Quinta-feira, 13 de novembro de 2008 - 10h32
Carlos Solera(*)
O Turismo Rural (TR) é uma atividade bem recente no país. Teve inicio no ano de 1986, na região catarinense de Lages, com a entrada das primeiras quatro fazendas neste segmento econômico. No ano de 1994, quando foi fundada a Associação Brasileira de Turismo Rural (Abraturr), já se identificava cerca de 400 empreendimentos de TR no Brasil. Hoje, 22 anos depois, o número já chega perto das 15 mil propriedades rurais e o setor é o que mais cresce dentro do turismo brasileiro, com uma média de 20% ao ano.
Destas quase 15 mil fazendas, 60% tem até 50 hectares, o que mostra a grande inserção de pequenos proprietários rurais em busca de diversificação e em agregar novos valores a suas atividades tradicionais. O TR gera hoje perto de 500 mil empregos diretos e indiretos no país. Destes, 35% são representados por mão-de-obra familiar e o restante por trabalhadores de origem local/regional. Outro detalhe importante é a presença feminina na condução da maioria dos empreendimentos de TR. A mulher está presente em 92% destas funções.
Hoje a Abraturr está organizada em seccionais em 13 estados brasileiros e temos mais quatro em formação. Até 2010 a projeção é que teremos 20 Associações Estaduais de Turismo Rural. Em um primeiro momento houve um grande impacto na mudança de visão das propriedades rurais brasileiras que passaram a trabalhar com o TR. Este espaço sempre foi considerado como um "feudo" familiar onde imperava a vontade exclusiva do proprietário. De repente, este espaço passou a ser mais "democrático", compartilhado com outros "donos" temporários, os turistas. Esta foi sem dúvida a primeira grande mudança operada pelo Turismo Rural no cenário campesino nacional.
A seguir, surgiu a necessidade de antigos e novos atores do campo, desenvolver novas práticas que não lhes eram tradicionais, como a hospedagem e alimentação de pessoas com pagamento de custos, procedimentos que sempre foram feitos em forma de hospitalidade campeira. Eram novos tempos rurais e a introdução de novas receitas financeiras em propriedades que já não tinham mais condição de sobrevivência começou a despertar o interesse em muitos produtores rurais de incorporarem esta atividade em suas fazendas.
Assim o campo ganhou uma nova classificação para seus produtos e serviços, como nos mostra a conceituação da atividade: "Turismo Rural é o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade".
Com relação à comercialização, há ainda - em grande parte - um desconhecimento duplo da atividade TR, tanto dentro da fonte comercializadora, como as agencias e operadoras, quanto na fonte produtora, as fazendas de TR. Quem vende não conhece o produto "Turismo Rural" na íntegra e sua grande abrangência e suas especificidades; quem produz (empresário rural) na maioria das vezes não entende a função e trabalho dos atores da comercialização e dificilmente possui uma visão profissional do turismo. Tudo ainda é muito novo, mas gradativamente este sistema de compreensão vem crescendo e temos já boas empresas de comercialização no mercado assim como propriedades rurais com alta demanda turística nacional e internacional.
A 5ª Feira Nacional de Turismo Rural (Feiratur 2008), que acontece de 20 a 22 de novembro em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, tem tudo para ser um fórum de modernização e mola de impulsão para a definitiva profissionalização do setor no Brasil. A qualidade, as inovações e experiência dos expositores, além das informações sobre tecnologia, comercialização e comunicação reservadas para as palestras e painéis deixam a certeza de que o turismo rural brasileiro ganhará mais vida. É aguardar, participar, desfrutar, aplicar e colher os dividendos.
(*) Presidente nacional da Associação Brasileira de Turismo Rural (ABRATURR) carlos_solera@hotmail.com (41) 3243-0908
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