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O Papa apela a negociações contrariando a vontade da NATO


António CD Justo - Gente de Opinião
António CD Justo

Da Interpretação errónea das Declarações do Papa Francisco

 

No início de fevereiro, numa entrevista recentemente publicada na televisão suíça, sem nomear nenhuma das duas partes em conflito, (a Rússia ou a Ucrânia), o Papa apelou para negociações e disse: "Quando virem que estão a ser derrotados, que as coisas não estão a correr bem, devem ter a coragem de negociar". "Não tenham vergonha de negociar antes que as coisas piorem". "As negociações nunca são uma capitulação", disse o Papa.

Quando o entrevistador lhe perguntou se, por vezes, „não será preciso coragem para levantar a bandeira branca”, o Papa respondeu: "É uma questão de perspetiva. Mas penso que a pessoa mais forte é aquela que reconhece a situação, que pensa nas pessoas, que tem a coragem de levantar a bandeira branca de negociar".

O Papa não disse que a Ucrânia devia render-se, mas as declarações, pelo significado e influência que têm, provocaram grande polémica no meio político e nos meios de comunicação social. A expressão „ içar a bandeira branca" foi utilizado pelo entrevistador e o estranho é que políticos e jornalistas - à maneira política pós-factual - se tenham agarrado a essa expressão sem prestarem atenção ao que o Papa realmente disse, para assim colocarem a questão em fora de jogo...

Sabiamente, o Papa recusou-se desde o início da guerra a jogar apenas a cartada dos países da NATO porque conhecia também as cartas da Rússia e o que há dezenas de anos ia acontecendo na Ucrânia...

Em vez das palavras do sumo pontífice terem provocado na política e na opinião pública publicada, uma discussão argumentativa e factual sobre causas e consequências, tudo reage em conjunto como se fossem beligerantes...

Os mesmos que acusam o Patriarca ortodoxo de Moscovo Cirilo de apoiar a política do sistema russo interferem agora na opinião pública ocidental criticando o facto do Papa Francisco não apoiar a política dos EUA/NATO/EU...

Os membros da NATO teriam desejado que o Pontífice reforçasse a sua vontade de guerra para assim se tornar cúmplice e fortalecedor da propaganda noticiosa em via. As autoridades de Kiev reagiram como do costume, dado o seu credo partir do pressuposto que se encontraram do lado do bem e terem de “matar o dragão”! ...

Seria mau e lamentável se representantes das comunidades religiosas se deixassem envolver nesta guerra demasiado complexa como participantes do conflito, como fez o Patriarcado de Moscovo e um bispo ou outro evangélico e indiretamente algum católico...

Ao contrário de políticos europeus (EU) que estão a sustentar uma guerra por procuração, o Papa está a defender os genuínos interesses da Europa e do seu povo nesta guerra geopolítica que está a ter lugar na Europa e só vem beneficiar os EUA e prejudicar também futuramente a Europa toda.

O Vaticano não persegue interesses políticos de poder e num momento de conflito internacional pior que o conflito de Cuba pretende evitar a escalada para uma guerra terceira mundial, a ser preparada às escondidas. Que católicos tomem posição num sentido ou noutro faz parte da liberdade da consciência católica.

O Papa tem de permanecer neutro (por saber que a verdade não está nem num polo nem no outro) e para isso tem de manter uma posição aberta às razões dos dois lados pois o seu compromisso é de ordem superior: o empenho pela paz alcançado através de leis e conversações e a justiça. Em política não há o lado bom nem o lado mau porque a sua lógica é a defesa de interesses...

A tática de o Ocidente identificar a Rússia com a União Soviética é manipulativa e falsa: é como comparar a Alemanha atual com o regime nazista...

A abordagem da responsabilidade da guerra na Ucrânia terá de ser colocada no contexto dos interesses geoestratégicos nato/Rússia e de parte da população ucraniana que apoiava a Rússia e a outra parte que apoiava a NATO e a EU...

Em abono da verdade, jornais alemães citam, Sahra Wagenknecht, copresidente do partido BSW que afirmou: "O apelo do Papa para que se iniciem finalmente negociações de paz para pôr fim à guerra na Ucrânia é corajoso e sensato". Francisco leva a sério a mensagem de paz do cristianismo e criticá-lo é uma falta de respeito. "Há muito tempo que a guerra na Ucrânia já não se trata de ganhar, mas apenas de morrer", disse a presidente do partido.

António da Cunha Duarte Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9163

MAIOR PARTICIPAÇÃO NAS ELEIÇÕES PROPORCIONOU UM PORTUGAL MAIS EQUILIBRADO

 

Montenegro condicionado a fazer Coligação com o Chega por Lealdade ao Conservadorismo e para reconhecer a Vontade soberana dos Votantes

 

 

As eleições realizadas no domingo (10/3/24) marcam um acerto à direita de Portugal, com a vitória da Aliança Democrática (AD), coligação entre o Partido Social Democrata (PSD) e o Centro Democrático Social (CDS). AD 79 deputados (29,5%), PS 77 (28,7%), Chega 48 (18,1%), IL 8 (5,1%), BE 5 (4,5%), CDU 4 (3,3%), L 4 (3,3%), PAN 1 (1,9%) e ADN 0 deputados...

Embora Montenegro tenha negado a coligação com o Chega, em termos de poder e atendendo à votação de grande parte do povo nele, Montenegro teria de rever a sua posição, doutro modo iniciará um governo muito instável e um período ingovernável que faria lembrar o tempo da “geringonça”. Doutro modo só favoreceria a esquerda mais radical ou provocaria novas eleições em que seria castigado...

... o que motivou o povo a acorrer em maior percentagem às eleições foi sobretudo a necessidade nacional de um país mais equilibrado para não continuar a mancar só para a esquerda...

Agora que o PS deixou “a casa desarrumada” é hora de a AD a arrumar. Isso, em termos políticos poderia tornar-se num golpe contra si mesma se não tiver em conta o estilo de política partidária do PS: o dilema será implementar a ideologia como fazia o socialismo ou implementar o bem de todos em Portugal com uma política económico-social-cultural equilibrada...

O pior que a classe política poderia fazer seria entrar numa discussão antidemocrática destrutiva-partidária e a AD e o Presidente da República se deixassem levar numa polémica de fazer coligação ou não com o Chega. Depois de tantos anos de solidariedade esperta entre partidos da esquerda, fossem eles extremistas ou não, tornar-se-ia hipócrita uma discussão de não aceitação de uma coligação da AD com o CHEGA e possivelmente IL. Tal como no passado a esquerda foi solidária entre si em defesa do poder e do progressismo socialista, a direita  tem a oportunidade de se unir para pouco a pouco ir criando uma mentalidade popular mais equilibrada e deste modo estabilizar uma plataforma social de abertura ao conservadorismo em Portugal. Só uma sociedade equilibrada entre conservadorismo e progressismo poderá funcionar bem!

António CD Justo

Texto completo em Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=9159

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