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O R E Q U E N T A D O - 'Quem diz: eu sou, eu faço; não é nem faz...


 


PRODUÇÃO INDEPENDENTE/JAS/RO (43 ªEDIÇÃO)                   RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO EDITOR
PORTO VELHO (RONDÔNIA), 20 DE OUTUBRO DE 2008


“Quem diz: eu sou, eu faço; não é nem faz. Quem é ou faz, não diz”
- Provérbio Chinês.


TALVEZ
Berilo Pesconi



Talvez, no decorrer de minha vida, as decepções me sejam companheiras inseparáveis. Mas jamais darei adeus às ilusões. 

Talvez não reunirei forças para realizar os meus planos. Mas jamais me considerarei um derrotado. Talvez sofrerei injustiças. Mas jamais assumirei o papel de vítima. Talvez enfrentarei alguns inimigos gratuitos. Mas esses desafetos não me farão falta. A ausência deles até me preencherá uma lacuna.

 


Talvez as concorrências desleais me atropelem o ideal no meio do meu caminho. Mas preferirei descer traído a subir traindo. 

Talvez perceberei que cometi graves erros. Mas a minha consciência me dirá que errei com a vontade de acertar. Talvez, mais adiante, perderei velhos amigos. Mas a Sabedoria das Nações me convencerá de que aqueles que deixaram de ser amigos nunca os foram.

 


Talvez o meu sonho de glória se desmanche no chão - e eu me recolha à minha insignificância. Mas pouco importará. A grandeza do tudo acaba na pequenez do nada. Talvez censurem a minha sensibilidade poética. Mas não se ignorará que os poetas pensaram o mundo. Talvez eu não encontre motivos para maiúsculas comemorações. Mas não deixarei de me alegrar com minúsculas conquistas. Talvez me bata o desejo de fugir à luta pelo bem comum. Mas não o farei. Será meu e morrerá comigo o ridículo anseio de ser útil.

 

Talvez eu não seja exatamente quem eu gostaria de ser. Mas passarei a admirar quem eu sou. Por quê? Porque, na etapa madura da minha existência, saberei que, apesar das minhas incontáveis dúvidas, sou capaz de construir, para mim e para os outros, um destino feliz. A tal respeito, já falou alguém: “No fim, tudo dá certo. Se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim”. E, nesta esteira, não haverá nenhum “talvez” e sim a convicção de que a minha vida valeu a pena e eu fiz o melhor que podia fazer.

Em “FOLHA DE S. PAULO”, 13/08/2008.
*Berilo Pesconi (20 anos) é mineiro de Ubá. Pesconi é acadêmico de Letras.

TROCA DE GENTILEZAS
 
Brasília (DF), 11 de abril de 1986. Deputado Flávio Marcílio (PDS/CE) - Presidente da Câmara Federal - com a palavra o deputado Raymundo Asfora - PMDB/PB:


“... E pensar era transgredir. E era o pescoço do oprimido contra a forca do opressor. E era o mando que se degenerava em desmando. E por aí foi o Brasileiro Golpe Militar que se batizou de Revolução de 31 de Março. Revolução, vírgula! De fato, uma Ditadura que se escreve como todas as demais...”  Pegava pesado o orador.

 


“ - Nobre deputado Asfora, vou oferecer, a Vossa Excelência, algo útil: um copo de leite”.
 Em aparte, Aretuzo Lavajaro (PDS/ES - e filhote do Regime Autoritário acima) ironizou o parlamentar paraibano que abusava do álcool.

 


“ - Em retribuição, ilustre deputado Lavajaro, brindarei Vossa Excelência com um livro”


 
. No mesmo tom, o aparteado zombou do incontrolável horror do aparteante à biblioteca. 

Em “CALÇADÃO”, Campina Grande/PB.
* “O Nordeste está gritando, pela minha voz, contra tanta espoliação e tanto sofrimento. Tão altos e profundos são os ecos do seu clamor que até meu silêncio se encherá de vozes”. “A emoção é a disciplina do meu espírito. Só liberto, dos lábios, as palavras prisioneiras do coração”. Assim soltava o verbo Raymundo Yasbeck Asfora (1930/1987). Raymundo Asfora nasceu em Fortaleza/CE. Ainda criança, Asfora migrou - na companhia dos pais (libaneses) - para Campina Grande/PB. Ali, ele se criou, viveu e morreu. Ele era um gigante da palavra falada. Seu discurso era uma explosão de beleza. Curiosamente, o cearense, a que se refere, foi um grande paraibano. Na Paraíba, ele se elegeu vereador, vice-prefeito, deputado estadual, deputado federal e vice-governador. Príncipe Árabe da Oratória (dizia-se dele), o intelectual, de que se cuida, também foi poeta e compositor dos bons. Advogado, professor, culto, espirituoso, boêmio, com todo um poder mental, em plena vitalidade física, em plena ascensão política (vice-governador/PB) - e eis que esse notável homem público se suicidou. Suicidou-se aos 56 anos e alguns meses de idade. É de gritar com o iluminado Jorge de Lima: “Triste ironia atroz que o senso humano irrita”. Por último, mas não menos importante, Raymundo Asfora se casou duas vezes. Dos dois matrimônios, resultaram-lhe sete filhos, um dos quais, Sheyner Asfora - um jovem causídico promissor - que busca ser digno da memória do pai. Quanta responsabilidade, hein?

*Flávio Portela Marcílio (1917/1992) era piauiense de Picos. Flávio Marcílio era advogado; *Jorge Mateus de Lima (1893/1953) era alagoano de União dos Palmares. Jorge de Lima foi médico, político (RJ), poeta, romancista, ensaísta, biógrafo, tradutor e pintor. Apenas.


