Quarta-feira, 16 de julho de 2008 - 20h30
Por Leudo Buriti
É tempo de eleição e a sociedade, mais uma vez, se depara com um processo político em que a escolha dos representantes está submetida, predominantemente, àqueles que detêm o poder econômico (os ricos) ou aos que detêm o poder da informação (comunicação) e dos que forjam e manipulam a opinião pública através de um desses expedientes. As pessoas detentoras de tais privilégios têm se transformado em verdadeiras máquinas eleitorais.
O artigo 14 da Constituição Brasileira, dispõe que a ‘soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei...’.
Vários episódios ocorridos em eleições recentes (compra de votos e abuso do poder econômico) evidenciam os limites do atual modelo de democracia, onde a soberania popular é vilipendiada e vê-se a necessidade de uma superação histórica, da forma como vem se apresentando - povo (demos) e governo (cracia) - permanecem separados, muito longe um do outro. Um fator motivador para que isso ocorra é, sem dúvidas, a transformação das eleições em grandes e pequenos negócios em nome da democracia.
Infelizmente, a cada eleição são diminuídas as chances eleitorais de líderes pobres que não dispõe do poderio financeiro e, por conseqüência, não tem condições de patrocinar meios que o transforme em fenômeno eleitoral. Por outro lado, aumenta assustadoramente os “representantes do povo” que se elegem com campanhas suntuosas – empresários, empreiteiros, donos de veículos de comunicação que chegam ao poder sob o discurso da ética e de que não precisam do dinheiro público para sobreviver. Como se por ventura a riqueza ou posição social fosse pressuposto para ser honesto.
Seja o candidato rico ou pobre, a responsabilidade no processo de escolha é do eleitor. É ele quem deve se cercar de cuidados ao definir em quem votar. Depois do dia da eleição, qualquer desdobramento em torno do escolhido não passa mais pelas mãos e nem pela vontade do eleitor.
Modificações feitas na legislação eleitoral através da lei 9.840, de 28 de setembro de 1999, asseveram que “constitui captação de sufrágio, vedada por Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil Ufir, e cassação do registro ou do diploma, observado o procedimento previsto no artigo 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990."
As tipificações de outros crimes eleitorais estão previstos em diversos artigos do Código Eleitoral. Ressalta-se que todo cidadão que tiver conhecimento de infração penal prevista na Lei Eleitoral deverá comunicá-la ao juiz eleitoral da zona onde a mesma se verificou (artigo 356, § 1º do Código Eleitoral). Também os partidos políticos, coligação, candidato ou o Ministério Público Eleitoral, poderá representar junto a Justiça Eleitoral pedindo investigação para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico, tudo conforme o já mencionado artigo 22 da Lei 64/90.
COMPRA DE VOTO, UM NEGÓCIO SUJO
O leitor deste, já deve ter se deparado com político ou candidato honesto, responsável. Porém, também já deve ter tido contato com algum que fala da vultosa quantia que vai gastar – anuncia inclusive que organizará “esquema” para se eleger – candidatos assim transformam o pleito em um verdadeiro negócio e, de repente, estamos diante de um verdadeiro mercado, onde, também como em outros negócios, impera a regra da oferta e da procura.
E qual a relação de parentesco entre os que compram e os que vendem o voto? Entre miséria e eleição? Entre exclusão social e política? A relação é óbvia. Os que negociam votos são criminosos, não tem respeito algum pela sociedade, não se importam se o candidato tem competência, nem com o compromisso que ele deveria ter para com a coletividade. Não estão nem ai se pessoas estão morrendo de fome, se falta emprego para os jovens, se crianças estão sem abrigo, se falta médicos ou remédios para os pobres.
CRIME E PECADO
Muita gente pensa que crime eleitoral se dá apenas pela compra de votos através de dinheiro. A lei é clara e esse negócio sujo também se faz com doações, oferecimento e promessa de qualquer vantagem, seja material, como dinheiro, passagem, cesta básica, combustível, material de construção, ou seja, qualquer situação, inclusive garantia de emprego ou assessoria futura é crime.
E se é crime também é pecado. É bom que os cristãos fiquem atentos, pois com Deus não se negocia. Deus não cobra pelo que faz, Ele não é comerciante. As bênçãos, milagres e, sobretudo, a salvação, se quer a merecemos, vem pela graça. E mesmo que Deus cobrasse pelo seu serviço nós não teríamos como pagá-lo, pois tudo pertence a Ele, vide Colossenses 1.16-17 e Isaias 42.5-6.
A eleição é, portanto, o momento certo de promovermos o exercício da cidadania política com responsabilidade. Se o candidato que você pensa em votar se enquadra em alguns dos crimes mencionados, ou se está fazendo uma campanha com exageros, fique esperto. O dever de coibir os abusos é de toda a sociedade. Analise a capacidade e compromisso do candidato com a coletividade. Candidato que faz campanha suja vai sem dúvidas ser nocivo à democracia e ao exercício da cidadania.
Outra coisa – voto nulo, nem pensar. A responsabilidade de cada cidadão com a sociedade inclui a escolha de candidatos a partir de critérios justos. A escolha dos bons representes que precisamos, dependerá de como usaremos uma poderosa arma chamada voto. Afinal, conforme está escrito em Provérbios 29:2, ‘quando os justos governam o povo se alegra, mas quando os maus governam o povo padece’.
A intenção é que este singelo escrito seja entendido como uma convocação à sociedade, visando o engajamento na busca de um novo tempo, primando por um ideal, com ética, com pureza de sentimento e com respeito ao próximo. Voto não tem preço e quem tenta consegui-lo de formas escusas não merece recebê-lo
Fonte: LEUDO BURITI, advogado, Diretor da Soc. Portos e Hidrovias de Rondônia e presidente do PTB/Ji-Paraná
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