Segunda-feira, 1 de abril de 2019 - 09h40
Em Portugal, uma câmara socialista em 100 vagas colocou 27 familiares em funções públicas (1); isto é um índice significativo do que acontece também no poder central. O executivo de António Costa também tem dois ministros da mesma família (2).
O Jornal Económico (3) informa que o Governo Geringonça tem mais de duas dezenas de parentescos. Cada vez se tem mais a impressão que critérios relevantes de selecção são amigos e familiares.
Num governo Geringonça em que toda a Esquerda se sente à vontade e numa República com um PR que, em muitos casos, se contenta com a atitude do “Maria vai com as outras”, o país não tem hipótese, continuando cada vez mais na mesma. O maquiavelismo puro, aliado ao cinismo descarado de muitos ocupantes responsáveis do Estado, faz parte da prática republicana portuguesa, tornando-se natural e determinante num país em que o espírito clubista abafa a razão e despersonaliza o cidadão. O discurso objectivo político é substituído por um arengar clubista de que “o meu clube é que faz bem e é o melhor”.
Em França, em 2017 foi aprovada uma lei anti-nepotismo no funcionalismo, em Portugal o nepotismo é lei na medida em que muitos dos nossos políticos o aceitam e legitimam. Os nossos deputados limitam-se muitas vezes a dançar ao ritmo da música dos governos.
Nalguns meios da opinião pública há quem se escandalize especialmente com a quantidade de familiares de personalidades de partidos da esquerda em cargos políticos e administrativos do Estado. Parece que ainda não notaram a natureza do marxismo que aposta na colocação dos seus adeptos no aparelho do Estado e nos resorts da Educação; a direita tende mais a ocupar os campos da economia. Uns vivem mais da produção, outros vivem mais do seu controlo e da administração!
Em Portugal confunde-se família política com política familiar e política partidária com política nacional! Os senhores regentes sabem que podem contar com o poder normativo do factual, por eles criado, porque este é confirmado pelo povo nas eleições. A Geringonça sabe que governa um povo cego e por isso não se preocupa em abusar dele; partem do princípio de que o povo é fraco e não nota! Vivemos num Estado sem emenda e com um Presidente da República que, embora de trato muito humano e popular, nada nota porque é perito em fazer uso do mecanismo clubista português; a corrupção política é trunfo e para se ser neutro não se combate a corrupção e para se lavar as mãos, como Pilatos, basta legitimar o próprio mal com os males dos adversários. Assim se vão sucedendo os governos uns aos outros vivendo cada um do falar mal dos outros; assim temos um Portugal alegre a marcar passo e a olhar para a bandeira do seu “clube”! Cada vez avançamos mais para uma cultura política em que o que vale é a conversa fiada ou cínica, servindo-se alguns até, para justificar tal comportamento, da ideia de que somos um país pequeno. É o cúmulo da insolência!
Podíamos ser um país pequeno, mas grande como a Suiça! Não o somos porque nos contentamos em ser um povo de clubismos e de amiguinhos.
Ninguém bate o PS em questões da prática do favoritismo de familiares ou amigos na atribuição de cargos ou privilégios por parte de um detentor de cargo público.
Boa noite Portugal!
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=5363
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