SAIBA PREFERIR
Luiz Antônio Sacconi

O intelectual prefere o livro do que o filme (errado); o intelectual prefere o livro ao filme (correto).

O músico prefere o violão do que a guitarra (errado); o músico prefere o violão à guitarra (correto).

Explica-se: com o verbo preferir,a relação entre duas palavras se dá com ao (masculino)e à (feminino).  Essa relação jamais se dá com do que.

Em “1000 Erros de Português” (Nossa Editora; São Paulo, SP). Fone: 0XX11.3127-1401.

O R E Q U E N T A D O - 'Quem diz: eu sou, eu faço; não é nem faz...  - Gente de OpiniãoPULO-DO-GATO
 


“O verdadeiro analfabeto é o que aprendeu a ler e não lê”. “A burrice é invencível”. Aqui, estão dois dos muitos pensamentos de Mário Miranda Quintana (1906/1997).

 


Inspirado gaúcho de Alegrete, referência da Poesia Brasileira, escritor de prestígio, indivíduo bem-apessoado e, além do mais, namorador inveterado, Mário Quintana morreu, aos 91 anos, sem nunca ter contraído núpcias ou algo que o valha.

 


Porto Alegre, março de 1956. Celebrava-se, em grande estilo, o cinqüentenário de Quintana:

 


“ - Nosso poeta maior, enfim, cinqüentão! Agora, o senhor, solteirão cobiçado, vai casar-se”. Um repórter do ZERO HORA - Jornal Local - provocou o imenso intelectual do Rio Grande do Sul.

 

“ - Prefiro manter dezenas de mulheres esperançosas a manter uma mulher desiludida”. 
Saiu-se,pela tangente, o provocado.
Em “Domínio Público”.
*Domínio Público = de quem interessar possa.
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SABES?
J. G. de Araújo Jorge
“Nada   te digo   nem direi ...     Mas penso
Que o meu olhar, quando, em teus olhos, pousa
Te   revela, em   segredo,   alguma    cousa.
Alguma   cousa    deste    amor     imenso ...
 
Minha boca - bem vês - como uma lousa,
É muda, embora num   desejo    intenso,
Arda   meu   corarão como um   incenso
Envolto no mistério   em que repousa.
 
Que outros proclamem seu amor em frases
De fogo, alçando a   voz   enternecida,
Cheios de gestos e    expressões falazes ...
 
Eu, não ... Nada te disse nem te digo ...
Mas sabes que este amor é minha vida
E que, em silêncio, morrerá   comigo ...”.
 

Em “Poeta da Praça” (edição esgotada).
 *J.G. (José Guilherme) de Araújo Jorge - 1916/1988 - era natural de Tarauacá/AC. O Acre onde nasceram, também, Adib Jatene, Armando Nogueira, Jarbas Passarinho, Glória Peres e outras tantas personalidades da mesma ordem de grandeza. J.G., para usar uma frase alheia, foi “uma vida feita de substância coletiva”. Causídico de sucesso, o acreano, de que se trata, renunciou sua próspera advocacia para adotar a atividade política. “Troquei as causas grandes pelas grandes causas” – divertia-se ele. Tradução: J.G. , via PDT/RJ, elegeu-se por quatro mandatos consecutivos (1971/1987), deputado federal. No Congresso Nacional, o parlamentar nortista se valeu dos seus dotes oratórios e da sua veia poética para cantar, em prosa e verso, as maravilhas do estado de direito. Sua voz teve eco. Voltou “raiar a liberdade no horizonte do Brasil”.

“SAUDADE   NÃO    É   PEIXEIRA,
MAS CORTA A ALMA DA GENTE”
 
Em meados de outubro de 2002, realizou-se um Festival de Cantador de Viola em Viçosa (CE). Viçosa - a terra do perpétuo jurista Clóvis Bevilacqua (1859/1944). Bevilacqua - o autor do anteprojeto do CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO (1º/01/1916).

Para a fantástica dupla - Enevaldo Hipólito e Raimundo Caetano - caiu o mote: “SAUDADE NÃO É PEIXEIRA, MAS CORTA A ALMA DA GENTE”. Hipólito, com o poderoso talento que Deus lhe deu, começou por incendiar a platéia:
 
“Sabe quem   é sofredor,
Quanto a saudade é ingrata.
Não é   pistola, mas   mata
Quando o problema é amor.
Remédio que cure   dor
Do   peito   do    paciente,
Médico não passa a doente,
Nem camelô vende em feira.
Saudade não é   peixeira,
Mas corta a alma da gente”.

 
Geraldo Amâncio, em “AO SOM DA VIOLA” - TV DIÁRIO; FORTALEZA/CE.


*Enevaldo Hipólito (37 anos) é piauiense de Geminiano; *Raimundo Alves de Souza Caetano (49 anos) é paraibano de Cuité.
*Geraldo Amâncio Pereira (62 anos; Cedro/CE) é um dos maiores repentistas da atualidade. Na viola, Amâncio passa a sensação que não procura a rima, a rima é quem o acha. Pela TV DIÁRIO, Geraldo Amâncio apresenta “Ao Som da Viola”. O imperdível programa vai ao ar, nos domingos, das 9h30 às 10h (horário de Rondônia).  /* Cantador de viola, repentista (no caso) = quem, de improviso, faz versos ao som da viola.

ATENÇÃO: Nenhuma notícia é originária deste “boletim”. Ele só a reedita. Donde, o nome dele: “O Requentado”. O esclarecimento de palavras não comuns se deve à popularidade (“on-line”) que este jornaleco - surpreendente e imerecidamente - conseguiu. Que perdoem os letrados. Fones: 0XX69.3216-3775; 0XX69.3222-4739; 0XX69.9981-4173. “E-mail”: jackson@mp.ro.gov.br

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