Sexta-feira, 29 de julho de 2011 - 06h04
Assim como a saúde, a educação, a segurança pública e os meios de transporte vão bem no Brasil, não podemos nos queixar da meteorologia e de quem escolhemos para nos governar.
A informação checada com exclusividade pelo De olho no tempo – Meteorologia não é de causar espanto para aqueles que acompanham o noticiário diariamente, mas colocam a comunidade cientifica em alerta para o que podemos enfrentar daqui pra frente.
Indagado sobre as péssimas condições das estações meteorológicas automáticas e convencionais operadas pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), de Brasília, órgão ligado ao MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), o próprio instituto respondeu aos questionamentos mostrando a verdadeira lástima com que o governo federal trata o setor hoje em dia.
Para inicio de conversa iremos relembrar uma nota divulgada no dia 9 de abril deste ano pela Agência Brasil e repercutida no De olho no tempo – Meteorologia:
"Será? Brasil vai ganhar um centro de prevenções de catástrofes
A criação de um centro de prevenção de catástrofes é um dos primeiros projetos que o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, quer colocar em execução no governo da presidenta Dilma Rousseff. Preocupado com os danos que as chuvas têm causado pelo país, o ministro quer integrar as previsões meteorológicas e os dados geográficos para minimizar os riscos de quem vive em áreas inadequadas. Mercadante disse neste sábado que a ideia é investir em radares capazes de mapear com precisão as áreas de risco do país. Segundo ele, elas são aproximadamente 500. Porém, não há dados confiáveis sobre todas, principalmente, as que ficam fora de São Paulo e do Rio de Janeiro. Com as áreas mapeadas, toda vez que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) prever tempestades nessas regiões, a Defesa Civil será alertada para que tome as providências necessárias. "Vamos fazer um trabalho de previsão de catástrofes", explicou. "Se vai ocorrer uma chuva muito forte em uma área de risco, você vai conseguir se antecipar para diminuir os risco de morte", disse. O ministro ressaltou que o Inpe conta com um dos mais avançados sistemas para previsão do tempo do mundo. Em dezembro, o órgão pôs em funcionamento um supercomputador capaz de fazer 200 trilhões de cálculos por segundo. O equipamento custou R$ 50 milhões. Em conversa com os jornalistas, logo após visitar o ex-vice-presidente José Alencar no Hospital Sírio-Libanês, Mercadante afirmou ainda que pretende investir na criação de um laboratório em alto-mar. O centro de pesquisas ficará a cerca de 500 quilômetros da costa brasileira e deve ser construído em parceria com a Petrobras e outras empresas. No laboratório, serão feitas pesquisas sobre a biodiversidade e o aquecimento global, por exemplo. Para o ministro, com o início da exploração do petróleo da camada pré-sal, a criação deste centro de pesquisa será facilitada. "Como a estrutura da Petrobras e todas as plataformas que vão atuar, este laboratório seria inclusive uma retaguarda para os trabalhadores que estão lá".
Usando as próprias palavras do ministro da Ciência e Tecnologia, que disse estar "Preocupado com os danos que as chuvas têm causado pelo país", questionamos, até que ponto a política pode ser tão imunda à população?
Como criar um "centro de prevenção de catástrofes" se a aparelhagem hoje em uso está praticamente sucateada? Isso mesmo, estamos falando das estações automáticas e convencionais do órgão oficial de meteorologia no Brasil, o INMET.
Depois de feitos os questionamentos sobre as mais diversas estações não operantes em vários pontos do Brasil, o instituto respondeu através de uma nota informando primeiramente que, o mesmo é responsável em garantir a implantação, manutenção e transmissão de uma rede de estações meteorológicas de superfície e altitude composta por:
292 estações meteorológicas convencionais (aquelas cujos observadores são pessoas que checam as informações in loco diariamente e repassam ao banco de dados do INMET em Brasília);
459 estações meteorológicas automáticas (aquelas cujos dados são gerados automaticamente por sensores, sem a necessidade de uma pessoa aferir tais dados e enviados via satélite também ao banco de dados em Brasília);
E 11 estações de radiossonda, que particularmente são essenciais para a aviação e para a avaliação dos valores observados nas camadas mais elevadas da troposfera. No total, portanto, são atualmente 792 estações sob responsabilidade do INMET.
Em nota, o INMET, através do Sr. Edmundo Wallace Monteiro Lucas, prontamente atendeu a quase todos os questionamentos feitos pelo De olho no tempo – Meteorologia e de inicio explicou o motivo dessa pane geral em vários Estados do Brasil.
"Recentemente o Governo Federal realizou um corte nacional nos recursos de diárias e passagens de 50%, verba esta utilizada dentre outras funções fazer a manutenção nas estações meteorológicas, no primeiro semestre ficamos aproximadamente 02 meses (maio e junho) sem executar atividades de manutenção frente a esse corte", esclareceu.
