Quarta-feira, 17 de dezembro de 2008 - 12h05
Roberto Malvezzi, Gogó *
Adital - O irmão - e bispo - Casaldáliga gosta de contar uma história. No fundo, uma teologia popular. Diz que, conversando com um morador das beiras do Araguaia, o homem afirmou: "Deus é um homem bom".
Não me recordo que algum teólogo acadêmico já tenha feito essa declaração. Nem mesmo o magistério da Igreja. Entretanto, esse teólogo popular entendeu o que significa o Natal para os cristãos. É Deus se fazendo ser humano. Jesus é "verdadeiramente Deus e homem", diz o credo católico. Jesus é Deus e o homem bom.
No Natal Deus nos mostra sua cara, num menino. O mistério da encarnação e da epifania de Jesus é para mim maior que o da própria ressurreição. Afinal, é da natureza de Deus não morrer. Mas, se morre, é da lógica "retomar sua vida". Entretanto, Deus mergulhar na condição humana é absolutamente absurdo. Só mesmo aquele que tudo criou, que gostou do que criou, num gesto infinito de amor, poderia amar o que criou de tal modo que tenha se decidido fazer-se também criatura. E não foi por um momento, foi para toda a eternidade. Jesus é o encontro supremo do Criador com suas criaturas, de forma definitiva, consolidando todo projeto de Deus que começou a ser implantado há 15 bilhões de anos quando o Universo foi criado. Só falta a plenificação, o pleroma, como dizia Teilhard de Chardin. No coração de Deus já estávamos desde toda a eternidade. O que Deus fazia antes? Santo Agostinho respondeu: nada.
No dia de Natal D. Hélder Câmara pegava o ônibus, ia para uma favela, visitava as famílias e depois celebrava com a comunidade. Ao final, retornava para sua humilde casa nas periferias de Recife.
* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra
Fonte: ADITAL
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