Sábado, 1 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

OPINIÃO DO CIDADÃO: Celebração ao Cristo vivo


 

Quando Maria recebeu o Cristo ensangüentado, de olhos fechados e braços abertos em seu colo, sentiu a dor do mundo em seu coração. Sofreu por todos, por ser a mãe que abraçava o Filho morto, por ser a escolhida que sabia ter em suas mãos o Filho de Deus martirizado. Quando fitou o infinito, trazia os olhos prenhes de luz, de quem via além e vislumbrava a eternidade, a divindade, aquilo que está muito acima de nós e, por isso, só sentida na entrega ao indecifrável mistério.

Quando carregou o corpo do Filho, sabia não ser ele, mas um pedaço que ficou para lembrar a história, testemunhar a glória. Era a Maria de todo dia. Ali, naquele triste momento de vazio e dor, nascia o cristianismo, da morte, em uma sublimação celestial transfigurando toda a paisagem. Era a semente do sofrimento brotando no solo fértil da fé, dos que crêem, dos que bebem diariamente o indefinível mistério, o invisível elo.

Acima da coroa de espinhos - nada mais simbólico que isso - a cruz apontando os vários caminhos, nós elevando o olhar para o além. Nas abscissas da dor, a longa e longitudinal caminhada, a via crucis de todos nós. Nas ordenas da fé, a linha reta que nos leva ao céu, o caminho dos sonhos, o religar ao que seu perdeu.

Cristo é a vida e a morte, a alegria e a dor, o sonho e a realidade, o hoje e a eternidade. Está tanto e em tudo, que se refaz a cada dia, a cada hora, como uma força imanente que não encontra o caminho da volta. Por isso tão falado, tão lembrado, tão vivo e amado, numa tradução diária de tudo aquilo que foi e plantou em cada palavra levada pelo vento da história, aquele que vai muito além das horas. Não foi a morte que sepulta, mas a fé que ressuscita.

Obstinado, enfrentou a fúria dos leões, a incompreensão dos justos. Teve tudo, sem exigir nada. Apenas pediu, como um sopro de primavera varrendo a atmosfera da terra em busca de paz: “Amai-vós uns aos outros como eu vós amei”. Foi o seu último pedido, quando, alta, a noite caia pesada sobre o coração da humanidade, tingindo a aurora com um grito de dor.

De sua morte fez-se vida. Do seu martírio, o perdão, pendão de vida para aqueles que buscam o além. Viveu o amor incondicional, devocional. Partilhou o pão que não tinha. Fez de peixes e pães alimentos imateriais da Humanidade, sanando a fome de muitos no deserto de homens e idéias. Muitos os viram, poucos o identificaram. Era Ele: trino e uno, homem e Deus, filho e pai, santo e etéreo. Depois da paixão, o renascimento, o Cristo vivo e eterno após tantos erros, equívocos e omissões.

Hoje, celebramos suas palavras, comungamos suas certezas, partilhamos seu exemplo, sua conduta irretocável. Nos elevou a Deus e o trouxe até nós, como imagem e semelhança, a busca divina pela verdade, a entrega, a comunhão libertadora. Como poderemos dizer que um dia morreu aquele que está vivo entre nós até os dias de hoje?

Sempre o senti, nunca o vi. No entanto, o seguirei e o buscarei até o último dia de minha pequena e efêmera vida!

Fonte: Petrônio Souza Gonçalves é jornalista e escritor

Gente de OpiniãoSábado, 1 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

O paradoxo do Governo Lula:  fragmentação da Amazônia em nome do ambientalismo criminoso

O paradoxo do Governo Lula: fragmentação da Amazônia em nome do ambientalismo criminoso

Parece que o Governo Lula engatou o dedo no gatilho de uma metralhadora e tem disparado centenas de balas contra o próprio pé. Ferido, não anda, fal

Quebrada a Barreira do Cartel dos Partidos do Arco do Poder na Alemanha

Quebrada a Barreira do Cartel dos Partidos do Arco do Poder na Alemanha

Na Alemanha, os partidos tradicionais vêm mantendo uma "barreira de fogo" contra a AfD (extrema direita, com 20% de apoio, defensora de uma política m

Trump e a Transformação Política no Ocidente

Trump e a Transformação Política no Ocidente

Imperialismo Cognitivo da UE versus Imperialismo Económico-militar dos EUA Estará Trump a tentar resgatar o espírito da Europa enquanto a própria Eu

A velha fábrica de corrupção voltou a operar

A velha fábrica de corrupção voltou a operar

Há vários anos desativada, a velha fábrica de corrupção voltou a operar em Rondônia. Especializada na preparação de licitações e contratos fraudulen

Gente de Opinião Sábado, 1 de fevereiro de 2025 | Porto Velho (RO)