Terça-feira, 1 de agosto de 2023 - 16h54
Martin Walser não andou comigo na doutrina nem foi comigo à comunhão, mas, quando leio obras dele, sempre me impressiona pela riqueza da sua linguagem e pelo facto de não se alinhar no oportuno pensar politicamente correcto e de ser uma personalidade rara numa sociedade demasiadamente igual a si mesma!
Estudou literatura e filosofia e em acto não conforme com os EUA nem com a opinião generalizada (mainstream) tomou partido contra a Guerra do Vietnam (sendo por isso apelidado de “comunista”); também ergueu bem cedo a voz contra a divisão da Alemanha (o que lhe valeu o atributo de “nacionalista” a nível do pensar politicamente correcto); fez também campanha por Willy Brandt na sua candidatura para chanceler e manifestou-se contra a entrega de armas pesadas à Ucrânia.
Manteve a sua personalidade por vezes polémica ou polemizada como foi o caso da crítica aos Media que todos os dias lematizavam o Holocausto: “Nenhuma pessoa séria nega Auschwitz; ninguém que ainda esteja são trai o horror de Auschwitz; mas quando esse passado me é mostrado todos os dias nos Media... Auschwitz não serve para se tornar uma ameaça rotineira, um meio de intimidação que pode ser usado a qualquer momento, ou um porrete moral". Walter abordou este assunto no romance "Morte de um Crítico".
Foi crítico de uma cena cultural muitas vezes desonesta, mas a sua grandeza é demonstrada nos lugares altos da literatura e não nos lugares baixos da política. Dele satisfaz-me a frase: „Escreve-se para tornar a vida suportável"! E o escrever é “uma declaração de amor à vida”. Importante é atuar-se a partir de um lugar seguro.
Com 96 anos morreu (28. 07.2023) uma importante estrela da geração alemã pós-guerra. Desde 1955 publicou cerca de 70 contos e romances. Com seus livros e ensaios, Walser abriu os olhos de muita gente. Ergueu a sua voz contra condições sociais criadas que impedem o desenvolvimento humano e o arruína. Os seus heróis e anti-heróis refletem as lutas competitivas da vida cotidiana.
Como poeta, sensibilizou-me ficando na memória a sua frase: „Sou as cinzas de uma glória que nunca existiu".
Para ele "a mais clara superação da morte e do morrer é a escrita “! "A morte não existe para nós. O que nos espera é o morrer". O último livro que escreveu foi “Trovador” em 2023.
Para terminar cito uma frase de ouro do mágico da linguagem no livro “O que falta quando falta Deus” da Editora Herder: “Ocorre-me o que me falta: essa é a base da escrita. Essa é também a base da religião, essa é a base da nossa língua: porque não temos algo, temos a linguagem. Se tivéssemos Deus, não teríamos uma palavra para ele. É apenas por falta que precisamos das palavras"(1).
António CD Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=
DIREITOS DE LIBERDADE RELIGIOSA E DIREITOS LGBT
Entre o Direito à Dignidade humana e o Direito de se organizar em Grupos
A questão será, como compatibilizar direitos individuais (LGBT) com direitos de grupos ou confissões numa sociedade que respeite ao mesmo tempo o indivíduo e a comunidade? Neste contexto, como coordenar a política de inclusão, apesar de tanta propaganda Arco-Íris e de tanta confusão propagada?
O Direito individual à Dignidade humana é o fundamento de uma vida civilizada; no conflito entre identidades individuais e identidades comunitárias seria da essência da instituição servir o indivíduo, tal como a dos órgãos servirem o corpo. É próprio de uma certa dialética e irracionalidade humana considerarem-se antagónicas grandezas que na sua essência são complementares...
"LGBT" significa lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros....
No exercício de papéis ou funções sociais haverá sempre contradições dado haver dois campos de intervenção (identidades), por vezes, concorrentes e intrínsecos à humanidade: o indivíduo e a organização ou comunidade. Numa sociedade em que a personalidade individual se quer cada vez mais reduzida ao ego acentua-se o conflito que em termos epocais pode ser considerado fatal....
Neste caso um tratamento eventualmente desigual, não seria discriminatório dado beneficiar o todo e especialmente quem participe nessa missão comum...
No 53º Conselho de Direitos Humanos da ONU o lobby pró-LGBT quer a aplicação de padrões LGBT em contextos religiosos, o que legitimaria uma ingerência directa dos governos em questões de liberdade religiosa. O Estado não pode ser transformado em ministério da verdade e como pessoa jurídica deve ser isento relativamente a visões conservadoras ou progressistas. A tentativa de condicionar comunidades religiosas ao seguimento dos direitos LGBT é redutora...
Neste aspecto há ainda que ter em conta a diferença essencial que há entre sociedade e comunidade...
O direito legítimo e necessário de cada indivíduo se organizar em grupos ou comunidades implica uma tensão entre o princípio da individualidade e o princípio do grupo ou comunidade. Assim torna-se difícil encontrar um equilíbrio entre a política de inclusão e o direito de se organizar em grupo ou comunidades....
A diversidade só é valor na medida em que faz parte de um todo. Se se argumenta com o direito à igualdade tem que se ter em conta também o direito à não discriminação de grupos ou instituições com convicções próprias...
