Quarta-feira, 31 de outubro de 2018 - 13h59
Jair Messias Bolsonaro é eleito presidente do Brasil com mais de 57 milhões de votos (27% dos brasileiros). Governará a 8ª economia do mundo e será a partir de janeiro o representante maior dos 210 milhões de habitantes. Nas urnas, derrotou com certa facilidade o “poste” Fernando Haddad do PT. O “Mito” recebeu voto de homossexuais, de quilombolas, de travestis, de professores, de muitas mulheres e de várias outras minorias. Recebeu também o apoio incondicional de alguns fascistas, esquerdistas, direitistas, religiosos (principalmente evangélicos), nordestinos e por isso se caracteriza como o mais novo fenômeno eleitoral do mundo. Apesar de estar há trinta anos fazendo política, é nos padrões do Brasil, aclamado como o “novo”. Assim como o foram também Jânio Quadros, Fernando Collor e até Adolf Hitler na Alemanha Nazista.
Integrante da velha ordem política, o novo presidente entendeu muito bem o que teria que defender e falar para se eleger presidente. Soube como ninguém o que dizer para captar o voto dos desesperados. Suas frases de efeito e sua retórica de cachorro louco encantaram multidões desesperadas e já cansadas com a política tradicional feita no país. Grande parte de seus eleitores quiseram dar um basta à violência desenfreada na sociedade. Acham que deram um não à corrupção sem freios na política e nos negócios públicos. Entenderam que esse “Messias” era a única e última tábua de salvação a que tinham de se agarrar. Mas todos podem estar todos enganados. O “Mito” com sua fala agressiva atropela todas as políticas de bom senso seguidas num mundo cada vez mais preocupado com a democracia, as minorias e os direitos humanos.
Ao contrário do que muitos acham, Bolsonaro não acredita no que diz. Isto ficou claro quando ele foi esfaqueado. Só faltou perdoar o seu agressor. Disse que nunca tinha feito mal a ninguém para merecer aquilo, ignorando que suas atitudes para conseguir o voto dos mais incautos sempre estiveram recheadas de ódio e de incitação à violência. Mas já está mudando e se desculpando. Tomara que não seja mais uma farsa. O Brasil não aguentaria tanta dissimulação. O fato é que Hitler não salvou a Alemanha, Donald Trump não redimiu os EUA, Rodrigo Duterte não moralizou as Filipinas, Jânio Quadros não varreu a corrupção e nem Collor caçou um só marajá. Por que um obscuro político da extrema direita e oriundo da caserna conseguirá colocar ordem num “cabaré sem a madame” como é o Brasil? Ainda assim, torcerei para que ele faça um bom governo.
O êxito do “Coiso” à frente dos destinos do Brasil será o triunfo de todos os brasileiros. Dos mais humildes e despolitizados aos mais fascistas e retrógrados. Do mais pobre ao mais endinheirado. Não votei nele nem votaria. Mas quero que ele seja íntegro em seu governo, tenha vida longa para nos administrar corretamente e tenha tempo para compreender que suas ideias estão equivocadas e que precisam mudar. Serei oposição a ele enquanto o mesmo assim pensar. Com meus textos, aplaudirei se acertar e o criticarei quando falhar. Porém, ele tem uma árdua tarefa pela frente: apaziguar um país envenenado pela raiva e pelo ódio semeado desnecessariamente antes e durante sua campanha eleitoral. Jair Bolsonaro só ganhou por causa da roubalheira e da corrupção do PT, do PSDB, do PDT, do MDB. O povo quer o fim da velha maneira de se fazer política aqui. E se ele é o “novo” não aceitará o apoio de quem perdeu. Vai conseguir?
*É Professor em Porto Velho.
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