Quinta-feira, 7 de setembro de 2017 - 19h55
Toda a linha de defesa de Lula e do PT até aqui se baseava em alegar que não havia provas e tudo era uma conspiração da Justiça para impedir que ele voltasse a se candidatar a presidente.
Agora, com o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci, homem de absoluta confiança do ex-presidente, ao juiz Sergio Moro, na tarde desta quarta-feira, esta estratégia cai por terra e se tornou indefensável.
O "pacto de sangue" relatado por Palocci entre o PT e a Odebrecht movido a propinas é a bala de prata do juiz Sergio Moro, a uma semana do segundo depoimento de Lula em Curitiba, marcado para o próximo dia 13.
Segundo o ex-ministro da Fazenda do primeiro governo Lula, o ex-presidente participou das negociações com Emílio e Marcelo Odebrecht para o recebimento de R$ 300 milhões pelo PT.
Em duas horas de depoimento, Palocci contou como tudo aconteceu:
"O Emílio abordou Lula no final de 2010, não foi para oferecer alguma coisa, doutor, foi pra fazer um pacto, que eu chamei de pacto de sangue. Que envolvia um presente pessoal que era um sítio, envolvia o prédio de um museu pago pela empresa, envolvia palestras pagas a R$ 200 mil, fora impostos, combinadas com a Odebrecht. Combinada para o próximo ano (2011) e envolvia uma reserva de R$ 300 milhões. Eu não estranhei a surpresa do presidente, mas ele não me mandou brigar com a Odebrecht, ele mandou eu recolher os valores".
Em resposta a Antonio Palocci, Lula publicou nota em seu Facebook em que afirma:
"A história que Palocci conta é contraditória com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e de provas e que só se compreende dentro da situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sergio Moro que busca negociar com o Ministério Público e com o próprio juiz Moro um acordo de delação premiada que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula. Palocci repete o papel de réu que não só desiste de se defender como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do Ministério Público para obter redução de pena e que no processo do triplex foi de Léo Pinheiro".
Três anos e meio após o início da Operação Lava Jato, fecha-se o cerco a Lula e ao PT, denunciado na véspera pelo procurador-geral Rodrigo Janot de ter recebido R$ 1,5 bilhão em propinas de empresas em troca de contratos na Petrobras.
Nova denúncia foi apresentada nesta quarta-feira por Janot contra Lula e o PT, desta vez por obstrução de Justiça no episódio da nomeação de Lula para ministro da Casa Civil pela então presidente Dilma Rousseff.
Depois que Antonio Palocci, que não pode ser chamado de inimigo, entregou tudo sobre o partido e seu principal líder, pode ter chegado o fim de linha para o PT?
Vida que segue.
Fonte: Blog Balaio do Kotscho
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