Terça-feira, 24 de novembro de 2009 - 11h15
Prof. Sílvio Melo*
Diante da má-vontade política de parte dos Estados e Municípios em remunerar policiais e professores de forma mais digna e do cansaço do Governo Federal em transferir recursos para esta finalidade sem alcançar os fins propostos, ganhou força no Congresso Nacional e no próprio Poder Executivo, a elaboração de leis que definam tetos para estas categorias profissionais de importância singular para a sociedade.
Para à educação foi estipulado o teto salarial de 950 reais para professores com o ensino médio, frustrando de certa forma toda gama de educadores que esperava uma valorização maior e um reconhecimento substancial pelo difícil trabalho de ensinar, não raras vezes em escolas sem estrutura, sem recursos didáticos, sem política de investimentos a médio e longo prazo. Sabe-se com certeza que parte dos recursos destinados à educação é desviada e a cada dia, torna-se perigoso para professores denunciarem os desmandos. Quanto docentes já não tiveram suas vidas interrompidas drasticamente por exigirem transparência com o dinheiro público? Quantas famílias ficaram órfãs? Quantos não são alvos da mais bruta perseguição? Enquanto isso, os cofres de prefeituras e de alguns Estados estão abarrotados de dinheiro para se investir, mas segundo a Folha de São Paulo, de cada 100 reais que sai de Brasília, somente 40 reais efetivamente aportam dentro da sala de aula. Observe-se que apesar de um teto miserável de 950 reais, ainda existe governadores questionando no STF para não pagar essa minguada quantia que nem vendedor de churrasquinho quer ganhar. Em Rondônia o salário do professor é o 9º pior do país e não há a menor perspectiva de melhora pelo atual governo, diga-se de passagem, uma grande decepção.
Os comentários sobre o teto para policiais giram em torno de 3.200 a 4.500 reais. Acho justo, principalmente porque nos dias de hoje com a crescente onda de violência que assola o país, o policial sai de casa sem ter certeza do retorno ao seio familiar. O que ganha como soldo é realmente muito pouco para se valorizar uma vida que defende centenas de vida. Por mais restrição que se tenha à atuação de alguns, o que se deve levar em consideração é que a grande maioria cumpre com sua obrigação, enfrentando as mais graves situações de perigo, riscos contínuos de morte, (aliás, quantos já não tiveram suas vidas ceifadas nos conflitos com bandidos?) tudo em defesa da sociedade. Quando o perigo é iminente nas nossas vidas a primeira ação nossa é chamar a polícia para nos proteger. Por conseguinte, é dever do Estado e do governante consciente pagar bem a esses profissionais que dão suas vidas para defender os cidadãos de bem.
Defendo a tese que estas duas categorias deveriam fazer um pacto de união na defesa de interesses mútuos. Os policiais assumiriam a defesa dos professores, sobretudo porque, o trabalho docente fortalecido é a garantia de se educar bem e ter um delinqüente a menos nas ruas. Os professores, por seu turno, devem sempre valorizar os policiais e trabalharem conjuntamente na certeza de que estes profissionais devidamente valorizados garantirão a segurança dos mestres e das escolas.
No mundo globalizado, educação e segurança pública são ações interdisciplinares. Seus atores caminham pela mesma via e o país que busca desenvolvimento, bem-estar dos seus cidadãos, tem como base a liberdade de ir e vir e a educação dos seus filhos. Como disse Oscar Lorenzo, “o futuro é hoje e se não corrermos, terá sido ontem”! Professores e policiais aspiram por um amanhã melhor. Bons salários é uma questão de justiça.
*O autor é professor das redes estadual e municipal em Costa Marques/RO
E-mail: silviomelon@hotmail.com
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