Domingo, 9 de junho de 2024 - 13h20
Recentemente,
um caso trágico envolvendo a morte do empresário Luiz Marcelo Ormond,
supostamente envenenado pela esposa Júlia Andrade Carthemol, com um brigadeiro
contaminado, reacendeu debates sobre a resposta das feministas à violência de
gênero. Não me surpreendeu o silencio do
movimento. Não me surpreendeu o silencio dos ditos pelos Direitos Humanos, tão
combativo aos seus próprios iterasses. Enquanto feminicídios geram grande
alarde e campanhas intensas por justiça, casos onde mulheres são as
perpetradoras frequentemente não recebem a mesma atenção. Isso levanta uma
questão crítica: o empoderamento feminino tem contribuído para um
entendimento justo e equilibrado sobre a violência de gênero?
O
Movimento das Mulheres é, sem dúvida, uma conquista importante, promovendo
igualdade, autonomia e direitos. No entanto, é crucial que a busca pela
igualdade também se aplique na condenação de atos violentos, independentemente
do gênero do agressor. Quando feministas se silenciam diante de crimes
cometidos por mulheres, mas fazem um grande alarde em casos de feminicídio,
cria-se uma percepção de parcialidade e hipocrisia. Isso não apenas compromete
a credibilidade do movimento, mas também ignora a necessidade de justiça para
todas as vítimas, independentemente do sexo.
Ademais,
o movimento feminista, em algumas de suas vertentes mais radicais, pode estar
contribuindo para a deterioração dos relacionamentos entre homens e mulheres. A
desconfiança mútua, alimentada por narrativas extremas, pode levar ao
isolamento e à dificuldade de estabelecer relações saudáveis e equilibradas. Em
vez de promover uma sociedade inclusiva e harmônica, o movimento corre o risco de
polarizar ainda mais os gêneros.
A
igualdade de gênero não deve significar a isenção de responsabilidade para
qualquer indivíduo. Esse chamado empoderamento deve andar de mãos dadas com a
justiça e a equidade, garantindo que todos os casos de violência, seja contra
homens ou mulheres, recebam a devida atenção e condenação.
A
sociedade carece de movimentos que promovam a igualdade de forma justa e
imparcial. A verdadeira vitória do feminismo será quando não houver necessidade
de diferenciar a gravidade de um crime pelo gênero do perpetrador, mas sim pelo
ato em si. Somente assim conseguiremos uma sociedade verdadeiramente
igualitária, onde todos, independentemente do sexo, possam viver em segurança e
respeito mútuo.
Quando
ocorre um crime como esse do envenenamento, é importante não confundir
empoderamento com impunidade. Movimentos feministas têm como pilar a busca por
justiça e equidade, não a defesa de atos criminosos cometidos por mulheres.
A
violência doméstica, principalmente no Brasil tem sido um problema grave e
complexo, que afeta indivíduos de todos os gêneros e de todas as classes
sociais e não só os da periferia, como ocorria outrora. A Lei Maria da Penha
foi um grande avanço, a princípio, mas em alguns casos, ao invés de amenizar o
problema piorou. Antes o homem surrava a mulher, hoje ele mata porque, por
incrível que pareça, tem mais chances de se livrar de uma condenação por
homicídio do que por agressão. Coisas de leis brasileiras que parecem andar na
contramão. A luta contra essa violência é uma das frentes do empoderamento
feminino, que visa romper o ciclo de abuso e oferecer suporte às vítimas. No
entanto, é fundamental reconhecer que a violência pode ser perpetrada por
qualquer pessoa, independentemente do gênero, e que a justiça deve ser aplicada
de maneira imparcial. E a lei Maria da Penha, para que não sabe, não é para
beneficiar mulheres, mas sim a estrutura familiar. Porém, da forma como vem
sendo interpretada, já a partir da delegacia e depois no próprio judiciário por
magistrados despreparados, acabam por criar uma indústria de crimes, entre eles
o feminicídio, mais uma invenção tupiniquim para tipificar o crime de
homicídio, como se essa palavra remetesse aos crimes praticados contra homens e
o feminicídio contra mulheres. Vai entender.
Lembram-se
do caso Marcos Kitano Matsunaga, dono da indústria de alimentos Yoki, que foi
morto e esquartejado pela esposa, Elize Matsunaga, em 2012. Ela foi presa no
mesmo ano, O crime aconteceu no
apartamento do casal, na Vila Leopoldina, em São Paulo. A assassina foi
condenada a 19 anos, 11 meses e dia de prisão em regime fechado por homicídio
qualificado e ocultação de cadáver (em 2019, o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) reduziu a pena para 16 anos e três meses).Eliza está em liberdade
condicional e trabalhando como motorista de aplicativo, mas mantém o sobrenome
do marido que matou. Você pagaria o carro dela?
O
empoderamento feminino contemporâneo é um tema complexo e multifacetado que tem
sido explorado por filósofos e psicólogos, muitas vezes focando na busca das
mulheres por independência e autonomia. A Gestalt-terapia, de Fritz Perls, 1940,
por exemplo, aborda o empoderamento feminino dentro da relação terapêutica,
reconhecendo as necessidades individuais das mulheres e ajudando-as a construir
formas de atendê-las, o que pode levar a movimentos singulares de empoderamento
que reverberam coletivamente.
No
entanto, há também reflexões sobre as consequências dessa busca por
independência, como a possibilidade de algumas mulheres acabarem sozinhas, sem
família ou filhos, em busca de um caminho incerto. Essas reflexões são
importantes para entender as complexidades do empoderamento feminino e as
escolhas individuais das mulheres na contemporaneidade. O debate filosófico e
psicológico sobre o tema continua a evoluir, buscando equilibrar a autonomia
individual com as conexões humanas e a busca por significado e pertencimento.
A omissão
ou o silêncio de alguns grupos frente a determinados casos não deve ser vista
como uma falha do movimento como um todo, mas sim como uma oportunidade para
reflexão e diálogo sobre como abordar essas situações de maneira coerente com
os princípios de igualdade e justiça. Mulheres que lutam pelo empoderamento
precisam cuidar para que o movimento não deva ser interpretado como uma força
que afasta casais ou isola mulheres, mas como um meio de promover relações mais
saudáveis e equitativas.
É crucial
que a sociedade como um todo, incluindo movimentos feministas, mídia e
instituições de justiça, aborde casos de violência doméstica com a seriedade e
a atenção que merecem, independentemente do gênero do agressor ou da vítima. A
responsabilização dos autores de crimes e o apoio às vítimas devem ser
priorizados para construir uma sociedade mais justa e segura para todos.
Rubens
Nascimento
é Jornalista, Bel em Direito, Ativista do Desenvolvimento e Mestre Maçom- GOB.
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