Sábado, 29 de agosto de 2009 - 05h56
Por Fenando José de Sousa*
Obra de instalação de rede de esgoto, uma rua de terra e uma chuva torrencial!
Em qualquer lugar do mundo a combinação destes componentes tem tudo para se transformar em uma pequena tragédia; nada comparado ao trágico fim da história de Romeu e Julieta, mas muito para os moradores de uma pacata rua no bairro Aponiã, aqui na nossa Porto Velho.
Bidu Sayão é uma ilustre desconhecida para a maioria de nós, pobres mortais. No mundo da música lírica internacional, ela teve seu nome eternizado no Olimpo das grandes divas da ópera. Pequena na estatura, mas grandiosa na sua capacidade vocal, Balduína de Oliveira Sayão, mais conhecida como Bidu Sayão, brilhou nos palcos dos grandes teatros da Europa e dos Estados Unidos entre as décadas de 1920 e 1950. Citando uma única passagem de sua vida já é possível entender a grandeza do seu nome: após uma antológica apresentação em fevereiro de 1938 na Casa Branca, sede do Governo dos Estados Unidos, o Presidente Franklin Roosevelt ofereceu a cidadania americana à interprete; "no Brasil eu nasci e no Brasil morrerei" respondeu Bidu. Infelizmente, morreu de pneumonia em 1999, pouco antes de completar 94 anos, sem realizar o seu desejo de rever a Baía de Guanabara e a sua cidade natal: Itaboraí (RJ).
Réles mortais que somos, poucas vezes ouvimos seu nome ser mencionado. Uma das raras vezes em que isso aconteceu foi no carnaval de 1995, quando Bidú Sayão foi homenageada pela Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis. Ela veio no último carro alegórico, O Cisne Negro, sentada num trono cuidadosamente preparado para ela – merecido trono para a grande rainha brasileira da música lírica.
A outra Bidu Sayão está muito mais próxima de todos nós, mas também é uma ilustre desconhecida. Ela nunca teve reconhecimento algum, provavelmente nunca foi ovacionada por uma platéia extasiada; ao contrário da outra, que teve o pronto reconhecimento de um dos maiores líderes mundiais da primeira metade do século XX, a nossa Bidú Sayão talvez nem seja conhecida pelos nossos políticos locais. Uma rua de terra muito simples, encravada no meio de outras tantas ruas simples; seus habitantes apesar de simples, são grandes trabalhadores e batalhadores.
Recentemente, a nossa Bidú Sayão foi lembrada merecidamente por duas vezes pelo poder público: recebeu primeiro a rede de água e, poucos dias atrás, a tubulação da rede de esgoto. Mas como em todas as tragédias musicais do mundo da ópera, quis o destino pôr à prova a valentia de sua gente: mal as equipes de operários encerraram os trabalhos da rede de esgoto e uma chuva torrencial varreu a rua e cobriu suas calçadas com lama.
Diferente de tragédias como a de Romeu e Julieta (esse um dos papéis clássicos interpretados por Bidú Sayão), onde os protagonistas da história morrem no final, nossa tragédia local se resume a uma boa limpeza da lama, um acerto no nivelamento da rua com máquina e uma dose extra de paciência do seu elenco.
Bidú Sayão, a primeira e única, brilhou nos palcos e para sempre brilhará na eternidade. A nossa Bidú Sayão, ainda está ensaiando os seus primeiros passos, através das reinvidicações em coro de seus moradores e com certeza terá um futuro glorioso pela frente. Nome de estrela ela já tem...
*Fernando José de Souza é coordenador de Comunicação do Consórcio Cowan Triunfo, empresa responsável pela implantação da rede de esgoto em Porto Velho.
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