Segunda-feira, 19 de dezembro de 2011 - 08h21
Luiz Carlos Albuquerque
O ano era 1.958 e eu tinha quase seis anos de idade. Não vou dizer que, com aquela idade, eu entendesse de futebol. Não entendia nada. Aliás, até hoje não entendo bem deste esporte, ainda que goste de assistir jogos e de torcer pelos dois melhores times do Brasil, Vasco e Corinthians (pelo menos na minha opinião). Nunca joguei bola, e se na minha infância e adolescência conseguia uma “vaguinha” junto aos meus irmãos e demais moleques da rua era porque ou eu era o dono da bola ou o campo de futebol ficava no quintal lá de casa.
Já adulto, todas as vezes que arrisquei uma “peladinha” dei o maior vexame, e mesmo o único gol que me lembro de haver feito (isso mesmo, um só!) eu fiz em parceria com um amigo que estava jogando no mesmo time, pois ele estava ao meu lado e quando a bola veio nós “entramos com bola e tudo” no gol adversário, coisa que só grandes craques sem humildade conseguem fazer. Sou tão ruim de futebol que, quando assisto a uma partida, me enrolo todo para saber quem é zagueiro e quem é atacante. Só tenho certeza da posição do goleiro, que sempre usa camisa diferente dos outros jogadores. Então, é lógico que, aos cinco anos de idade, não fazia a mínima idéia do que era “futebol”.
Naquele tempo, como em Manaus (onde nasci, e vivia então) não havia TV, a maior mídia era o rádio. No rádio minha mãe ouvia Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo, Francisco Alves, entre outros famosos, e também (sem perder um capítulo) as Rádio-Novelas, longas e melosas, com muitas lágrimas do início ao fim. Era a sensação do momento! Meu pai, além do noticiário (entre eles a imperdível “Voz do Brasil”), acompanhava jogos, principalmente de times locais, sendo os mais famosos o time do Rio Negro e do Nacional. Já minha preferência no rádio era, todos os dia às 4 e meia da tarde, ouvir o “Teatrinho Infantil”, que contava histórinhas diversas, que iam do valente “Jerônimo – O Herói do Sertão” ao inocente “Lobo Mau e os Três Porquinhos” (inocente, mesmo, não era, já que a intenção do Lobo Mau não era das mais “santas”).
Quanto ao futebol, mais precisamente às Copas do Mundo, o Brasil todo ainda tinha, atravessado na garganta o “fiasco” de haver perdido a Copa de 1950 para o Uruguai, dentro do Maracanã. E então começou a Copa do Mundo de 1958, na Suécia. E o que sempre me vem à memória daquela Copa é a figura de meu pai, jogo a jogo, sentado, nervoso, ao lado do rádio. Entre tantas coisas que aconteciam, tantos gritos e choros, as duas coisas mais marcantes: Uma era a voz do locutor, um som “enlatado”, falando rápido, em uns momentos muito alto e em outros momentos quase inaudível. O som aumentava e baixava, quase sumia, deixando meu pai desesperado, mexendo constantemente no dial e na antena do rádio para ver se localizava melhor a emissora.
A outra coisa que marcou era ver meu pai, nervoso, acompanhar os jogos roendo as unhas, depois os cantos dos dedos até ficarem em carne viva.
Uma loucura! Mas valeu a pena: O BRASIL FOI CAMPEÃO!
Fonte: Luiz Carlos Albuquerque
Escritor, editor do quinzenário Leitura Porto Velho (ex-Leitura no ônibus)
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