Terça-feira, 27 de fevereiro de 2024 - 08h15
Quero
abordar alguns números da nossa economia que são impressionantes.
O
governo Bolsonaro, que teve um déficit grande, porque o país parou durante a
pandemia de Covid-19, conseguiu terminar o seu governo em 2022 com um superávit
de 51 bilhões de reais.
O
Presidente Lula que, desde o início do seu atual mandato, dizia estar
gastando sem saber como encontrar receitas, aumentou de 23 para 38 o número de
Ministérios, promoveu gastos sem saber se caberiam no orçamento e encerrou o
ano de 2023 com um déficit de 231 bilhões de reais. Se
considerarmos que houve um saldo de 51 bilhões no governo Bolsonaro, ele
esgotou os 51deixados por Bolsonaro e gastou mais 231 bilhões da receita que
teve, vale dizer, estourou o teto em 282 bilhões de reais!!!
Dizem
que foi por causa dos precatórios, porque tinham que atender necessidades, mas
a verdade é que as contas públicas, com este furo extraordinário, traz uma
preocupação muito grande para aqueles que veem o Brasil como um país que não
poderá pagar sua dívida um dia. Basta dizer que sempre estivemos entre os
10 maiores receptores de investimentos estrangeiros mas, no primeiro ano de
Lula, caímos para o 14º lugar!!!
Houve
aumento tributário: tivemos aumento da carga tributária em 2023 em determinados
setores, um aumento no endividamento do país, o que é péssima sinalização para
os investidores, que investem nos países que são considerados confiáveis.
Tenho
a sensação de que não adianta dizer: “encontrei um país desorganizado”. Ora,
era um país desorganizado com 51 bilhões de reais de superávit? Será que é
agora que o país está “organizado”, com 231 bilhões de déficit?
Vale
dizer, não é no discurso, nas histórias, nas narrativas, dizendo que o
governo anterior não funcionou, quando o ministro da economia era
Paulo Guedes, o qual deixou o superávit acima, mas que o país funciona agora,
num governo que está com déficit elevadíssimo, aumentando a carga tributária e
o endividamento.
Lembro
que Roberto Campos (o avô) - com quem fundei, ao lado de outros grandes
economistas (Simonsen, Galvêas, Serra, Delfim e outros) a Academia
Internacional de Direito e Economia/AIDE -, dizia ter grande admiração por
Paulo Guedes.
Se
o Ministro Fernando Haddad não conseguir efetivamente reorganizar a economia
para enfrentar 2024, colocando em ordem as contas públicas, certamente
entraremos numa rota de colapso em 2025 e em 2026.
A
inflação só foi controlada pelo excelente trabalho de Roberto Campos Neto, na
presidência do Banco Central.
Creio
que todos os holofotes estão agora sobre o Ministério da Fazenda. Como
equacionar um déficit tão grande para um ano em que eles pretendem um
déficit zero? Estou falando de déficit primário, em que não se conta o
serviço da dívida, por exemplo.
Vejo,
no aspecto econômico, o país tomando um rumo que não me agrada, saindo de um
superávit de R$ 51 bilhões em 2022 para um déficit de R$ 231 bilhões; o segundo
maior déficit da história em um ano, só comparável àquele em que o país parou
quando houve a pandemia de Covid, em 2020.
Tenho
sempre esperança que o governo termine por acertar, mas o receio é muito grande
que a esperança não se realize.
Ives
Gandra da Silva Martins é professor emérito das universidades
Mackenzie, Unip, Unifieo, UniFMU, do Ciee/O Estado de São Paulo, das Escolas de
Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme), Superior de Guerra (ESG) e da
Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região, professor honorário das
Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis
(Romênia), doutor honoris causa das Universidades de Craiova
(Romênia) e das PUCs PR e RS, catedrático da Universidade do Minho (Portugal),
presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomerci o-SP, ex-presidente da
Academia Paulista de Letras (APL) e do Instituto dos Advogados de São Paulo
(Iasp).
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