A diversidade individual e grupal está em função da pessoa numa relação de complementaridade devido à interdependência natural: bem-estar individual e coletivo pressupõem compreensão e tolerância recíprocas. O facto de se querer dar universalidade aos valores, isso não deve passar por cima da realidade....
A política de inclusão europeia, no que respeita à religião muçulmana é ingénua e, a longo prazo, prejudicial para as partes, dado o islão ser uma política de poder sob a forma de religião e aqui mais que a inclusão de indivíduos se trata da inclusão de uma sociedade que se afirma como paralela...
Em nome do mero contexto cai-se num relativismo absoluto legitimador do que será só relativo, mas que não permite um escrutínio crítico e fundamentado em evidências...
Pretender criar uma sociedade inclusiva e justa pressupõe uma atividade inclusiva nos dois sentidos: no sentido do indivíduo e no sentido da comunidade como elementos de um todo. A política de inclusão não será séria se não respeitar o contencioso entre grupo e indivíduo e entre os diferentes grupos...
No cristianismo há a postura institucional em questão de doutrina e por outro lado é reconhecido o direito do crente a seguir a sua opinião sem necessidade de renegar a sua fé (aceitação da tensão entre crença e fé) ...
No cristianismo enfatiza-se o ministério de Jesus Cristo que prestou atenção especial aos marginalizados da sociedade e encorajou as pessoas a se amarem incondicionalmente (a mensagem cristã de amor, compaixão, tolerância e justiça implementa o respeito e a aceitação incondicional de todas as pessoas); aqui trata-se de uma atitude e não de uma ideologia...
O facto de uma pessoa ou grupo afirmar as entidades transgénicas não implica que o que as rejeita e vice-versa tenham de ser considerados à margem da lei...
A tarefa humana de manter a humanidade em paz é prioritária e nesse sentido devem colaborar todas as instituições e mundivisões. Os direitos individuais humanos não legitimam, porém que uma cultura suborne a outra através de uma política ou mundivisão que identifica o direito individual com o direito da comunidade (caso do islão) ...
Também colocar o direito de minorias em termos de igualdade das maiorias ignora o processo interino de lutas entre grupos e cria situações caricatas e atitudes hipócritas quando razões meramente económicas desvalorizam em seu serviço as razões culturais em jogo; isso leva à confusão e ao autoengano! Quando a atmosfera é guerreira não há deuses que defendam a paz! Também a ideia globalista em voga não se revela como séria quando o activismo geral em jogo se dá sobretudo na e contra a cultura ocidental. Incontestável deveria permanecer de maneira transversal a todas as culturas a preservação dos direitos humanos de cada indivíduo. Quanto à regulação dos grupos entre eles deveria haver o princípio do reconhecimento recíproco.
O direito à dignidade humana é o fundamento de todos os direitos, que segundo a interpretação cristã assentam na filiação divina do humano. Porém, a dinâmica interpessoal não pode ser cem por cento aplicada na relação entre grupos.
António CD Justo
Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=
O MAPA MOSTRA A RAZÃO PORQUE O COLONIALISMO INTERNACIONAL CONTINUA TÃO INTERESSADO EM MANTER-SE EM ÁFRICA
O mapa de África (1) mostra a grande riqueza de África em matérias primas. Algumas tornam-se indispensáveis para o grande negócio europeu. A energia atómica na França depende do urânio do Níger!
A África quer-se mantida desunida porque desse modo não conseguirá resistir às políticas de domínio global. Mantida na subserviência regada pela corrupção favorece os corruptos globais que no meio da confusão podem levar avante o seu negócio e, ao mesmo tempo, lavar o seu rosto sujo na inocência das próprias populações mantidas no desconhecimento para assim poderem aplaudir a continuação dos colonialismos atuais sem o notarem; um dos meios é falar de ajudas a África e distrair o povo a falar dos colonialismos antigos como se já tivessem passado quando o colonialismo de hoje não é menos bárbaro que o antigo, pelo contrário.
Por outro lado, o povo europeu é ocupado e distraído com propagandas arco-íris e no jogo dos aliados. De facto, temos em acção, por um lado, os dinossáurios económicos globais a explorarem especialmente a economia de África e, por outro, os dinossáurios mundiais da política e da cultura a ocuparem e manipularem a consciência dos povos dos países chamados ocidentais, para que destruído o humanismo criado se possa passar por cima da dignidade humana das pessoas na Europa como se faz já em África.
A guerra da violência em todos os sectores da sociedade é tal que exigiria a ocupação de todas as forças do bem no empenho pela resolução dos problemas da injustiça atual. O poder estabelecido e muitos dos Media seus acólitos fazem tudo por tudo para ocuparem e distraírem a sociedade em factos comentados e espetáculos secundários para desse modo poderem continuar a sua acção malfazeja.
António CD Justo
Pegadas do Tempo, https://antonio-justo.eu/?p=
O que se espera de Léo Moraes em matéria de arquitetura e urbanismo
A cada mudança na prefeitura, renovam-se as esperanças de que sejam melhoradas as relações do Executivo Municipal com as diversas categorias profiss
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