Quinta-feira, 29 de novembro de 2018 - 20h15
A eleição de 2018 para o governo
rondoniense apresentou uma das maiores surpresas das disputas eleitorais nos
estados brasileiros. Assim como no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o
candidato vitorioso ao governo de Rondônia, um ilustre desconhecido das urnas,
Coronel Marcos Rocha (PSL), iniciou a corrida eleitoral com cerca de 2% nas
pesquisas de opinião. Na última sondagem do IBOPE, no primeiro turno, o oficial
da Polícia Militar atingiu seu melhor percentual, ficando em terceiro lugar,
com 8% das intenções de votos, bem atrás do então segundo colocado, o
presidente da Assembleia Legislativa, Maurão de Carvalho (MDB), que somava 18%
de apoio popular. Tudo apontava para um segundo turno entre Expedito Júnior
(PSDB), líder isolado naquele momento, e Maurão de Carvalho (MDB). Entretanto,
inesperadamente, o resultado apresentou Marcos Rocha (PSL) em segundo lugar,
com 23% dos votos, contra 22% do candidato do MDB.
Inegavelmente, assim como ocorrido em outros lugares, a eleição de
Bolsonaro à presidência exerceu forte impacto sobre a disputa em Rondônia. Não
obstante, alguns pontos precisam ser ressaltados. A priori, cabe assinalar que
o tucano Expedito Júnior, que esteve à frente durante todo o primeiro turno,
obteve grande parte dos votos “casados” com Bolsonaro no momento inicial da
disputa. Nesse contexto, no primeiro turno, o candidato do PSL contou apenas
com parte do apoio do “bolsonarismo” no estado. Assim, a fortuna maquiaveliana,
ou seja, a sorte de Marcos Rocha (PSL) foi completa ao lucrar com o crescimento
eleitoral do professor universitário Vinícius Miguel (REDE), que durante três
debates seguidos protagonizou um confronto direto com Maurão de Carvalho (MDB).
Vinícius Miguel, o mais votado na capital Porto Velho, a outra grande surpresa
da eleição rondoniense, ficou em quarto lugar, com quase 15% dos votos,
contribuiu diretamente para o fracasso da candidatura do MDB, maior partido do
estado, e abriu o caminho para a ida de Marcos Rocha (PSL) ao segundo turno.
Diante de um Expedito Júnior (PSDB) vitorioso no turno inicial, a
virada do PSL no segundo turno ocorreu impulsionada por um sentimento de
mudança, representado pela candidatura de Marcos Rocha (PSL). Ainda que Rocha
tenha sido secretário de Justiça do governo Confúcio Moura (MDB), era ele o
nome de Bolsonaro na eleição rondoniense. Um outsider da política, o coronel era observado como o
candidato antissistema, autointitulado representante da direita conservadora e
de um movimento nacional de combate à corrupção. Rocha (PSL) chega ao poder
defendendo propostas polêmicas, como a “Escola Sem Partido”, a criação de escolas
militares no interior do estado e a defesa de um modelo de ação policial mais
repressivo na cidade e no campo.
Área de fronteira, terra do agronegócio, marcada pelo
conservadorismo, com o maior eleitorado evangélico do País em números
proporcionais, a política rondoniense historicamente sofreu grande influência
do autoritarismo, que marcou a formação da unidade federada em dois momentos
distintos de sua organização política, durante a fundação do Território Federal
do Guaporé, em 1943, e, posteriormente, na criação do Estado em 1982. Nesse
contexto de forte tradição militar na vida política, dos vinte e sete
governadores do período territorial, vinte e um foram militares, todos
nomeados. Importante aqui mencionar a figura do Coronel Jorge Teixeira (PDS), uma
espécie de founding father rondoniense,
último governador do antigo território, e o primeiro do Estado, até hoje
considerado no imaginário popular como o melhor governante da história de
Rondônia.
No tocante à relação Executivo-Legislativo, desde o início dos anos 2000, as
dificuldades de relacionamento entre o governo estadual e a Assembleia
Legislativa acarretaram em crises institucionais que trouxeram enorme
instabilidade à política rondoniense. De fato, apenas durante a “era Confúcio
Moura” (MDB), entre os anos de 2011 e 2018, especialmente em seu segundo
governo, as relações entre os poderes Executivo e Legislativo em Rondônia
caminharam de forma harmônica, em direção à estabilidade. Ao assumir o poder no
dia 1º de janeiro de 2019, o governador Marcos Rocha (PSL) precisará realizar
alianças para governar. A eleição de Rocha foi acompanhada de apenas um
representante na Assembleia Legislativa (ALE-RO), o sargento Eyder Brasil
(PSL), e somente um parlamentar na Câmara Federal, o coronel Chrisóstomo (PSL).
Nessa conjuntura, a construção de uma base parlamentar que garanta
maioria ao Executivo torna-se imprescindível para o governo do PSL. Não
obstante, a fragmentação partidária é um traço marcante do parlamento
rondoniense. Em 2018, 16 legendas alcançaram representação na ALE-RO, o que
dificulta ainda mais a formação e o manejo de coalizões partidárias. Sendo
assim, será necessário muito diálogo com os partidos e os parlamentares, no
intuito de construir uma ampla coalizão que permita ao chefe do executivo
aprovar sua agenda política. Ao Coronel Marcos Rocha (PSL), que sai vitorioso
das urnas como uma espécie de “arauto da moralidade e da ética pública”,
torna-se fundamental a compreensão de que transações e barganhas políticas são
inerentes à relação Executivo-Legislativo, o que não necessariamente significa
se corromper ou cair em desvios de conduta. Não compreender isso, pode colocar
em xeque o sucesso do seu futuro governo.
Silêncio do prefeito eleito Léo Moraes quanto à escolha de nomes para o governo preocupa aliados
O silencio do prefeito eleito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), quanto à escolha de nomes para comporem a sua principal equipe de governo vem se
Zumbi dos Palmares: a farsa negra
Torturador, estuprador e escravagista. São alguns adjetivos que devemos utilizar para se referir ao nome de Zumbi dos Palmares, mito que evoca image
Imagino quão não deve estar sendo difícil para o prefeito eleito Léo Moraes (Podemos) levar adiante seu desejo de não somente mudar a paisagem urban
Aos que me perguntam sobre eventuais integrantes da equipe que vai ajudar o prefeito eleito Léo Moraes a comandar os destinos de Porto Velho, a part