Quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008 - 17h01
Com um segundo golpe traiçoeiro, a dolosa ação humana tenta destruir o nosso Mercado Municipal. Zizi não é um bar, é uma trincheira! Com a sua derrubada, atingiu-se frontal e abusivamente um dos poucos símbolos da resistência passiva às impropéries e barbáries que têm desabado sobre nós, por palavras e gestos dos novos colonizadores e, às vezes, por irresponsabilidade e devaneios de nossos ingênuos administradores.
O que restava do nosso orgulho regional, naquilo em que o paisagismo integra a nossa identidade cultural, resistia de pé, como uma chama de vida e de esperança, nas funções do Bar do Zizi. É mais do que lamentável. A derrubada do Bar do Zizi constitui uma ação violenta e criminosa contra nossos valores. Mais do que criminosa, covarde! O Bar do Zizi foi golpeado traiçoeiramente porque o momento, certamente, foi escolhido, deliberadamente, por um ‘comando estratégico’, consultando a tática da melhor oportunidade: enquanto os ‘Sentinelas de Rondônia’, os guerreiros vigilantes de nossas tradições e de nossa memória, dormiam ou ainda consumiam suas últimas energias na festa do carnaval.
Tenham certeza: as lágrimas que Ernesto Mello anda derramando não são só dele. É de todo um povo que tem sido vítima, ao longo de sua história dos projetos espoliadores de antigos e novos colonizadores. Aqueles que derrubaram o Zizi, apostaram na hipótese de que não ficou uma gota sequer de dignidade nos escombros de nossa identidade.
Não basta choramingar, escrever poesia, lamentar em mesa de boteco! A ofensa é grave e o instante é limítrofe! A dignidade do homem está na sua capacidade de pensar e de agir, vale dizer: só é digno de ter passado por esta vida aquele que aprendeu a decidir! A decisão é a energia e a força que está no núcleo da idéia de Cidadão. Cidadão é aquele a quem não se pode culpar pelas coisas ruins ou boas que acontecem na trajetória de sua vida; Cidadão é aquele que será responsabilizado pela maneira como reage às coisas que outros homens lhe causam, principalmente as que resultam em dano patrimonial ou moral!
O valor moral de um povo está na capacidade de fazer acontecer as coisas que habitam seus sonhos ou de reconstruir as boas lembranças que insistem em não morrer em sua memória. O problema que esta presente na idéia de que ‘o Zizi não morreu’ é profundamente ético, algo que está ligado ao dever de ‘ação por uma boa causa’, de ‘reação por legítima defesa, ou estado de necessidade’.
Não duvido de que as pessoas que estão pensando em ‘transformar’ o Mercado Municipal em ‘mercado cultural’, estejam cheias de boas intenções. Mas tenham certeza de uma coisa: de boas intenções o inferno está cheio! É preciso mais do que isso para se chegar ao céu ou ao paraíso.
Meu presidente Zé, Meu timbira Basinho.
Neste momento o Zizi só resta na nossa memória. Só depende nossa ação recolocá-lo no plano da realidade histórica, no patamar de nossas obras.
Minha proposta continua sendo a mesma: derrubar o edifício Rio Madeira e sobre seus escombros reerguer de novo o Mercado de Porto Velho com seu paisagismo original, inclusive cercado dos paralelepípedos que se transformarão em calçadões. Reconstruída a estrutura física, dê-se a ela a função cultural que o povo quiser, democraticamente, com muita discussão e deliberação!
Não existirá outra solução que satisfaça o nosso dever de reação. Passa da hora de se exigir desrespeito e de dar um basta a toda forma de ofensa e de traição. Essa a tarefa de nossa madura geração: ou reage ou entrega as calças na eterna fuga de um infindável carnaval!
Vamos reerguer o Bar do Zizi. Com ele, todo o Mercado Municipal. Todo e originalmente. Se não conseguirmos reunir e movimentar energia e garra para realizar uma vontade como essa, não teremos sido dignos de ter passado por aqui, não teremos tido competência de fazer história. Esqueçamos aquela canção do que cantávamos ao embalo de Vandré, enterremos a música do Ernesto Melo na curva do Rio – preferencialmente, ali onde um cemitério de centenas de espécies de peixes estará sendo construído para atender aos interesses de nossos colonizadores.
Zizi já foi um bar, resistiu como trincheira. A tarefa agora é despertar a fênix a que foi reduzido!
Mobilizar. Reunir. Organizar. Lutar até a vitória! Esta a única reação digna desta geração que carrega a responsabilidade de manter a ligação entre o passado recente o futuro do Estado de Rondônia. A rasteira no Zizi colocou decisivamente os karipunas frente a frente com seus destruidores. Talvez seja uma questão de vida ou de morte...
por José Berlange Andrade
(Porto-velhense e Juiz de Direito em MS)
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