Quinta-feira, 26 de novembro de 2009 - 18h30
Por Luiz Eduardo da Silva (*)
A Prefeitura de Porto Velho está mobilizando a população da cidade, veiculando massivamente propaganda na mídia local, para que todos venham participar do lançamento do Programa “Porto Velho Mais Verde”. Com esta atitude, a administração da Capital pretende entrar para o livro dos recordes, a partir da façanha de realizar o maior e mais rápido plantio de árvores da história. O objetivo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAS) é plantar cinco mil mudas de árvores em apenas cinco minutos, nesta próxima sexta-feira, dia 27 de novembro, a partir das 17 horas, nos canteiros centrais das avenidas Lauro Sodré e Jorge Teixeira.
O Programa “Porto Velho Mais Verde” se inscreve nas atitudes equivocadas de uma pasta da municipalidade que nunca disse a que veio. Ou seja, o que a Prefeitura pretende com este programa, na verdade, é entrar no livro dos recordes, o famoso e curioso “Guinness Book”. Resumindo, trata-se de um estratagema da Prefeitura que visa por na ordem do dia da mídia nacional (e, se der certo é claro, na mídia mundial), a administração da companheirada.
Até a década de sessenta a cidade respirava ares de urbe amazônica, com ruas e praças fartamente arborizadas. As principais vias centrais (destacando-se aí a Avenida Sete de Setembro), as praças, as frentes das residências localizadas nos bairros da cidade e o conjunto habitacional Caiari traduziam a estética verde de uma cidade fincada na beira do Rio Madeira, no coração da imensidão verde-amazônico.
Ao romper das décadas a cidade foi perdendo suas árvores, sobretudo aquelas plantadas em praças e passeios públicos na área central. O verde foi dando lugar ao ‘moderno’, ao cimento, às novas edificações anunciadoras do progresso e do futuro cinza-concreto, sem nunca se promover uma discussão que buscasse compreender a possibilidade de co-habitarem, no mesmo espaço, a modernidade e o verde; as novas edificações e a paisagem amazônica.
A Prefeitura chegou ao cúmulo de concretar canteiros centrais de vias públicas da cidade. Foi o que aconteceu com os jardins do canteiro central da Avenida Presidente Dutra, hoje um jardim de concreto, e a Praça Aluízio Ferreira que, depois de amplas e várias reformas, virou um largo para realização de shows e grandes eventos, onde o verde foi substituído por vastas calçadas de bloquetes.
O Programa Porto Velho Mais Verde, que poderia ser a primeira atitude pública séria e necessária da municipalidade, para se repor o verde da cidade, desembarcará nesta sexta-feira, dia 27 de novembro, revestido de uma concepção completamente equivocada, uma vez que visa entrar no Guinness Book, fincando um recorde e, assim, projetor o feito em toda mídia do Brasil e, quiçá, do mundo. O propósito não é tornar a cidade mais agradável climática e plasticamente. O projeto não fita levar o verde e a sombra de copas frondosas de espécie de árvores amazônicas para todos os quadrantes da urbe. É uma ação eventualista, de explicito cunho midiático, com o único objetivo de projetar a imagem de alguma vaidosa autoridade de plantão da gestão municipal.
Aliás, a julgar pela aparência das crianças que atuam na propaganda que vem sendo veiculada nas redes de televisão do município, com predominância do biótipo branco, louro e olhos azuis, a nossa juventude, portadora do perfil afrodescente, indígena, caboclo ou periférico, certamente está desconvidada.
Não é possível mais aceitar que numa região como a nossa, com marcantes características indígena e cabocla, só pessoas de perfil ariano sejam nossos garotos propagandas. Sobre tudo em peças publicitárias financiadas com o dinheiro dos contribuintes, realizada por esta administração que se diz de todos e todas.
O que assistiremos, então, nesta grande atitude de espetacularização da ação publica, cercada por muitas motocicletas e veículos troando sirenes, helicóptero em voou rasante, equipes das várias televisões, rádios, internet e tudo mais de parafernália que esta ação requer, é a materialização de um pseudo e equivocado programa da Prefeitura de Porto Velho, propondo a arborização da cidade. Trata-se, na verdade, de um acontecimento planejado, para atrai a atenção de organizações de meios de comunicação, particularmente jornais, telejornais e jornais na internet. Resumindo, a partir do desta sexta-feira, teremos uma cidade verde para inglês ver.
* Luiz Eduardo da Silva é acadêmico de geografia e DJ, residindo em uma rua sem árvore na cidade de Porto Velho.
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