Sexta-feira, 11 de dezembro de 2009 - 18h14
Por: R. Nonato Melo
“Uma torcida não vale a pena pela sua expressão numérica. Ela vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. E a torcida tricolor leva um imperecível estandarte de paixão.” Nelson Rodrigues
Perguntaram-me domingo agora, durante o intervalo do jogo do Fluminense contra o Coritiba, há quanto tempo eu freqüento ali, e tasquei sem maiores delongas: oito anos. Depois, a Tio Maria me disse que é o tempo que tem a Porto Flu de idade, oito ou nove anos. Ali vi o tricolor existir por quase uma década, ora em divisões diferentes, e por vezes beliscando o brasileirão. Ajudei – que eu ajudei – na luta pela Libertadores, de tal forma que ainda sinto, em dias de frio e nostalgia, um resto dela nos escapando por entre os dedos, pela diferença mínima de um gol, notadamente depois que vimos o replay agora na Sul-Americana. Vi, por fim, com uma fé e teimosia nelsonrodriguianas, uma das maiores bofetadas nos teóricos do futebol dos últimos tempos, dada pelo Fluminense, que ora chamo de “a épica volta de quem não foi, mas esteve morando lá.” Após repousar como que deitado eternamente em berço esplêndido na mais indizível e repugnante das posições, o time como que disse: “quantos jogos falta? Onze? Não podemos perder mais nem um? Podemos ter até quatro empates e depois ganhar todos e ainda, dependendo de resultados de terceiros, talvez até jogar por um empate no final? Então vamos jogar bola, que agora é sério. Chega de lanterna e não vamos ser rebaixados!” Não parou mais.
Quando vi em fevereiro deste 2009 um Flu x Vasco no Maracanã, pelo Campeonato Carioca, com um empate de 0 a 0, onde a Carmela, minha namorada, que gosta de futebol em um nível inferior a se permitir ver comigo um jogo do tricolor por inteiro até na televisão, chegou a dormir em uma das cadeiras azuis, mesmo com toda a zoada da torcida vascaína, calculei o terrível que seria esse ano, inclusive no fim do brasileirão, pra não cair. Isso depois do ano passado, onde o time passou do céu ao inferno, perdendo a Libertadores e não podendo, mas “passeando em campo” no campeonato nacional. Mas também me veio uma pontada de intriga, e me apanhei indagando se não teria sido melhor ver o jogo da Porto Flu mesmo, e talvez o resultado fosse diferente. Não querendo invocar aqui o emblemático personagem de Nelson, Sobrenatural de Almeida, cruz credo, e já devidamente seguro de estarmos na primeira divisão, sei que não tem mais risco e posso falar: parece que quando vejo jogos do Fluminense fora da Porto Flu não é que o time perca necessariamente, mas como que no reduto tricolor seja quase mais garantida a vitória. Quem chama de superstição não entende de futebol.
E o que chama a atenção é a diversidade de opiniões sobre o tricolor, as causas e soluções de problemas, entre os torcedores no bar da Tio Maria e nossa casa. Eu, por exemplo, sei que o time em campo é reflexo dos treinos, de quem apresentou melhor futebol, disposição, aliado a um projeto tático do treinador... Mas nunca engoli deixarem o Tartá sempre fora. Joga e fez muito mais gols que o Marquinhos – que só fez um no Brasileiro, salvo engano – é agressivo, rápido, habilidoso e foi protagonista, junto com o Maicon, do não-rebaixamento do time em 2008, com René Simões. Há, claro, quem pense em contrário. Mas em uma creio estarem todos os tricolores da Porto Flu em consenso: tinha passado da hora de tirar o Luiz Alberto. Tudo começou depois que ele saiu, com sua vontade de baiano na rede, debaixo da palmeira na praia. Tenho uma tese que repito desde a fatídica derrota do Fluminense para a LDU por 4 x 2, pela Libertadores, em 2008: O Renato tinha o Roger, experiente em disputar jogos internacionais pelo Grêmio, bom marcador, responsável pelo time ganhar a Copa do Brasil e se classificar para a Libertadores, com seu gol, gaúcho como ele, sabendo – ou devendo saber – que o forte do time da LDU era pela nossa lateral esquerda com Gueron e cia., e findamos tomando três dos quatro gols por ali... pois ele colocou Luiz Alberto!
O fato é que estamos vivos. Foi muita energia contida, muita decepção durante o ano, para na escalada final, termos a oportunidade de ouvir elogios por todos os lados sobre nosso Fluminense. O time que apresentava um Mariano praticamente unânime no País como um perna de pau, um Diguinho, que a bola queimava ao tocar seu pé, e quase todos seus passes eram errados, um Cássio destrambelhado, isso depois de um Ed Carlos, outra íngua, responsável por vários gols tomados pelo Flu, um Diogo fazedor de faltas, como contra o Atlético, com o gol do Tardelli de escanteio, que começou com uma falta desnecessária próximo à grande área, do Diogo, um Fred mais vaiado que notado, um Maicon que precisou ir pro Sub-20 pra se encontrar e um Conca mais parecido a não querer jogar futebol, pois ninguém jamais negou seu talento. Ah, e salários atrasados. De regular só vi no time o Alan, sempre que entrou manteve um certo padrão, marcando gols importantes quando teve oportunidade, e o goleiro que substituiu o Fernando Henrique, pai da irregularidade, mas que falhou, infelizmente, em pelo menos dois dos gols equatorianos em Quito.
Mas o time reagiu. Quando não se esperava senão um milagre, e apenas crido pelos mais fervorosos torcedores, eu diria mais pra Chico Buarque que pra Jô Soares, fenômeno desses possíveis para homens de muita fé, quando a angústia se abatia no semblante alviverde-grená e os últimos argumentos meio guturais, como suspirados ou simplesmente obstacularizados pela assunção de torcer para um clube enfraquecido por forças e motivos que já nem valia a pena buscar entender, eis que o time reagiu. Na Porto Flu, o Jairo Guedes inventou a “avenida Mariano”, termo bem utilizado nas críticas quando ele pegava na bola, e de repente o lateral direito sinistro e medroso cedeu lugar a um tornado, marcando, correndo e conduzindo a pelota como fazia tempo não se via por aquele lado do campo, marcando até gols. Nunca mais se falou ali na tal avenida. A zaga melhorou substancialmente. O técnico Cuca dizia: “são meninos novos, é preciso adquirirem confiança”. Pois era isso mesmo, e ele soube dar aos meninos a tal confiança. De repente, o “bichado” Fred, até então mais despesa e decepção, se encontrou, Conca achou seu futebol e jogou de forma brilhante, como na Libertadores no ano passado, e o Flu conduziu-se numa Sulamericana e em um brasileirão como o time grande que é e sempre foi. E se deu assim nas rodadas finais, de forma que nem o diabo queria pegar o Fluminense pela frente. Que o diga Cruzeiro, Cerro Porteño, Universidad do Chile, Atlético Paranaense e o até então favorito ao título Atlético Mineiro, que após tomar uma lapada do Flu, até agora está procurando o caminho de casa. O melhor de todos: Cuca!
Parabéns, Fluminense e Porto Flu, que sempre acreditamos!
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