Isso mesmo. O governo da presidente Dilma e do ministro Aloísio Mercadante, o "preocupado" com as questões ambientais do Brasil, simplesmente cortou a verba para que os profissionais do INMET fossem a campo realizar as devidas manutenções das estações que agora não geram conteúdo.
Ainda segundo nota do INMET, o órgão está preparado para lidar com esse tipo de erro nas estações, mas como não há verba o suficiente para custear as diárias e passagens de seus funcionários, nada pode ser feito.
"O INMET possui uma estrutura de controle preparada para identificá-los e dentro das condições orçamentárias, técnicas, logísticas e de pessoal, buscar a melhor solução e no menor tempo possível", salientou Monteiro Lucas.
No decorrer da semana, diversos internautas e a própria equipe do De olho no tempo – Meteorologia perceberam um grande erro na estação meteorológica automática de Crateús, no sertão dos Inhamuns, no Ceará, com registros diários de até 7 mil milímetros, algo totalmente impossível para qualquer região do globo terrestre.
Em resposta ao De olho no tempo – Meteorologia, a nota, informou, dentre outros dados, que a estação de Crateús realmente apresentou um problema devido a uma pane no sensor eletrônico do pluviômetro e que o mesmo será trocado em breve. Enquanto isso não acontece, a estação foi retirada do ar do banco de dados disponível ao público pelo sítio do mesmo.
Fomos afundo e questionamos outras estações sem computar dados, como, por exemplo, a estação meteorológica automática "Comandante Ferraz", localizada na base brasileira na Antártida; A resposta foi de que esta estação pertence ao INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e que a mesma encontra-se em uma área de difícil acesso onde só é possível chegar com apoio da Marinha do Brasil. O INMET, portanto, apenas recebe os dados e os disponibiliza para o público e outras instituições. Enquanto as emissoras de televisão mostram expedições de aventura e beleza ao continente gelado, mas esquecem de dizer as quantas anda o monitoramento meteorológico por lá!
Outra estação que chamou a atenção do De olho no tempo – Meteorologia foi a automática localizada em Sena Madureira (Parque Estadual Chandlles), no Estado do Acre.
Segundo Monteiro Lucas, o INMET faz a manutenção da mesma com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente do Acre e que devido às questões de navegabilidade, a verificação da mesma só será possível a partir de novembro!
Sobre as estações meteorológicas convencionais, aquelas onde ainda hoje em dia uma pessoa é a responsável por tal aferição de dados, a resposta veio a tombo de tapa na cara da população brasileira.
De acordo com Monteiro Lucas, todas as estações citadas pelo De olho no tempo – Meteorologia ficam sem coletar dados mesmo em julho, isso porque julho é mês de férias dos observadores!
Isso mesmo. Não se tem dados de Correntina (Bahia), Campos Sales e Morada Nova (Ceará), Gleba Celeste (Mato Grosso), Espinosa (Minas Gerais), Porto de Móz (Pará), Resende (Rio de Janeiro) e Apodi (Rio Grande do Norte), porque o único observador, de cada estação está de férias! E isso, o ministro da Ciência e Tecnologia e sua corja não tem a vergonha na cara de analisar. Preferem deixar parte do Brasil sem dados meteorológicos, de suma importância para o monitoramento climático a que criar funções que realmente são necessárias.
Ao invés de observadores do tempo extras, enquanto os fixos estão de férias, criam-se cargos de assessores de deputados, senadores, faxineiros e copeiros. E assim segue a política da sacanagem no Brasil...
