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Moralismo destruiu o Brasil, diz Fernando Brito


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Por Fernando Brito, editor do Tijolaço

Viramos um país de black blocs.

O fato de serem blocs de direita (e os originais não são?) e vários deles serem engomadinhos e “institucionais” não reduz o estrago que provocam, nas coisas e nas mentes, afastando as pessoas da política e das discussões sobre o essencial neste país.

Parece que a única divisão que existe é a entre velhacos e histéricos.

Como nos tempos de criança, tudo virou uma disputa entre “bandidos e mocinhos”, num enredo primário próprio de mentes infantis e, quando vem a idade, estúpidas.

Nossos “men in black” abduziram o debate político e o reduziram a uma missão de extermínio.

O acaso revelou a sordidez do acordo de Joesley, mas em quantos outros a sordidez ficou guardada nos encontros com bandidos em tenebrosas transações penais. Joesley escondeu provas? Mas o que dizer de só agora, meses depois de sua premiação por delatar, tenha sido fornecido o acesso ao computador pessoal de Marcelo Odebrecht?

Não podemos dizer nada, porque  se estabeleceu  não apenas o monopólio da verdade nas mãos dos órgãos persecutórios (polícia e Ministério Público) como a eles se deu, pelos acordos de delação, o poder de moldar esta verdade.

A onda moralista simplesmente nos afogou num copo d’água que começou com o “padrão Fifa” e passou a um “padrão Moro”.

Não obstante, enquanto a pilantragem continua correndo solta – ou o dinheiro de Geddel era antigo? – seu combate vai servindo de cobertura para a liquidação de todos os setores promissores da economia brasileira.

De cara, a Petrobras e o pré-sal, em seguida a construção pesada, um dos únicos campos industriais onde tínhamos presença mundial e, agora (alguém tem dúvidas?) o mercado de carnes processadas.

Os moralistas destroem a economia e a velhacaria cuida de liquidar os direitos sociais. Em poucos dias, entra em vigor a reforma trabalhista e haverá nova ofensiva pela contrarreforma previdenciária.

Dos guris que foram para a rua em 2013, sobrou-nos o Kim Kataguiri.

Realmente, não eram apenas 20 centavos.

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