Sábado, 10 de maio de 2008 - 19h56
Faustino Vicente
No próximo dia 29 de junho o Brasil estará comemorando o cinqüentenário da maior façanha da sua história esportiva a conquista, pela primeira vez, da Copa do Mundo de Futebol. Essa competição revelou ao mundo um garoto que, com apenas 17 anos, se consagraria com o nome de Pelé o melhor craque de todos os tempos. A seqüência de títulos tornou a seleção brasileira (única) pentacampeã mundial, do esporte mais popular do planeta.
Se dentro das quatro linhas do gramado detemos a supremacia da qualidade técnica, em termos de planejamento estratégico, organização,gerenciamento e lucratividade levamos de goleada de vários paises, principalmente dos milionários clubes europeus. Os investidores internacionais vislumbraram o efeito multiplicador do fabuloso PIB futebolístico globalizado transformando-o num lucrativo negócio.
Do amor ao clube do coração à irresistível sedução dos euros, o garoto pobre da periferia já se definiu. Entre a honra de vestir a gloriosa camisa verde-amarela da seleção brasileira e jogar no exterior ele prefere driblar a miséria e marcar um golaço no maior adversário da população de baixa renda a perversa desigualdade social e econômica. Garotos, que apesar de não passarem de promessas, afirmam entusiasticamente em entrevistas que, o grande sonho é vestir a jaqueta do Real Madrid, Milan, Chelsea, Lyon, Barcelona, Bayern de Munique,entre outros. O holandês Clarence Seedorf, do Milan,que já atuou pelo Real Madrid, Sampdoria e Inter (Milão),disparou recentemente para a imprensa: Só o dinheiro manda no futebol.
Apesar da existência de alguns clubes bem estruturados, e de profissionais brasileiros competentes em gestão esportiva, o nosso maior desafio reside no baixo desempenho financeiro dos nossos campeonatos. O avanço da tecnologia, as fantásticas descobertas científicas e a evolução da medicina provocaram profundas transformações econômicas, sociais,religiosas e culturais em todos os segmentos. A gestão e a prática do futebol não foram poupadas. Administrações equivocadas, às vezes apaixonadas, outras vezes mal intencionadas levaram grande parte dos clubes a elevadíssimos endividamentos.
O êxodo das nossas gratas revelações para o exterior e estádios sem condições físicas para oferecer conforto e segurança aos torcedores, são algumas das causas de rendas menores. O Brasil tem exportado,anualmente, centenas de jogadores que estão atuando em dezenas de países. A queda de público e do nível técnico,são evidentes em todas as divisões do nosso futebol.
Calendário inadequado,que torna alguns clubes inativos por períodos inaceitáveis, ou que exigem excessos de jogos de outros,punições leves para faltas graves, erros inadmissíveis de árbitros,violência entre torcidas, desemprego masculino e até o excesso de jogos semanais, são fatores que desmotivam o público.
Entre as iniciativas positivas das últimas décadas, destacamos a criação das chamadas Escolinhas de Futebol que têm sido incentivadas por prefeituras municipais e pela iniciativa privada. O lema é o mesmo: craque na escola, craque na bola. A alternativa mais esperançosa para tornar, a médio e longo prazo, o futebol viável aos clubes, encontra-se na implementação de Centros de Excelência, cuja missão, visão, valores, e políticas objetivam formar homens, para revelar craques. Nos esportes de alto nível o emocional do atleta faz a diferença. Competência técnica, conduta ética e habilidade eclética devem fazer parte da qualificação de jovens aspirantes ao estrelato. Se essa estratégia não for 100% eficaz para vencer a concorrência com os países ricos, com certeza resultará em lucro pela descoberta, pelo aprimoramento dos fundamentos do futebol e pela orientação, sobre como construir (e manter) uma carreira bem-sucedida.
Concluímos com foco na realidade: o futebol é paixão para torcedores, profissão para jogadores e gestores e lucro para os investidores.
* Faustino Vicente - Consultor de Empresas e de Órgãos Públicos e-mail: faustino.vicente@uol.com.br tel.(11) 4586.7426 Jundiaí (Terra da Uva) - SP
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