Domingo, 27 de janeiro de 2019 - 12h00
Durante
muitos anos, a antiguidade, era – como se costumava dizer, – um posto.
As
promoções, dependiam: dos anos de serviço, da assiduidade à empresa ou firma.
Nas
últimas décadas, implantou-se – e bem, – o mérito.
Digo
e bem, quando o mérito não
depende da: cor política, credo, amizade ou outra coisa mais, que por respeito,
ao leitor, peço licença para não revelar.
Conheci
– já lá vão muitos anos, – pobre homem, que mourejou toda a vida, na mesma
empresa.
Doente,
com sacrifício, apresentava-se no local de trabalho, tentando, com esforço e
dedicação, ser leal aos superiores hierárquicos.
Os
anos correram… e muitos foram os que visaram, ao verem-no na tarefa de aumentar
a receita da empresa:
- “
Vais receber a medalha de cortiça! Ninguém reconhece! …”
Mas
o homem, na sua inocência, pensava lá consigo: “ Um dia alguém há-de fazer-me
justiça.”
Os
colegas de trabalho, riam-se à socapa, do zelo e do propósito, em tudo,
contribuir para o enriquecimento da firma.
Por
fim, já tinha trinta anos de casa, alguém, lembrou-se de o louvar. Foi motivo
de orgulho. Não pelo louvor, mas pelo reconhecimento.
Andava
alegre como um cuco; como sino em dia de Aleluia, quando o chamaram ao gabinete
do diretor.
Entrou
radiante. Sabia que se preparava importante reestruturação. Reestruturação, que
equivalia aumento de salário. Semanas antes, garantiram-lhe que as alterações, em nada o iriam prejudicar.
Diante
do diretor, este, após agradecer a dedicação e lealdade, disse-lhe:
- “
Como sabe vai haver reestruturação de serviço, e o senhor vai ser
dispensado…Por mim, ficava; mas, eles não querem! …”
O
pobre homem teve um desfalecimento.
-”
Mas Senhor Doutor… – balbuciou a medo, gaguejando. - Quem são eles?! …”
- “
Foram eles! …Foram eles! … – Pronunciou, o diretor, em voz intimadora; e saiu,
deixando o ingénuo trabalhador atónito.
Colocaram-no
– como se costuma dizer, – na prateleira, esperando a chegada da reforma.
Pelo
menos tiveram a caridade de o tratarem com respeito e dignidade.
Disseram-lhe,
então, que fosse para o tribunal. Que fosse ao sindicato…Mas, no íntimo, sabia
que nada adiantava.
Um
dia, encontrei-o, já no final da vida, amargurado. Voltou-se para mim, deu-me
um abraço servil, e declarou:
- “
Podia ter reforma mais confortável, mas acreditei: que, zelando os interesses
da empresa, era bastante… Disseram-me para me queixar…Olhe: aguardo que tudo
seja resolvido no Tribunal de Cristo… Mas ainda penso de mim para mim: que
força tão poderosa era, que conseguiu
abafar a consciência de homem, que parecia tão corajoso ?”
A
dedicação, infelizmente, não chega…é preciso alguma coisa mais… para se ser
promovido e singrar na vida…
Mas
isso, não é para gente simples, que acredita na justiça humana e na palavra dos
homens.
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