Quinta-feira, 6 de junho de 2024 - 07h42
Nasci no meio de uma tradição
em que o reconhecimento de Deus como Supremo do Universo era a fala mais
importante da Dona Áurea, matriarca da família. Ela nos afastou dos dogmas da
religião católica, mostrou os horrores praticados por essa Igreja dos quais
sentiu na própria pele. No seu caso, os traumas sofridos durante a lição de catecismo quando, com 15 para os 16
anos, sozinha numa sala da paróquia, teve
os seios apalpados por um padre local. A história só não se transformou em
tragédia porque o meu bisavô, Felicíssimo José da Silva, cabra macho
nordestino, ao tomar conhecimento do caso, resolveu atender a um pedido de um
amigo próximo e evitou que o clérigo conhecesse às portas do inferno mais cedo,
sobre a mira de um rifle papa amarelo.
Por aí começa uma longa
tradição da nossa família. Crente em um Ser Supremo, Dona Aurea, procurou nos manter longe da igreja física, comandada por
homens mortais como nós, mas nos aproximar sempre da Igreja Celestial, Espiritual,
onde um simples pé de Mangueira, árvore
criada pelo Divino, “é mais pura do que qualquer homem, sobre a terra,”
dizia ela em suas parábolas. Assim, todas as vezes que me aprofundo mais sobre
os horrores da Santa Igreja Católica, não deixo de me surpreender
cada vez mais com as monstruosidades que eram praticadas em nome de Deus.
A realidade histórica do
carolíssimo é pontilhado por momentos em que seu poder transcendia os limites
da razão e da moralidade. Uma das manifestações mais infames sem dúvida, foi a
Inquisição. Sob o pretexto de proteger a ortodoxia e a fé, milhares foram
perseguidos, torturados e executados, tudo em nome de um Deus que pregava o
amor e a misericórdia. No entanto, esses episódios sombrios não são relíquias
de um passado distante; eles lançam um olhar nebuloso sobre as ações
contemporâneas da igreja.
Para ilustrar mais esse
absurdo, ainda na idade das trevas, no
coração da Venezuela, uma decisão do Vaticano, reacendeu um debate que remonta
aos dias sombrios da Inquisição. A pedido de Padres Jesuítas colonizadores, sem
que soubessem lidar com o costume dos venezuelanos em comer Capivara, na Semana
Santa, resolveram, com o a aval do santo Papa, classificar o mamífero roedor, em
uma nova espécie, literalmente transformando-o
em Peixe, para efeitos de observância da abstinência de carne vermelha
O IFLScience, um portal da
ciência, relata que os roedores foram classificados assim a partir de 1784 para
que os cristãos pudessem se alimentar desses animais na Quaresma. Esse período,
na tradição cristã, antecede a Páscoa e o consumo de carne vermelha e de frango
é proibido, sendo comum a substituição por peixe na Sexta-feira Santa. Vejam
que absurdo.
Mas como convencer os
camponeses venezuelanos de que a Capivara seria um peixe? Simples! Os padres
mostraram para os ingênuos cidadãos que o animal em questão, vive na água, tem
membranas nas patas, nada e mergulha magnificamente bem. Então, é Peixe e pode
ser consumido na Quaresma, sem ferir os ensinamentos divinal. É de rir, se não
fosse trágico...
Essa medida, que pode parecer
inofensiva à primeira vista, lança uma luz perturbadora sobre o poder e a
influência da igreja, capaz de distorcer a realidade em nome da tradição e da
fé.
Estudiosos descobriram que
espécies da biodiversidade urbana, como as capivaras, os castores também foram
classificados como peixes pelos padres espalhados pelo mundo. "Embora a
maioria das pessoas hoje em dia pense que a restrição é sobre comer carne, na verdade, a advertência alimentar não era
sobre mamíferos e pássaros versus peixes, mas sobre terra versus água, assunto
que tratarei em outro momento. Assim, para a igreja, os animais que passavam o
tempo na água eram qualificados como aquáticos e podiam ser comidos na
Quaresma", explicou a historiadora Dolly Jorgensen, no blog pessoal
homônimo. A coisa deu tão certo que se espalhou pelo Novo Mundo, como uma se
fosse uma criação celestial. Difícil! né?
A decisão de classificar a c
Capivara e também os Castores,
como peixes pode parecer insignificante aos olhos menos acurados, mas sua
implicação é profunda. Revela a disposição da instituição religiosa de
manipular a verdade em prol de suas próprias conveniências, atualizando a
lógica científica pelo dogma religioso. Essa compreensão, enraizada em séculos
de hegemonia eclesiástica, cria um ambiente propício para abusos de poder e manifesto
dos direitos humanos, em nome de uma suposta autoridade divina.
Além da questão específica da
classificação da capivara, a história da Igreja Católica está repleta de
exemplos em que o poder eclesiástico foi usado para subjugar e controlar a
sociedade. Da proibição de livros considerados heréticos à censura de ideias
consideradas perigosas, uma história de imposição de dogmas sobre a liberdade
de pensamento e expressão.
Pera aí! Lembrem-se dos
milhares de casos de violência sexual praticadas pelos padres com crianças em
todo o mundo e que vem tentando ser esquecido ou, pelo menos, acobertados pelo
Vaticano. E vem os relatos das atrocidades praticadas contra os índios, aqui
mesmo no Brasil e em todos os cantos da terra, acorrentando, queimando,
açoitando em os que considerados pagãos. Enquanto isso, os estupros, os roubos
e a destruição cultural, como no caso dos Incas, no Peru e em tantos lugares,
em nome de Deus, pois estes colonizadores da fé, se diziam o representante
celestial na terra.
Se existe um inferno, com
certeza, as almas desses torturadores perversos, queimam lá. Como uma forma de
aqui, no berço terrestre, podermos ajudar a enfatizar a gravidade e a crueldade
das ações cometidas por esses indivíduos, mantendo sempre uma luz de alerta aos
desavisados.
Em um mundo cada vez mais digitalizado,
a influência da igreja pode parecer estar atrapalhando. No entanto, eventos
como a classificação da capivara como peixe são lembretes poderosos de que a fé
ainda exerce um poder significativo sobre a sociedade. É imperativo que
permaneçamos vigilantes contra qualquer tentativa de abuso desse poder,
lembrando-nos sempre de que nenhum sistema de influência está acima da crítica
e do escrutínio racional, da lógica e, sobretudo, do discernimento de cada um
para não se deixar ser manipulado por qualquer tipo de ilusão, como as
indulgencias.
Há! não esqueçamos do feijão
milagroso do Pastor Waldomiro e os saquinhos de areia de Israel, vendidos como
amuletos de salvação.
Tudo porcaria...
Fiquem atentos, reajam, porque
manipuladores estão em todos os lugares, nesse momento.
Antes, porém, se forem comer
Capivara, comam os filhotes, são bem mais saborosos assados e não tem gosto
peixe.
Rubens Nascimento é
Jornalista, Bel.Direito, ativista do Desenvolvimento e Mestre Maçom.
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