Segunda-feira, 23 de setembro de 2024 - 12h45
“Alegrem-se
o deserto e a terra seca, dance o chão duro, florido como a palma. Que se cubra
de flores, dance e comemore, pois Deus lhe deu o esplendor do Líbano, a beleza
do Carmelo e do Saron. Eles hão de ver a glória do SENHOR, a majestade do nosso
Deus. (Is 35,1-2).”
Não sou de trazer contexto bíblico para as minhas traçadas linhas, mas
aproveitando o momento, entre um livro e
outro, nas minhas divagações, despertei com essa passagem no Livro de Isaías que retrata muito bem o
momento em que estamos vivendo no Brasil, em especial, na nossa Amazônia, com
as enchentes passadas, secas e queimadas que, mesmo fazendo parte da
diversidade da região, tem se intensificado muito nos últimos anos por ação e inércia
da mão humana
Nos
últimos anos, a Amazônia tem enfrentado períodos de seca cada vez mais
intensos, evidenciando os efeitos das mudanças climáticas e da degradação
ambiental sobre a maior floresta tropical do mundo. Um dos casos mais
emblemáticos dessa crise é o Rio Madeira, um dos maiores afluentes do Rio
Amazonas, que tem sofrido com a redução do nível das águas e o aumento do
assoreamento. A situação exige uma resposta governamental mais séria e
planejada, sobretudo após a realização de dragagens ineficazes que só deslocam
o problema em vez de solucioná-lo.
Há poucos
meses escrevi sobre a dragagem que vinha sendo feita no rio Madeira para,
segundo governo, através do Departamento Nacional de Transportes- DENIT,
garantir a navegabilidade. No entanto, essa intervenção mostrou-se ineficaz,
pois apenas deslocou os sedimentos de um ponto a outro do leito do rio, sem
atacar o problema de forma duradoura. Esse tipo de abordagem imediatista, sem
planejamento adequado, não resolve as causas estruturais do assoreamento, como
o desmatamento nas margens do rio e a erosão do solo. Atribuí aquela atitude a
mesma condição de enxugar gelo, pois retirava o sedimento de um ponto e jogava
para outro, num looping constante, sem qualquer tipo de solução viável.
Comparei como o oroboro mítico, ou seja- um dragão comendo a
própria cauda. Coisas de governo!
Agora,
quando os rios da Amazônia estão secos, revelando civilizações perdidas,
materiais históricos como canhões, embarcações, ossos de dinossauros e outras
coisas há tanto desaparecidas, traz também a oportunidade para que os técnicos
possam realizar um levantamento completo dos seus leitos, alçando os pontos
críticos de sedimentos que podem ser removidos. Aí vem a pergunta: porque nada
disso está sendo feito? Não sei! De outra forma, pergunto: e por que não se faz
a dragagem agora, com a retirada dos sedimentos se, nesse momento, sabe-se
exatamente os pontos de estrangulamento? Boa pergunta, né? Mas estamos falando
de governo e aí, a conversa é outra...
Estudos
apontam que a utilização de imagens aéreas, mapeamento com drones, e
levantamentos topográficos durante o período de seca permite que os engenheiros
planejem a dragagem de maneira mais eficiente, economizando tempo e recursos
quando o rio encher. Um estudo no Rio Amarelo, na China, por exemplo,
demonstrou que a análise detalhada de sedimentos em períodos de seca levou a
intervenções mais eficientes na remoção de acúmulos críticos de sedimentos
quando o rio voltou a encher.
Por outro
lado, um mapeamento preciso do assoreamento durante a seca permite intervenções
mais localizadas e menos invasivas. Isso é benéfico para a fauna e flora
aquática, já que não exige a dragagem em áreas mais sensíveis, preservando o
ecossistema do rio.
Antes que
venham os apressadinhos questionar qual o meu nível de conhecimento sobre o
assunto? Respondo: nenhum! Mas isso não me torna um leigo, pelo contrário! Os
meus longos anos atuando nos programas de desenvolvimento do Estado de Rondônia
me balizam para buscar soluções técnicas que estão disponíveis a todos, basta
procurar. Um relatório do Yellow
River Conservancy Commission, Comissão de Conservação do Rio Amarelo (YRCC)
uma agência governamental do Ministério de Recursos Hídricos da República
Popular da China, destacou que a identificação dos depósitos de sedimentos em
períodos de baixa vazão permitiu uma intervenção mais eficiente, direcionada
para as áreas que representam maior risco de inundação durante as cheias. Isso
reduziu significativamente os custos de dragagem em comparação com intervenções
em rios cheios.