De todas as 792 estações automáticas, convencionais e de radiossonda instaladas no Brasil, o De olho no tempo – Meteorologia computou pane em pelo menos 51, sendo 42 automáticas e 9 convencionais enumeradas abaixo por ordem alfabética de Estado e região:
Antártida
Comandante Ferraz (automática):
Acre
Sena Madureira (Parque Estadual Chandlles) (automática):
Alagoas
Pão de Açúcar (automática):
Amapá
Oiapoque (automática):
Bahia
Conde (automática):
Correntina (convencional):
Macajuba (automática):
Ceará
Campos Sales (convencional):
Crateús (automática) (Com sensor de precipitação registrando mais de 7 mil mm em 25 dias):
Jaguaruana (automática):
Morada Nova (convencional):
Goiás
Goanésia (automática):
Maranhão
Bacabal (automática):
Carolina (automática):
São Luis (automática):
Mato Grosso
Alta Floresta (automática):
Confresa (automática):
Gleba Celeste (convencional):
Guarantã (automática):
Itiquira (automática):
São Félix do Araguaia (automática):
Tangará da Serra (automática):
Mato Grosso do Sul
Nhumirim (automática):
Três Lagoas (automática):
Minas Gerais
Espinosa (convencional):
Manhuaçu (automática):
Pará
Cametá (automática):
Pacajás (automática):
Placas (automática):
Porto de Móz (convencional):
Santana do Araguaia (automática):
Tomé Açu (automática):
Paraíba
Camaratuba (automática):
Paraná
Cidade Gaúcha (automática):
Curitiba (automática):
Ventania (automática):
Pernambuco
Caruaru (automática):
Rio de Janeiro
Duque de Caxias (automática):
Resende (convencional):
Rio Grande do Norte
Apodi (convencional):
Macau (automática):
Santa Cruz (automática):
Rio Grande do Sul
Cambará do Sul (?) (Não aparece na lista e nos balões das automáticas e convencionais):
Santa Maria (automática):
São Luiz Gonzaga (automática):
Rondônia
Porto Velho (automática) (Sem registrar dados desde as 10 horas (UTC) de 31 de maio de 2011 e sem registrar direção, velocidade e velocidade da rajada máxima de vento desde 3 de fevereiro de 2011):
Santa Catarina
Itapoá (automática):
São Paulo
José Bonifácio (automática) (Não aparece na lista e nos balões das automáticas, além de reportar constantemente umidade de apenas 2%, 3%):
Ourinhos (automática) (Não coleta com exatidão os dados de hora em hora):
Rancharia (automática) (Não coleta com exatidão os dados de hora em hora):
São Paulo (IAG) (convencional):
Conforme a lista acima elaborada pelo De olho no tempo – Meteorologia e enviada ao INMET, não foi possível saber a situação das demais estações descritas.
Apenas informamos que a estação de Cambará do Sul, no Rio Grande do Sul, não aparece no banco de dados das estações automáticas e convencionais do instituto para consulta do público em seu sítio.
Em Rondônia, apenas três estações meteorológicas automáticas estão funcionando: Ariquemes, Cacoal e Vilhena. A de Porto Velho parou de computar dados do dia 31 de maio deste ano e o sensor de medição de direção, velocidade e velocidade da rajada máxima de vento, não aferiu dados desde 3 de fevereiro, também desse ano.
Em São Paulo, a estação de José Bonifácio, na região de Araçatuba, quase que diariamente registra umidade relativa do ar mínima de apenas 3%, onde o sensor de medição da mesma também deve estar danificado. As outras automáticas de Ourinhos e Rancharia computam dados em horários interpolados, não seguindo a regra estabelecida pela OMM (Organização Meteorológica Mundial) que é de 24 horas.
Ao final da noite desta quinta-feira (28), recebemos a informação de que mais uma estação meteorológica automática está computando dados erráticos, da de Tauá, também no Ceará, que vem aferindo umidade relativa do ar mínima entre 3% e 7% nos últimos dias, enquanto a região como um todo tem registro umidade entre 12% e 25%.
Diante de tamanha vergonha para com a meteorologia e de certa forma, para com a ciência brasileira, resta aos brasileiros, paciência para com este tipo de monitoramento. Assim como a arma é essencial ao policial, o estetoscópio para o médico, a estação meteorológica também faz parte do cotidiano de qualquer profissional da área de meteorologia ou Defesa Civil.
A forma com que vem sendo anunciado na mídia sobre medidas do governo federal, que julga estar preocupado com as questões ambientais e, principalmente, com a segurança da população, distorce a regra frente ao que fizeram com o INMET. Meteorologistas e funcionários do órgão, em hipótese alguma podem ser responsabilizados por tamanha falta de ética e responsabilidade por parte do governo.
Após a tragédia no Rio de Janeiro no inicio do ano, onde mais de mil pessoas morreram com as chuvas intensas, a impressão que fica e que se vê é de que o governo Dilma pouco se importa com a meteorologia brasileira. Para reduzir gastos a tal ponto de postos de observação estarem sem manutenção há meses, o que podemos esperar de um governo como este para a área da ciência nacional?
Ministro Aloísio Mercadante, o que tem a dizer sobre essa grande vergonha nacional? Nada! Assim como a palavra "nada" se resume em seus planos, ações e medidas de prevenção.
Ultimamente anunciaram um novo, moderno e avançado centro de prevenção e monitoramento de enchentes no Nordeste do Brasil. A mídia divulgou a inauguração, os políticos ditando benfeitorias, mas fiscalizaram a fundo a situação das estações que abastecessem este centro e os modelos numéricos para previsões futuras?
Há uma lacuna que será muito difícil de ser fechada no setor de meteorologia no Brasil. E ainda querem ser país de primeiro mundo, sediar copa e mostrar ao resto do mundo do que somos capazes! Capazes de produzir vítimas de desastres naturais ano a ano...
(Fonte: De olho no tempo - Meteorologia)
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