Quarta-feira, 23 de junho de 2010 - 11h29
A produção agrícola brasileira sempre foi o motor da nossa economia, desde os tempos do descobrimento do Brasil. E tem razão de ser. Pois graças à competência do nosso homem do campo alcançamos a condição de segundo maior produtor de alimentos do mundo. Somos referência hoje na produção mundial de soja, leite, algodão, milho, café, trigo, frutas, carnes de bovinos, suínos e aves, isso sem falar dos inúmeros subprodutos que deles advêm.
Visto ainda por muitos de forma preconceituosa, o chamado agronegócio é o setor mais relevante da economia brasileira, e gera não apenas produtos, mas principalmente empregos e oportunidades, no campo e na cidade. Gera, também, avanços tecnológicos imprescindíveis para a produção e, ao mesmo tempo, qualidade de vida para a população, pois faz com que regiões menos desenvolvidas ganhem impulso e saiam do atraso. Basta ver o efeito que faz a instalação de um frigorífico ou mesmo de um laticínio em um pequeno município, de 15, 20 ou 30 mil habitantes.
Mas tudo isso está ameaçado. Ou melhor, toda essa capacidade de produção rural que tanto nos orgulha e tem gerado riquezas ao país, ano após ano, está sendo colocada em xeque. E tudo em decorrência de uma legislação ambiental abusiva e ultrapassada que engessa o produtor de tal forma que ele sequer pode continuar fazendo aquilo que sempre fez: trabalhar dignamente.
A discussão que se faz em torno da preservação ambiental é salutar, mas não é admissível que se coloque a floresta acima do homem. É preciso equilíbrio. É preciso estabelecer parâmetros adequados para o debate. Não pode ser mais, nem menos. A lei não pode crucificar o produtor, assim como também não pode sacrificar o meio ambiente. Não é uma guerra entre Deus e o Diabo. Estamos falando de interesses humanos, e, portanto, de coisas palpáveis e acessíveis, perfeitamente ajustáveis do ponto de vista prático.
Na Câmara dos Deputados, por meio da Comissão Especial do Código Florestal, estamos fazendo um esforço muito grande para equilibrar a balança. E é consenso geral de que não se pode mais aceitar o discurso vazio das organizações não governamentais (Ongs) de que o produtor rural é o vilão da história; de que a produção de alimentos ameaça a sustentabilidade do meio ambiente, do planeta; de que o produtor está destruindo tudo, de forma deliberada e irresponsável. Na verdade, os discursos radicais e intransigentes daqueles que defendem o ambientalismo selvagem é que representam uma séria ameaça à soberania brasileira, porque por trás deles se escondem governos e grandes grupos estrangeiros, que não querem, não desejam e nem aceitam o sucesso da agricultura brasileira.
O foco agora é a discussão do relatório do deputado Aldo Rebelo, que se propõe a alterar o Código Florestal, que é tão antigo quanto ultrapassado. Questões como Reserva Legal, uso de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e autonomia dos estados na questão ambiental, entre outras, estão postas na mesa. A nós ruralistas - e aos ambientalistas, de outro lado - cabe o equilíbrio, a busca de um entendimento, de um consenso. Pois a população mundial tem fome de alimentos e o Brasil, sede de crescimento. O homem do campo, no entanto, quer apenas poder trabalhar em paz.
Fonte: Moreira Mendes
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