Sábado, 19 de março de 2011 - 19h44
*Fátima Cleide
As fatalidades da vida nos obrigam a parar e refletir sobre o quão é passageira nossa existência. Nem me lembro o dia em que conheci aquela figura baixinha, de intensos olhos verdes, beradeiro de Tabajara, antigo distrito de Porto Velho e hoje, Distrito de Machadinho (com que orgulho ele gostava de lembrar isto!), de uma constante alegria e disposição de contribuir com a luta por transformações na sociedade para torná-la justa. Assim era meu companheiro Ely Bezerra.
Embora fuja da memória o dia exato em que nos conhecemos, lembro-me com muita clareza o dia em que em nossas vidas marcou o início de nossa jornada como dirigentes sindicais. Junto com a Professora Vanilda e o hoje Secretário Municipal de Agricultura de Porto Velho, José Wildes de Brito, fomos eleitos Delegados Sindicais de Base do SINTERO.
Claro a história de Luta de Ely, bem como a minha, antecede a este fato. Antes atuamos na base da APPV (associação de Professores de Porto Velho) e da ARP (Associação de Professores de Rondônia) . Mas a atuação no Sindicato nos marcou pois foi um período de muita agitação. Era o inicio dos anos 90 e ainda vivíamos, aqui em Rondônia, os resquícios do período ditatorial (1965-1984), vez que, por estas bandas só nos livramos de governos ligados à Ditadura Militar com a eleição e posse de Jerônimo Santana, em 1987. E foi, justamente neste governo, que despontamos como lideranças de base sindical.
Quem em Porto Velho não se lembra do bordão “Jerônimo Santana, cadê a nossa grana?” Pois é, eu me lembro. E me lembro também da alegria do meu querido amigo Ely animando nossas manifestações, protestos e greves, fosse na disposição de entrar nas escolas para conscientizar, organizar e mobilizar os trabalhadores em Educação. Fosse compondo as inúmeras paródias para satirizar a conjuntura, em parceria com Linete Ruiz ou com Joelcimar Sampaio, fosse nas intermináveis reuniões, lá estava ele sempre disposto a contagiar todos com sua alegria.
Da luta sindical, caminhamos juntos para a luta partidária. O PT acolheu nossos sonhos e, juntos, testemunhamos a vitória do Presidente Lula e as transformações realizadas neste país, nos últimos oito anos, fruto dos sonhos de tantos trabalhadores e trabalhadoras anônimas que, como Ely, muito trabalharam em diversos fronts, para a realização do sonho de mudança.. O companheiro Jorge Streit, hoje Presidente da Fundação Banco do Brasil, bem sintetizou em sua fala durante o velório no sábado: “O Ely não era o cara que aparecia na fotografia, mas o seu trabalho, nos bastidores, como militante e dirigente contribuiu para que alguém de nós, em diversos momentos de sua breve existência, pudesse ter o rosto diariamente estampado nas páginas diárias dos folhetins.”
Ernande Segismundo Já registrou a valentia do guerreiro que se dispõe a contribuir nas mais diversas tarefas para o sucesso das ações previstas.. E o guerreiro Ely nunca disse não a uma convocação. Desta forma, foi também colaborador do Prefeito Roberto Sobrinho, atuando como Secretário Adjunto de Turismo. E foi também um exímio comunicador. Deixou marcas em sua passagem nas ondas da Rádio Caiary, convocado que foi, inicialmente por nós, para apresentar um programa de Rádio junto com Ana Lucia. Não se fez de rogado, foi lá e cumpriu sua missão. Era um incansável lutador pela democratização dos meios de comunicação e pela expansão das Rádios Comunitárias, tendo se tornado integrante da Abraço. Em seu planejamento constava a organização de uma Associação para criar uma Rádio Comunitária em Porto Velho e ele
era o responsável pela produção musical . Mas em se tratando de Ely Bezerra, não eram quaisquer músicas. Bregueiro por convicção, animado que estava com este projeto, já havia selecionado em seu pen drive mais de 1.600 bregas. Espero que possamos avançar e concretizar as ações previstas pela ABRAÇO/Rondônia e, especialmente, consigamos concretizar e viabilizar o sonho coletivo da Rádio Comunitária de Porto Veho . Por isso tudo, o Segismundo bem definiu como “o bom cabrito que não berrava”.
Desse modo, tive e agradeço a Deus por isso, a oportunidade de conviver de pertinho ao longo de mais de duas décadas com Ely Bezerra. Acompanhei sua vida e ele a minha. Éramos amigos confidentes. Sua partida brusca e prematura chocou a mim e a todos os seus muitos, mas muitos mesmo, amigos. Por sua personalidade alegre, leal e fiel, Ely conquistava a todos e não conheço alguém que merecesse ser portador de sua inimizade. Deixa em nós uma enorme saudade, um enorme vazio e uma interrogação imensa: Porque tu? Porque agora, que estavas tão feliz, vivendo um amor de causar a boa inveja nos que o rodeavam? Com a Marinêz vivias o melhor de teus tempos. Deixastes para nós a lembrança de que o importante é viver de bem com a vida, querer bem a todos e, sempre, sempre, perdoar e nunca guardar mágoas ou rancor.
Tantas coisas, tantos momentos vivemos juntos. Tua trajetória cruzou com a minha durante todo esse tempo e agora me deparo com a constatação de que foi breve nosso tempo. Tu tinhas apenas 43 anos. Apesar disso, tão intensa foi tua vida.
Sentiremos muita falta do nosso companheiro “Gatinho”, contador de piadas, amante e cantador de bregas. “Moranguinho do Nordeste” terá sempre a sua cara. O “Prof” será sempre lembrado nas reuniões do PT, no secretariado municipal e em nossos corações e mentes.
Preciso dizer a Marinêz, Ely Junior, Dani e Luiz que sou testemunha de que aquele coração que parou de bater na sexta-feira, dia 11 de março, às 17:47h e que cabia o mundo inteiro dentro, tinha um amor muito grande por vocês. Aos irmãos e sobrinhos, digo-lhes que vocês foram muito generosos por compartilhar conosco a vida de Ely. Muito obrigado!
Um beijo no seu coração, meu irmão gatinho! Lembrarei sempre o seu jeito doce e as caras e bocas que fazias nos momentos em que queríamos brigar contigo, o que tornava a missão impossível. Ely, valeu a pena sim “ser pescador de ilusão”! Agora, descanse em Paz!
*Fátima Cleide – Foi Senadora da República pelo PT/RO
É membro da Comissão Executiva Nacional do PT
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