Segunda-feira, 1 de julho de 2019 - 16h52
O deputado estadual Ismael Crispin
(PSB), mesmo em recesso parlamentar, apresentou requerimento, que será lido na
primeira sessão ordinária no retorno das atividades da Assembleia Legislativa,
pedindo aprovação de “Voto de Repúdio” ao grupo Energisa pela forma
desrespeitosa e arbitrária que trata a população do Estado, e a Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), pela redução de apenas 7,43% de desconto
na conta de energia em Rondônia.
De acordo com o parlamentar, a empresa
faz parte de um dos principais grupos privados do setor elétrico do Brasil, e o
quinto maior em distribuição de energia do país, atuando em 862 municípios
brasileiros. Tem na distribuição de energia elétrica a base principal,
atendendo cerca de 7,7 milhões de clientes, alcançando aproximadamente 20
milhões de pessoas em todo território nacional. “Apesar de toda sua estrutura,
ainda não aprendeu a fazer a lição de casa que é a eficiência no atendimento
dos consumidores”, alertou Crispin.
Segundo ele, os cortes de energia
elétrica continuam frequentes e sem qualquer critério, a ponto de não respeitar
a Lei estadual 1.783/2007, que proíbe as empresas concessionárias de cortar o
fornecimento às vésperas de feriados e finais de semana.
Além disso, o deputado Crispin questiona
ao valores absurdos que são cobrados nas contas da população, como foi o caso
do comerciante de São Miguel do Guaporé, que descreve ter pago a primeira conta
de luz no valor de R$ 8.825, já no mês seguinte a conta subiu para R$ 11.635,
diante disso, o comerciante entrou em contato com a concessionária e enviou um
relatório listando os objetivos dentro do estabelecimento que precisam de
energia para funcionar, e solicitou a troca do relógio medidor, pois suspeitava
estar com problemas. Ele não foi atendido e ainda recebeu a terceira conta de
R$ 7.330.
O comerciante pagou as duas contas
menores e aguardou um posicionamento da empresa, mas para a supressa, no dia 21
de junho, uma sexta-feira, as 17 horas, funcionários da Energisa cortaram o
fornecimento de energia.
“Esse pequeno comerciante teve muitos
prejuízos, pois os produtos perecíveis se perderam. Esta empresa faz um
enfrentamento aos poderes constituídos em Rondônia, não só ao cidadão comum e
os pequenos empresários, que geram emprego e renda”, frisou o Ismael.
O deputado informa que é de conhecimento
público que a ANEEL, após inúmeras pressões de autoridades de Rondônia, decidiu
reduzir em 7,43% o reajuste concedido à Ceron em dezembro de 2018 e que
aumentou as contas de luz em 25,34% em abril de 2019.
Esse fato, relata o parlamentar, gerou
uma intensa revolta em todos os setores da sociedade, pois o aumento já é
considerado o maior reajuste concedido nas últimas décadas, e ocorreu pouco
mais de 30 dias após a Energisa assumir o controle da CERON.
Ismael Crispin pontua que não tem
justificativa o tratamento que a Energisa e a própria ANEEL dão ao povo de
Rondônia, pois as usinas instaladas no Rio Madeira geram duas vezes o consumo
de todo Estado, sendo limitada apenas pelo problema da distribuição, não
permitindo o fornecimento 100% eficiente. Só a Hidrelétrica de Jirau opera com
50 unidades geradoras, proporcionando ao país 3.763 MW de energia elétrica, que
é superior à potência nominal da Usina, de 3.750MW, representando cerca de
11,43% da geração hidráulica do Sudeste e do Centro Oeste do País, abastecendo
mais de dez milhões de residências. “Esta energia limpa e renovável atende
cerca de 40 milhões de brasileiros, contribuindo diretamente para o
desenvolvimento sustentável do Brasil”, defendeu.
Ao evidenciar ainda mais o problema, o
parlamentar destaca que Rondônia sofreu e sofre com a falta de investimento tão
propagados quando do processo de instalação das Usinas do Madeira. “Esses
investimentos foram ínfimos, principalmente no reparo das questões estruturais
e sociais da Capital. A contribuição energética foi excelente, inclusive para
nosso Estado, mas os impactos socioeconômicos e ambientais foram maiores”.
Gastos com as usinas
Ismael Crispin afirmou que o dinheiro
gasto nas usinas soma mais de R$ 36 bilhões e contaram, inclusive, com
financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
sendo R$ 1,14 bilhão financiados pelo Banco da Amazônia (BASA), com recursos do
Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e do Fundo de
Desenvolvimento da Amazônia (FDA)
Danos ao Estado
Segundo o parlamentar, alguns investimentos
realizados na região, como a abertura de estradas durante a construção de
usinas, provocou uma explosão de impactos ambientais, sociais e econômicos,
especificamente em Porto Velho, com fluxos migratórios desordenados, má
utilização de recursos naturais, desocupação de terra desestruturada e
desentendimentos devido a posse de terra e seu uso.
Culpa nas Cheias
O requerimento aponta que o Ministério
Público Estadual e Federal, concluíram através de estudos em 2014, que as
Usinas de Jirau e Santo Antônio têm influência nas cheias em Rondônia,
inclusive no país vizinho, Bolívia, devido, principalmente a grande quantidade
de sedimentos no Rio madeira.
Ao encerrar o pedido, o deputado afirma
que os danos são muitos e insanáveis para Rondônia. “Não aceitamos apenas 7,43%
de redução final, efetivado em abril deste ano. É insuficiente para os danos
que, certamente, não poderão ser reparados. Rondônia é um produtor de energia
elétrica para todo país, não merecendo, definitivamente, este aumento absurdo
nas contas de energia, e exigimos não apenas 7,43%, mas sim, o aumento justo e
real aplicado em todo os demais estados da federação”, finalizou Crispin.
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