Quinta-feira, 18 de janeiro de 2024 - 13h03
A postura adotada pelo presidente Lula de não conceder reajuste salarial
em 2024 aos servidores do Executivo pode desencadear uma onda de greves em todo
o país nos próximos dias, apesar de algumas categorias já estarem em greve, em
resposta à resistência do governo petista em negar um direito legítimo aos que
prestam serviços à máquina oficial, independente da esfera de poder.
Entidades sindicais vêm negociando com representantes do governo na
tentativa de evitar o caos no serviço público, mas o governo tem-se revelado
inflexível aos apelos das categorias. Pelo andar da carruagem, vai acontecer no
governo Lula o mesmo que aconteceu no da Dilma Rousseff (PT), quando quase
quatro mil servidores cruzaram os braços por melhores salários.
Durante a campanha eleitoral que o conduziu à
presidência da República, Lula não poupou críticas ao presidente Jair Bolsonaro
por não conceder aumento ao pessoal do Executivo, prestigiando apenas algumas
categorias funcionais, como os militares. Agora, porém, imita o gesto de seu
antecessor, virando as costas para aqueles que sempre foram (pelo menos no
discurso) a menina dos olhos do petismo: o funcionalismo público. Não é de hoje
que servidores do Executivo reivindicam a implantação de uma política salarial
que atenda pelo menos às necessidades mais prementes da categoria, mas parece
que eles têm pregado a ouvidos moucos. Os parcos salários pagos vêm obrigando a
maioria deles a fazer muita ginástica financeira para sobreviver.
Ao contrário do muitos pensam, pagar salários justos aos servidores não
constitui nenhum gesto de benevolência por parte desse ou daquele dirigente
público, mas, na verdade, é um dever indeclinável. Não o é, porém, entupir as
repartições públicas com apaniguados e cabos eleitorais ao arrepio da lei, como
se tem visto aqui e alhure
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