus currais eleitorais, e seus altos salários que nós somos obrigados a pagar. Enquanto elefantes e hipopótamos vão construindo a fama, a tartaruga é quem deita na cama.
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