Sexta-feira, 24 de março de 2017 - 20h53
Há coisas na vida (e na política) que mesmo estando na cara de todos, só desencantam quando são chamadas pelo nome. Foi o que fez o senador Jorge Viana (PT-AC) em discurso na tribuna do Senado, nesta quinta-feira, ao dizer, em alto e bom som, o que o país sabe mas não verbaliza, temeroso talvez do que virá: “Temos um governo moribundo. Com todo respeito, moribundo. Não sei quanto tempo mais o país aguentará. Não sei por quanto tempo a grande imprensa ainda vai sustentar este governo, porque depende dela. A mesma mídia que nos ajudou a ser vitimados pelo golpe, agora tem este governo moribundo sob sua espada”.
Viana criticou a irresponsabilidade da base governista, ao aprovar projetos como o da terceirização irrestrita, advertindo sobre seu impacto sobre um mercado de trabalho já fragilizado pelo desemprego de 12 milhões de pessoas. E bateu duro na Operação Carne Fraca, que já produziu prejuízos incalculáveis e não mereceu do Executivo qualquer consideração crítica, numa atitude temerosa e omissa.
Sobre o projeto de terceirização, disse Viana: “É muita coragem votar uma medida como essa, é muita irresponsabilidade da base parlamentar de um governo que não tem legitimidade nenhuma perante a sociedade brasileira. Claro que temos de estar modernizando, mas é um pecado, é inacreditável que um governo que não veio das urnas, que tem tão pouco tempo pela frente, possa chancelar medidas que causam tanto mal ao Brasil e ao povo brasileiro”. O projeto foi aprovado pela Câmara na madrugada de quinta-feira por 231 a 188 votos e agora vai à sanção de Temer. Para Viana, o governo joga com o futuro do país e promove um retrocesso histórico: “Corremos o risco irmos para uma era pré-Vargas, de voltarmos para a República Velha”.
O senador petista acha que o governo caminho para o fim, faltando saber como será o desfecho. “O horizonte que vejo, lamentavelmente, é de um desastre. Um desastre anunciado, porque os erros vêm se acumulando aos olhos de todos. Já tem gente dizendo aos quatro ventos que logo a grande imprensa vai tirar o apoio do governo atual, que logo nós vamos ter medidas judiciais que vão trocar a governança do país. Eu não sei quanto tempo mais este país vai aguentar. Temos um governo moribundo. Com todo respeito, moribundo. Não sei por quanto tempo a grande imprensa vai sustentar este governo, porque depende dela. A mesma mídia que nos ajudou a ser vitimados pelo golpe agora tem este governo sob sua espada”.
Jorge Viana disse ainda que não há lógica nos movimentos políticos adotados pelas autoridades públicas em diversas frentes: legislativa, judiciária, econômica e política, com impactos e desdobramentos graves para a vida social do país. É a crise chegando a seu ponto de ebulição.
Ele voltou a criticar a operação Carne Fraca, apontando os prejuízos causados pelas quedas nas vendas internas e nas exportações. O governo Temer fala em R$ 1,5 bilhão de prejuízos pela suspensão da compra de carne por países como China, Rússia, Chile, Canadá, África do Sul e outras nações. “É muito maior”, bradou o senador: “Quantos anos vamos demorar para trazer de volta a confiança num produto que é muito disputado, que tem um mercado muito difícil, concorrido, cheio de sabotagens?”
Viana informou que o governador do Acre, Tião Viana, fez na quarta-feira uma reunião com os produtores do estado. “Temos um frigorífico da JBS que está dizendo: ‘olha, vamos ter que suspender o abate”. Se isso acontecer, diz o senador, basta uma semana que o mercado se desequilibre. " Vai dar problema!”
Moribundo o governo está mesmo. Mas quem vai disparar o tiro de misericórdia? O relator do processo no TSE pedirá a cassação de Temer mas, por ora, ele não tem apoio da maioria do tribunal. A não ser que, vendo o cavalo passar selado para que seja eleito indiretamente pelo Congresso, o ministro Gilmar Mendes resolva jogar o amigo ao mar.
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