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O Carnaval aliena? - Por Professor Nazareno


O Carnaval aliena?

 
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Professor Nazareno*
            
Sim! O Carnaval não só aliena como também serve como uma espécie de freio filosófico, político, econômico e social para as pessoas mais progressistas. Sob o ponto de vista da Educação, da Filosofia e da utilidade prática, nem devia existir. Sêneca, filósofo da Antiguidade Clássica disse sobre a religião que ela é considerada verdade pelas pessoas comuns, mentira pelos sábios e útil pelos governantes. Napoleão Bonaparte foi mais além: a religião é ótima para manter as pessoas comuns caladas. Claro que eles não conheciam a Carnaval brasileiro para se referirem somente à religião. O Brasil é um país cuja população é a mais alienada e tosca do mundo. Sem acesso a uma educação de qualidade, a informações, ao conhecimento e à leitura de mundo, os nossos compatriotas são considerados um dos povos mais estúpidos e inúteis do planeta.

E como alienar as pessoas é uma das atividades mais promissoras nesta periferia de mundo, principalmente pelas classes dominantes, o Brasil tem-se esmerado nesta arte. Além da religião e do futebol, temos também o Carnaval como uma das vanguardas desse processo de destruição coletiva do bom senso e da politização humana. Com um dos piores sistemas de educação do mundo, sem pesquisas de ponta, sem domínio da tecnologia e do conhecimento formal, a religião, o futebol e o Carnaval entraram em nossa sociedade como verdadeiros deuses. Até a política e o capitalismo abriram espaço para essa fraude. Dizer que a “folia de momo” é cultura é uma estupidez sem tamanho. Desde quando consumir álcool, se drogar e se fantasiar com o sexo trocado é cultura? Lévi-Strauss deve se revirar no túmulo com todas estas sandices.

Dizem que o Carnaval dá lucro e movimenta a economia. Mentira. Lorota. Conversa fiada. Causa, na maioria das vezes, muito prejuízo e horrores numa sociedade já acostumada a tantas desgraças. Além da sujeira e do lixo nas ruas após os desfiles, o que se veem são pequenos ambulantes venderem só um pouco mais de suas minguadas mercadorias. Isso sem falar no aumento da violência, do sexo livre e do consumo de drogas ilícitas como crack, maconha e cocaína. Quantos mortos a mais se verificam durante esta festa demoníaca e totalmente desnecessária? Os hospitais públicos lotam durante a aberração cultural. Cultura é ler um bom livro. É buscar novos conhecimentos. É também participar ativamente de todos os processos políticos que mudam o destino das pessoas. Parece até que a política no Brasil não precisa mais de nenhuma mudança.

Durante estas festas ridículas, mas populares, quem se lembra, por exemplo, da retirada covarde dos quinquênios no salário dos servidores da Prefeitura de Porto Velho? Quem se lembra dos vereadores sacanas que traíram seus eleitores? Quem se lembra do “açougue” João Paulo Segundo? Do Espaço Alternativo? Quem se lembra do golpe do Michel Temer, Romero Jucá, José Serra e Aécio Neves contra um governo também ladrão e corrupto, mas democraticamente eleito? O Carnaval aliena, entorpece, ridiculariza e contribui para aumentar ainda mais a estupidez de um povo já bronco e explorado. Pior são os seus ardorosos defensores, verdadeiros gigolôs da alienação alheia que defecam pela boca suas filosofias baratas somente para justificar seus vícios mais mesquinhos. Para quê dias inteiros e às vezes até semanas de trabalho perdidas para a folia? Acabar e proibir o Carnaval? Façam isto e esperem a verdadeira revolução.
 
*É Professor em Porto Velho.

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