Domingo, 17 de setembro de 2006 - 17h23
MÁ QUALIDADE DO ENSINO
Por um período longo cada pessoa ligada à determinada área de atuação
apontava a sua como prioridade para resolver os problemas sociais
brasileiros. Esta tese permanece e é comum se ouvi que ou resolve o problema
de... Ou não adianta, ou não tem saída. Mas a Educação tornou-se
unanimidade. Ninguém pode ficar fora deste raciocínio, mas deveria ser
análogo ao Direito. A Educação seria o mérito, mas caberiam alguns remédios
constitucionais preliminares, sociais, como campanhas maciças, concomitante
a medidas eficazes, urgentes e duradouras, como o planejamento familiar para
todos, campanhas para evitar gravidez precoce, especialmente para jovens,
extinção do trabalho infantil e escravo. Sem essas preliminares, o problema
da Educação e vários outros vão para mais quinhentos anos sem solução.
Quanto à Educação, mudam-se demais os nomes e as regras e ficam os vícios e
as mazelas. Na década passada conseguiu-se o mérito de colocar quase todas
as crianças na Escola. As crianças foram para a escola para perderem tempo e
receberem certificado de analfabeto com ensino fundamental ou médio
completo. Saem safras do ensino médio completo que não sabem absolutamente
nada. Este analfabetismo se estende aos diplomados no ensino superior.
A qualidade dos formados é uma tragédia. Os pais que podem trocam os filhos
da escola pública por outra particular igualmente ruim. E os diretores
dessas escolas quando questionados quantos alunos ingressaram na
universidade pública, como fiz, sobre respondem de forma malcriada de que
depende do esforço do aluno. Mas se depende só deles, não haveria
necessidade de freqüentar essa escola particular. Pelo menos deveria haver
interação escola-aluno. Mas a má qualidade do ensino e seus prognósticos e
soluções já estão saturados de tão repetidos. O problema é que se debate de
mais e se age de menos.
Todos falam da melhoria na qualidade do ensino, mas não existe nenhuma
medida séria e abrangente neste sentido. Depois de cinco séculos e anos, o
Brasil ainda tem milhões de analfabetos, de fato ou formados, e nunca se
questiona o que fizeram todos os ministros que passaram. Ampliem isso para
mais vinte e sete secretários estaduais de educação e quase seis mil
municipais e vê-se quanta gente trabalhando pela Educação e recebendo caro
por isso para se obter o resultado que se tem hoje! Sem essa gente, ao menos
o dinheiro teria sido poupado. E todos dizem que "ninguém fez tanto pela
educação quanto o atual governo". Muitos transferem logo a responsabilidade
pela solução a quem escreve sobre o assunto. Todos sabem e escrevem sobre o
que se deve fazer. Além de domínio público, por dever de ofício, quem tem
que dar a solução são os secretários que foram escolhidos e aceitaram
receber para isto. É preciso substituir os diagnósticos teóricos por medidas
experimentais até que se descubra um caminho para a melhoria do ensino. Mais
uma teoria, no próximo, algumas medidas serão sugestionadas, com a ressalva
de que os milhares de profissionais, especialmente secretários, são os
responsáveis de fato e de direito pela solução.
Pedro Cardoso da Costa
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