Quinta-feira, 24 de outubro de 2019 - 18h45
Os membros da CPI da Energisa ouviram na
tarde de quarta-feira (23) o ex-governador e atual superintendente do Sebrae
Daniel Pereira, sobre a situação da concessionária de energia elétrica, no
período em que ele foi o governante de Rondônia. Participaram da reunião os
deputados Ismael Crispin (vice-presidente), Jair Montes (Avante) relator,
Cirone Deiró (Podemos), e Edson Martins (MDB).
O presidente da CPI, Alex Redano
(Republicanos) apresentou vários questionamentos a Daniel: se tinha
conhecimento dos créditos do Estado junto a Ceron; se sabe da dívida da Caerd
com a Ceron; se houve tentativa de encontro de contas no governo dele; se houve
auditoria das contas do Governo, por parte da FGV; e se houve tentativa de
barrar o leilão da venda Ceron, por parte do Estado.
Daniel Pereira disse que o Estado tinha
com relação à Ceron, créditos decorrentes de ICMS, que a empresa foi autuada
administrativamente, mas não pagou. Sobre a dívida da Caerd, falou que não
houve auditoria, pois, a presidência da entidade, à época, não permitiu a
entrada da FGV na empresa para o processo.
Frisou que, enquanto foi governador,
recebeu da Eletronorte uma proposta de composição para quitação de débitos,
pois o Estado tinha uma dívida de serviços com a empresa, e a Caerd devia
impostos junto ao governo, mas não foi possível um acordo. Sobre o leilão da
Energisa, contou que houve tratativas sobre o assunto, e que o Executivo entrou
com uma ação judicial pedindo a suspensão do leilão, que foi negado pela
justiça. Porém, o mérito ainda está sob análise.
Com relação à dívida da Energisa com o
governo de Rondônia, Daniel disse que não houve tempo para uma negociação, pois
foi bem no fim do seu mandato, mas que a Energisa não deu garantias, e que o
próprio edital não previa de quem era a responsabilidade de fazer o pagamento
das dívidas, como depósitos, bens à penhora ou qualquer outra forma de saldar
os débitos da Ceron, junto ao Poder Executivo.
Daniel Pereira também foi questionado se
sabia por que a Energisa, mesmo com dívidas milionárias com o Estado garantiu
certidão negativa com efeitos de positiva, para que pudesse receber subsídios
da Aneel, cerca de R$ 100 milhões por mês, ou se foi por ordem judicial, qual o
motivo que Estado não recorreu já que era obrigação, incorrendo em crime de
responsabilidade. Ao responder, o ex-governador disse que isso não foi na sua
gestão e quem deveria responder seria a Sefin. Ele considerou um grande absurdo
essa disponibilização da certidão e se foi por ordem judicial, o Estado deveria
de fato recorrer.
O deputado Cirone Deiró perguntou se a
Fundação Getúlio Vargas (FGV) fez auditorias de créditos das empresas, quando
do momento do leilão. Daniel afirmou não houve auditoria na Ceron e nem na
Caerd.
Daniel fez questão de ressaltar que
Rondônia perdeu com essa privatização, mas que isso ocorre desde a transição de
governo em 1996 que criou o programa estadual de desestatização. Citou o Beron
como perdas para o Estado, em na sequência essas privatizações. Que a União
deveria devolver ao governo de Rondônia recursos como forma de
compensação.
Encaminhamentos
A CPI aprovou a emissão de um relatório
parcial da Comissão, para o Ministério Público de Rondônia,
Tribunal de Contas da União, Ministério Público Federal e a Procuradoria Geral
da Assembleia Legislativa, para um questionamento junto a Energisa sobre os bens
de garantia para o pagamento da dívida junto ao governo, qual investimento a
Energisa fez para emitir o aumento na conta do consumidor, se tinha estoque de
materiais no almoxarifado da Ceron quando da posse, quais obras já foram feitas
e quais vão fazer, em prol da melhoria na qualidade do serviços, se é verdade
de que meses antes da licitação, a Energisa teve acesso a dados e informações
privilegiadas.
Além disso, a CPI propôs auditoria nas
contas da Ceron e da Caerd, com a contratação da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
A Comissão aprovou a presença, via
convite, para o dia 30 de outubro (quarta-feira), de representantes da
Procuradoria Geral do Estado, do comando Geral da PM, Fecomércio, Fiero, CDL,
Agero, e convocação do representante da FGV, Robinson Fialho, do ex-secretário
da Sefin Vagner Garcia, OAB e Ministério Público Estadual, para estarem
presentes na reunião da CPI do dia 6 de novembro.
Cirone sugeriu que o Estado entre na
Justiça contra a União para um ressarcimento de valores que a Energisa deveria
ter pago no momento da concessão de exploração da energia elétrica em Rondônia.
Segurança
Os parlamentares solicitaram reforço na
segurança, durante visitas e diligências dos integrantes da CPI no interior do
Estado. Foi pedido também, que Comando da Polícia Militar faça a segurança
desses parlamentares, durante visitas nos munícipios de Vilhena, dia 4 de
novembro e dia 11 em Cacoal.
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