Há! mais
isso é na China, pode dizer o crítico de plantão. Não preciso ir muito longe
então. No Brasil, o Rio São Francisco também sofre com assoreamento,
especialmente em regiões onde o uso agrícola provoca a erosão do solo. Durante
a seca, quando o nível do rio baixa significativamente, especialistas realizam
mapeamentos para identificar o acúmulo de sedimentos. Essas informações são
cruciais para o planejamento das dragagens que ocorrem durante o aumento do
nível do rio. Um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) mostrou que o
monitoramento dos sedimentos no leito do São Francisco durante a seca permitiu
uma intervenção mais focalizada em áreas críticas, reduzindo os custos e o
impacto ambiental da dragagem realizada durante o período de cheia. Então, mais
uma vez, está claro que a barata continua tonta. O governo nem
sabe o que existe nas suas próprias barbas. Isso porque não se comunica
tecnicamente, prefere fazer politica imediatista sem pensar a longo prazo. Me
recordo, com todas as críticas, do plano Brasil em Ação, pensado no governo
FHC, que realizou estudos para um planejamento brasileiro por 35 anos. O
governo Lula se apossou do programa, no seu primeiro mandato, estraçalhou tudo
e criou o PAC, Plano de Aceleração do Crescimento e que acabou no maior rombo
da história dessa país e muita gente foi parar na cadeia. Há! mas nasceu o
complexo hidrelétrico do rio Madeira, né? Pois é! Nem a energia barateou, os
recursos foram desviados e, ao que me parece, ainda estamos longe da eficiência
energética, apesar dos alarmes.
A crise
no Rio Madeira traz impactos
devastadores para a biodiversidade e para as comunidades tradicionais. A seca
diminui a oxigenação da água, prejudicando peixes e outras espécies aquáticas.
Além disso, as populações ribeirinhas, que vivem da pesca e, principalmente o
transporte fluvial, veem suas condições
deteriorarem com a escassez de água e o aumento do custo do transporte
de mercadorias.
Diante
desse cenário, é imprescindível que o governo adote uma postura mais
responsável e proativa na gestão dos recursos hídricos da Amazônia. A seca, o assoreamento, as enchentes e as queimadas não
podem ser combatidas apenas com medidas paliativas, como a dragagem dos rios mal
planejada e a distribuição de recursos para as queimadas quando a chuva já se
anuncia. É necessário um esforço coordenado que envolva: Mapeamento detalhado
do leito dos rios em períodos de seca, para identificar os pontos de acúmulo de
sedimentos; adoção de práticas de reflorestamento nas margens do rio, a fim de
evitar a erosão e o acúmulo de sedimentos no leito; planejamento a longo prazo
para garantir a navegabilidade das hidrovias da Amazônia sem comprometer o
equilíbrio ecológico da região e a integração
de políticas ambientais e de infraestrutura, considerando as implicações das
mudanças climáticas e seus impactos sobre os ciclos hidrológicos da Amazônia.
Não foi eu quem disse! São os estudos que estão espalhados por aí nos
gabinetes.
A seca na
Amazônia é um alerta claro dos desafios que enfrentamos com a degradação
ambiental e as mudanças climáticas. No caso do Rio Madeira, uma das artérias
vitais da região, a falta de planejamento adequado nas intervenções tem
agravado os impactos do assoreamento e da redução no nível das águas. É hora de
o governo tomar medidas mais sérias e sustentáveis, não apenas para mitigar os
efeitos da crise atual, mas para garantir que o futuro da Amazônia e de suas
populações seja preservado.
Além
disso, é crucial que o governo reconheça o papel estratégico do Rio Madeira não
apenas como uma via de transporte, mas também como um recurso vital para a
economia e o sustento de milhares de pessoas na região e transforma-lo
verdadeiramente numa hidrovia, não apenas no nome.
Por outro
lado, a construção de uma ferrovia ligando Porto Velho a Manaus, aproveitando o
traçado da BR-319, como tenho defendido isoladamente, como a diz lenda do
beija-flor que, sozinho tenta apagar o incêndio na floresta. - !, Essa ferrovia poderia oferecer uma alternativa
ao transporte fluvial, minimizando a dependência exclusiva do rio,
especialmente em momentos de crise hídrica, se interligando aos outros modais
de transportes, em Porto Velho e em Manaus, criando um grande hub que se
integraria com acesso aos portos do Pacífico, numa segunda escala.
O Rio
Madeira, assim como outros grandes rios da Amazônia, precisa de atenção urgente
e de um planejamento estratégico que considere suas particularidades ambientais
e econômicas. Sem isso, continuaremos a ver medidas ineficazes que, como a
dragagem recente, apenas deslocam o problema sem oferecer soluções concretas.
Como
trago no lead do meu texto, um contexto bíblico para tudo o que está
acontecendo, venho procurar uma forma de fazer-nos refletir qual é o papel que
nós homens livres e de bons costumes, temos com a nossa sociedade. Está na hora
de juntarmos nossas mãos numa corrente de força para travar essa destruição que
vem sendo implantada em nosso país. A palavra hebraica midbar,
traduzida como deserto é, na verdade, "o lugar da palavra", o lugar
onde a palavra de Deus, a Bíblia, foi comunicada a Israel. Embora fale do
deserto, ele é apresentado como árido, mas não como uma terra seca e estéril,
assim como está nossa Amazônia.
O “deserto”, que estamos sofrendo hoje, simboliza a
hostilidade, que na Bíblia representa a ocasião em que Deus põe a prova o seu
povo, afim de aperfeiçoá-lo (Sl 78; 95, 107). Isto serve para nos recordar que
a nossa vida não pode ser colocada somente nãos mãos do Grande Arquiteto do Universo,
nas mãos do Senhor, mas que neste mundo hostil, embora dependamos exclusivamente
dele para sobreviver, temos que fazer nossa parte. Qual é a sua? Comece hoje!
Rubens
Nascimento
é Jornalista, Bel. Em Direito, Mestre Maçom e Ativista do Desenvolvimento.
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