Quarta-feira, 5 de maio de 2010 - 18h43
Dr. Paulo Gondim*
O instinto de conservação provoca medo em pacientes que se submeterão a tratamento cirúrgico, por várias razões: medo da anestesia, da dor, da cirurgia em si e, especialmente, medo de morrer. Tal complexidade de sentimentos e pensamentos negativos podem ser em parte neutralizados através da confiança que o enfermo deposita no cirurgião e em sua equipe. A boa relação médico-paciente tem importância fundamental nesses novos tempos de tecnologia e de impessoalidade. O afago, o toque de mão, a segurança nas respostas e o sorriso são fatores que tendem a tranqüilizar o paciente.
Os procedimentos cirúrgicos cada vez mais são realizados por equipe multiprofissional. Na cirurgia da obesidade mórbida, por exemplo, a equipe é formada por clinico, endocrinologista, pneumologista, nutricionista, psicólogo, psiquiatra, ortopedista, cardiologista, anestesista, fisioterapeuta além, é claro, do pessoal de enfermagem.
A propósito dessa atuação conjunta, destaco um profissional que faz parte da equipe cirúrgica desde que os procedimentos cirúrgicos eram realizados por barbeiros - que nos primórdios da cirurgia atuavam também como cirurgiões. Esse profissional é o instrumentador cirúrgico. Quando efetivamente competente e ético, é o primeiro chegar à sala cirúrgica e é quem recebe o paciente com carinho e cordialidade. As habilidades da maioria desses técnicos para lidar com seres humanos são inegáveis, tratando o paciente com respeito, dignidade e humanidade. Também é o último que deixa o centro cirúrgico. Mantém tudo em ordem, sala limpa, material esterilizado. O estresse da faina diária - que é muito nessa atividade - não é suficiente para deixá-los com mau humor crônico. Muito pelo contrário, diferente do que se possa pensar, a maioria dos técnicos em instrumentação cirúrgica são pessoas de bom trato, simpáticas, bem humoradas. É nesse clima de harmonia e boa convivência que nos ajudam, médicos de especialidade cirúrgica, diariamente em nossa luta para minimizar ou extinguir sofrimentos e salvar a vida de nossos semelhantes.
O instrumentador precisa ter um perfil psicológico estável para enfrentar situações difíceis e complicadas, a fim de manter o sincronismo necessário quando alguma complicação ou situação de urgência ocorre durante a cirurgia. Em um tempo não muito distante, era usual cirurgiões demonstrarem sua autoridade (ou despreparo?) chutando o instrumentador (física ou moralmente) ou até, por vezes, jogando tesoura e porta-agulha contra a parede, dando prova irrefutável de sua incompetência diante de uma eventual dificuldade cirúrgica. Hoje os tempos são outros. A relação entre a equipe médica e esses profissionais geralmente é de amizade e respeito mútuo. Alguns deles, a quem dedico muito apreço, fazem parte da minha vida pessoal e cirúrgica. Tenho a convicção de que devo o meu sucesso como cirurgião há quase 30 anos, em grande parte, a esses maravilhosos e respeitados profissionais da saúde com quem tenho tanto orgulho de trabalhar. Sou grato a esses técnicos a atenção e o respeito com que sempre me trataram ao tempo em que divido com eles os meus méritos e a gratidão de tantos pacientes que operei.
*Cirurgião Geral e videocirurgião do Hospital Central. Especialista em Cirurgia Geral e Videocirurgia pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Sociedade Brasileira de Videocirurgia e Associação Médica Brasileira. Fellow do Colégio Internacional de Cirurgiões. Membro da Academia de Medicina de Rondônia - Cadeira Dr.Hamilton Raulino Gondim.
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