Sábado, 13 de dezembro de 2008 - 07h57
O mês de dezembro chega sempre recheado pelos mais diversos prêmios de “O Melhor do Ano”. Patrícia Pillar arrasou quarteirões com sua genial Flora, na novela “A Favorita”; os “meninos de preto” do CQC, liderados pelo carequinha Marcelo Taz, mesmo roubados em algumas votações oficiais, são, sem dúvidas, o que há de melhor no humor brasileiro; o “Tema da Vitória” voltou a soar com orgulho verde-amarelo nas manhãs de domingo e Felipe Massa carrega o país inteiro no “cockpit” de sua Ferrari vermelha; às lágrimas, descobrimos César Cielo, o primeiro campeão olímpico da natação brasileira; vibrante e intelectualmente moderna, a jovem artista-plástica Beatriz Milhazes viu uma de suas telas ser arrematada por US$ 1 milhão na Sotherby's, recorde para um artista brasileiro vivo; o país ganhou autonomia nas pesquisas com células-tronco embrionárias e esse feito carrega a chancela da Dra. Lygia da Veiga Pereira, a cientista que se preocupa em dialogar com a sociedade. Confete neles!
No entanto, o verdadeiro protagonista de 2008 é, certamente, Luiz Inácio Lula da Silva, o mais eufemista, popular e lunático Presidente na História da República. Endossado por 70% da população como “the best” (apesar da voz das ruas dizer o contrário), o supremo mandatário da nação brincou com o que é sério, cuspiu frases de efeito Mundo afora, puxou a orelha de George W. Bush, abriu as pernas para os vizinhos radicais latino-americanos, encaçapou o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, serviu um “five o'clock tea” envenenado para sua já iníqua oposição, enfiou a mão e as aspirações nas gigantescas descobertas de um “pré-petróleo” em camadas de pré-sal, prontificou-se a ensinar a população a pegar “jacaré”, sem diarréia, na marola da crise, está domesticando uma fera truculenta para ser sua sucessora e tornou-se um inigualável criador de neologismos. Esse é Lula em 2008... lá!
Lula é o grande prestidigitador do Brasil e não é uma novidade. Desde a antiguidade clássica, personagens ganham a vida vagabundeando por feiras e usando suas habilidades ilusionistas para enganar os cidadãos. Charlatões que alcançam os píncaros do poder são recorrentes ao longo da História da Humanidade. Os prestidigitadores, em geral, gozam de vasta popularidade e são habilidosos na arte de enganar espectadores absortos em seus espetáculos. Até a mitologia vale-se de um “meio-bode” flautista que inebriava povos para suas bebedeiras e orgias. Por que o Brasil de 2008 ficaria fora dessa? “Yes”, nós temos um prestidigitador!
A verdade é que o presidente Lula festeja a glória de sua popularidade, mas esquece que ela é fruto apenas de sua mentalidade imediatista, de seu perfil populista chulo e barato. Muito longe de ser um estadista, que pensa em gerações e carimba seu nome na História, Luiz Inácio, tal qual Narciso, que acha feio tudo que não é espelho, embebeda-se com o surto de auto-estima típico dos psicóticos e timoneia o Brasil através de uma situação transitória e, nem de longe, lastreada em mudanças estruturais. Mas o barquinho de Lula, cabide fisiológico de seus pares, não está mais resistindo o peso e dá sinais de ir a pique em breve.
O grande truque de Lula é conseguir, ora se travestir de verde e esconder-se no que resta da Floresta Amazônica, ora se pintar de preto e mergulhar nas jazidas de petróleo. Entre um disfarce e outro, tira da cartola algumas moedas e joga à multidão para que ela esqueça roubos e escândalos como o Mensalão, os dólares na cueca, os sanguessugas, os assassinatos políticos, a chantagem contra o caseiro, os gastos astronômicos e indevidos nos cartões de crédito corporativos, os bois de ouro de senadores aliados, os patrocínios de construtoras milionárias, o “top-top” do assessor e toda sorte (ou azar) de pilantragens palacianas que brotam “como nunca antes neste País”. E tem sucesso.
Uma coisa é inegável: Lula é muito bom em seus propósitos, tal qual a Flora da novela. Assim como Patrícia Pillar deve ser louvada por sua personagem vilã, Luiz Inácio é barbada (com ou sem dubiedades) em qualquer premiação aos Melhores do Ano. Ele consegue ser bom até quando é mau! Nesse caso, melhor mesmo é ficar com a questão hamletiana, a máxima do ano, do escalafobético gênio Millôr Fernandes: “Vocês já examinaram a cara de absoluta dignidade desses políticos que não têm nenhuma?”
O que mais me consola e tranquiliza é saber que o lulismo está chegando ao fim. Aguardo ansioso e quero estar na primeira fila quando chegar o dia em que Luiz Inácio Lula da Silva irá tirar a majestática faixa presidencial, voltar para São Bernardo do Campo, sentar em sua confortável poltrona de veludo carmim, numa mão a cachacinha, noutra o charuto cubano, presente do Zé, e reflitir: “Eh! 'mifu'!”. Apaga-se o abajur lilás e ouve-se apenas um “top-top”.
Fonte: HELDER CALDEIRA
Articulista Político
heldercaldeira@folha.com.br
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