Segunda-feira, 8 de maio de 2017 - 12h43
Professor Nazareno*
Se Deus é o ópio do povo, o futebol é o ópio do brasileiro. O “Framengo” foi campeão de novo, mano! O “Curintia” ganhou mais um campeonato paulista. Não tem pra ninguém, nós mandamos no futebol. Nós somos os melhores. Nós somos a elite. As redes sociais não falam de outra coisa. A mídia não fala de outra coisa. Quase toda a população não fala de outra coisa. A felicidade reina absoluta no país inteiro. A falsa alegria pega carona em todos os estados e estádios. Triste do país em que o grito de gol ecoa mais forte do que uma injustiça. Triste do país em que uma escola de samba, uma banda ou bloco de Carnaval tem mais poder do que a pífia participação política. No injusto Brasil, os explorados escancaram seus poucos dentes para endeusar meia dúzia de ricos esportistas. No pobre Brasil, os pobres têm o seu único dia de alforria.
Professores, muitos professores com seus mestrados e doutorados juntam-se aos seus também desinformados e despolitizados alunos para enaltecer as peripécias de seu time de coração. “Hoje não tem aula, meninos!”. O “Framengo” ganha invicto o campeonato lá no distante Rio de Janeiro. A aula de hoje é sobre a importância que tem para o Estado de Rondônia o futebol dos cariocas. A aula de hoje é sobre a conquista do “Curintia”, o melhor time de São Paulo. Médicos também não vão trabalhar hoje. O Atlético de Belo Horizonte ganhou do Cruzeiro e se sagrou campeão mineiro. Você está com dor onde, meu pobre paciente? Então não viu o gol do Robinho? Gaúchos tristes e vestidos de vermelho não conseguem esconder a tristeza. “Já ouvi falar, sim, deste tal de Novo Hamburgo”, mas é um time sem expressão, tchê! Quantos pênaltis perdidos.
Hoje está proibido falar de política em todo o país. Hoje o presidente da República, o senhor Michel Temer, é apenas um simples torcedor. O Congresso Nacional não terá expediente. Seus deputados federais e senadores estão comemorando com suas bases as conquistas regionais do futebol. Até o sisudo STF não vai soltar hoje nenhum dos presos da Lava Jato em homenagem às conquistas dentro das quatro linhas. “Se em fevereiro paramos em nome da folia de Momo, é justo que em maio paremos também em nome do nosso maior esporte, é o mantra que se ouve”. Operação da Polícia Federal para que? No país do roubo, hoje quase ninguém rouba. No país da tristeza coletiva, hoje só há alegria e descontração. Muitos brasileiros, vestidos a caráter com a camisa de seu time de coração, fazem questão de, na fila de emprego, falar só de gols.
Ninguém ouviu falar de Emmanuel Macron muito menos de Donald Trump ou de Kin Jong-un. O mundo agora é rubro-negro. A Alemanha é o Mineirão. A França é o Maracanã e a Coreia do Norte é a Arena Corinthians. Os Estados Unidos são cada um dos torcedores deste país tupiniquim. O planeta é “um bando de loucos”, só isso. E se o Brasil é o mundo, agora vamos devolver aqueles malditos 7 X 1. Já estamos na Rússia e isso é o que importa. Em “rondonha” nem vimos o Genus perder em casa para um tal de VEC. O brasileiro senso comum é um idiota e o rondoniense o imita direitinho. A estupidez que brota dos estádios e das passarelas alimenta a alienação nacional. Na “rondonha” os bares da periferia fazem a festa dos incautos beiradeiros. Passados o Carnaval e uma parte do futebol, agora todos se preparam para as festas juninas e o Arraial Flor do Maracujá como se a realidade nunca tivesse existido. É GOOOLLLLL!
*É Professor em Porto Velho.
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