Terça-feira, 14 de abril de 2020 - 19h53
Para além dos empréstimos bilionários que tem um potencial de gerar
novos tarifaços, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai
propor o uso de recebíveis de fundos setoriais para socorrer o setor
elétrico dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. A ideia é utilizar
recursos de taxas de pesquisa e desenvolvimento, eficiência energética e
de fiscalização para minimizar o impacto dos financiamentos nas contas
de luz. Os cálculos da Aneel estimam que esses fundos tenham R$ 23
bilhões nos próximos cinco anos. Uma nota técnica com as propostas deve
ser enviada pelo órgão regulador ao Ministério de Minas e Energia (MME)
entre hoje e amanhã.
Os diretores da Aneel não são contra o
empréstimo, segundo apurou o Broadcast, mas querem encontrar outras
alternativas para evitar que o custo da crise recaia unicamente sobre o
consumidor. O último financiamento para as distribuidoras, firmado em
2014 e 2015, somou R$ 21 bilhões, elevou a tarifas em 6% por cinco anos e
somente foi quitado em setembro do ano passado.
O desconforto
com a pressa do governo em firmar o empréstimo foi exposto durante
reunião pública da diretoria da Aneel na manhã desta terça-feira, 14. O
diretor Efrain Pereira da Cruz disse que a crise está afetando todos os
segmentos econômicos, e não apenas o setor elétrico. “O momento é de
união. Não a união de poucos para colocar no colo de muito poucos. É a
união do setor elétrico para se pensar de forma sustentável, uma solução
maior, robusta, de que todos participem”, afirmou. “Agora não é momento
de ganhar, mas de perder menos.”
As alternativas mencionadas
pelo diretor focam na securitização dos recursos pagos pelos
consumidores por meio das tarifas - taxa de Pesquisa e Desenvolvimento
(P&D), taxa de eficiência energética (EE) e Taxa de Fiscalização dos
Serviços de Energia Elétrica (TFSEE) - a exemplo da proposta de
empréstimo. “São fundos que os próprios consumidores já pagam”, afirmou.
“Vamos raspar o tacho.”
Segundo Efrain, a TFSEE, taxa criada para sustentar os gastos da Aneel, tem um total de
R$
4,7 bilhões represados. Historicamente, os recursos têm sido utilizados
pelo Tesouro Nacional para contribuir com o resultado primário. Já os
fundos de P&D e EE teriam R$ 18 bilhões em recebíveis nos próximos
cinco anos. “Por que não utilizar esses recursos para salvar o setor
elétrico e proteger o consumidor de uma pressão tarifária lá na
frente?”, questionou.
O diretor disse que o governo Jair
Bolsonaro não pode repetir modelos anteriores, utilizados na gestão da
ex-presidente Dilma Rousseff, que editou a Medida Provisória 579/2012 e
autorizou um empréstimo bilionário para as distribuidoras em 2014
lastreado nas tarifas. Ambas as propostas causaram um tarifaço de 50% em
2015.
“Esse modelo não se mostrou nem de longe viável. Lá na
frente, é uma solução perversa, que traz um ambiente de tarifas altas.
Não podemos pensar em entregar um reajuste de dois dígitos. Não cabe, o
consumidor não aguenta mais. A responsabilidade da agência é o
equilíbrio”, afirmou o diretor.
De acordo com Efrain, os recursos
ajudariam a aliviar as distribuidoras no curtíssimo prazo. Segundo ele,
o setor arrecada R$ 20 bilhões por mês. Se inadimplência atingir 20%, o
setor deixaria de receber R$ 4 bilhões por mês, totalizando R$ 12
bilhões em três meses. O dinheiro também aliviaria uma perda de mercado
estimada em 20%, disse ele. “Pode ter mais? Pode. Mas temos um horizonte
de taxas de curtíssimo prazo para salvamento imediato”, afirmou.
Solução com toda a cadeia
Efrain
destacou ainda que os efeitos e a duração da crise são desconhecidos e,
caso ela se aprofunde e se prolongue, é preciso pensar em uma solução
em que toda a cadeia do setor elétrico contribua, incluindo geração,
transmissão e distribuição.
“Se o montante a ser absorvido pelas
distribuidoras for muito grande, se não puder ser suportado no ambiente
das distribuidoras, teremos de criar um modelo sustentável”, afirmou.
“Não podemos ter uma solução em que a balança penda sempre para o lado
que sempre pendeu. Não creio que seja uma solução justa.”
Efrain
disse ainda que o setor elétrico não vai passar incólume à crise e que
não é possível “blindar contratos e segmentos”. “Criar um modelo que
traga efeitos perversos somente para o consumidor não é a melhor
alternativa. É inadmissível pensar dessa forma. Esse é um modelo a se
combater”, disse.
Itaipu
Efrain lembrou ainda que o
governo pode contribuir por meio de Itaipu. Segundo ele, 60% da tarifa
paga à usina binacional serve para amortizar a dívida para sua
construção, algo que poderia ser reavaliado, na avaliação dele. “Podemos
trabalhar isso para amenizar o impacto tarifário no ano que vem”,
afirmou. “É hora de o Tesouro olhar o setor elétrico e ajudar.”
Em
apoio à fala de Efrain, o diretor Sandoval de Araújo Feitosa disse que a
solução mais rápida sempre tem um custo. Ele lembrou que a Aneel
trabalha de forma colegiada e que é esperado que o órgão regulador dê
sua contribuição para conter os efeitos da crise. “A posição da agência é
a de minimizar os impactos para o consumidor”, afirmou.
A
diretora Elisa de Bastos Silva afirmou ainda que a agência quer
tranquilizar o setor e mostrar que está agindo para buscar uma solução
integrada e responsável, na busca dos melhores resultados.
Desconfortável,
o diretor-geral da Aneel, André Pepitone disse que as discussões da
agência devem ser feitas “intramuros”. Ele defendeu ainda a manutenção
de contratos, que, segundo ele, são a base da segurança jurídica do
setor. “Não podemos incorrer em tarifaço, como no passado, mas a solução
precisa mitigar riscos jurídicos”, afirmou. “Se isso não for assegurado
de maneira correta, as tarifas seriam ainda mais altas.”
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