Domingo, 7 de maio de 2017 - 10h01
A voz do Povo é a bússola que indica o melhor caminho a ser trilhado nas instâncias de decisão. Por isso, hoje e sempre, seja escutada essa voz, pois o Povo é soberano. Quando governantes, dirigentes e líderes não ouvem a coletividade, a sociedade sofre. Os desgastes na história brasileira e no tecido social do país, que ainda hoje inviabilizam a conquista de mais igualdade e justiça, são fruto desse descaso com a voz do Povo.
Essa voz não é única. Trata-se de um coro de muitas vozes, inclusive as dissonantes e sem propósitos, que precisa ser ouvido. Mas não se pode considerar o período eleitoral, com o voto, o único momento para escutar a população. Isso porque a organização político-partidária dificulta a escolha da população. Assim, urgente é uma reforma política séria e inteligente, que não seja ajeitamento jurídico e sistêmico para hospedar no poder “representantes do povo” insensíveis diante das necessidades do país.
O sistema vigente de organização política distancia os representantes dos representados: muitas vezes, quem está no poder permanece indiferente diante do necessário exercício de ouvir o Povo. Consequentemente, perdem a sabedoria para encontrar respostas criativas capazes de transformar a realidade, superando, principalmente, o vergonhoso contraste de cenários: de um lado, miséria e exclusão, do outro, o esbanjamento de privilégios.
A voz do Povo traz o clamor dos mais pobres que, quando escutado, derruba a ganância de alguns no abuso dos privilégios. Nesse sentido, é remédio contra a tentação de se praticar qualquer ato ilícito. Quem tem sensibilidade para os anseios da população torna-se ferrenho combatente da corrupção e dos prejuízos ao bem comum. Nas ruas está a voz do Povo, que faz ecoar os sofrimentos e as exclusões de muitos. É, pois, força que denuncia os contextos vergonhosos da sociedade brasileira, marcados pela falta de solidariedade, por fomentar o péssimo hábito de se conviver com certos “jeitinhos” para se alcançar vantagens. Posturas que rebaixam o exercício da cidadania no país.
Governantes, representantes do Povo, líderes empresariais, religiosos e de diferentes segmentos não podem ignorar ou relativizar a voz que vem das ruas. O recomeço indispensável da sociedade brasileira, com as reformas todas que precisam ser feitas – política, trabalhista, previdenciária, tributária, entre tantas outras – tem que partir da escuta do Povo. Na contramão dessa via, o risco é sério: a sociedade brasileira poderá sofrer com o caos e a desolação. Basta observar o que ocorre mundo afora em razão de autoritarismos, insensibilidades e da pouca coragem de governantes.
No Brasil, os maiores e primeiros responsáveis pelos atropelos que afligem a população devem fazer um exame de consciência e redirecionar suas atitudes, que têm impedido o país de alcançar novo patamar civilizatório. Considerando as riquezas incalculáveis do território brasileiro, o povo poderia estar em melhor situação, caso esse patrimônio não fosse tratado como bem de alguns privilegiados. É também por isso que a voz do Povo faz ecoar as vergonhas de se propor mais pesos e sacrifícios sobre os ombros dos pobres, com o perdão de dívidas bilionárias de quem tem o dever de pagá-las. Essa voz mostra que é urgente um recomeço, reconfigurando instâncias, a organização sistêmica dos poderes, os modos de escolha dos representantes do Povo e o próprio exercício da cidadania.
Emergencial é superar a partidarização exacerbada que se contrapõe à qualificada participação cidadã. Isso se faz pela recuperação da autoridade moral e política, do gosto de ser cidadão brasileiro, promovendo a valorização do grande mosaico cultural que compõe o Brasil. A voz do Povo está profetizando e exigindo respostas urgentes de competência governamental e de empreendedores. A superação do atual quadro crítico, a esperada recuperação de uma representação que esteja à altura de conduzir processos inovadores, tudo isso só será possível se, em primeiro lugar, for observado o que vem das ruas. Escutem a voz do Povo.
*Dom Walmor Oliveira de Azevedo – Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril
A narrativa do 25 de Abril tem sido, intencionalmente, uma história não só mal contada, mas sobretudo falsificada e por isso também não tem havido
Tive acesso, sábado, dia 16 de novembro, a uma cópia do relatório da Polícia Federal, enviado pela Diretoria de Inteligência Policial da Coordenaçã
Pensar grande, pensar no Brasil
É uma sensação muito difícil de expressar o que vem acontecendo no Brasil de hoje. Imagino que essa seja, também, a opinião de parcela expressiva da
A linguagem corporal e o medo de falar em público
Para a pessoa falar ou gesticular sozinha num palco para o público é um dos maiores desafios que a consome por dentro. É inevitável expressar insegu