Segunda-feira, 24 de agosto de 2009 - 19h15
Por Renata Vannier
Nossa família raramente faz um passeio aos domingos. O último fugiu à regra e saímos em caravana rumo a um balneário para tentar amenizar o calor. E foi seguindo pela BR 364, sentido Acre, que levei um susto daqueles. Em questão de segundos, quando nos direcionávamos para o acostamento para atravessar a rodovia, ouvimos um estrondo. Meu coração palpitava, minhas mãos tremiam e não conseguia tirar aquele barulho da cabeça. Um motorista que dirigia um Fiat Uno apareceu atrás do nosso veículo e conseguiu, sabe Deus como, pegar parte da traseira do nosso carro. Todos nós, por uns segundos, ficamos atônitos. Descemos do veículo para ver o que tinha acontecido.
O motorista que bateu em nosso carro, muito descontrolado, começou a gritar. Dava para perceber tranquilamente, que ele não estava em seu estado normal. Junto a ele, tinham mais quatro pessoas: outro homem, duas mulheres e uma criança que aparentava ter 10 anos de idade. Fiquei preocupada com a menina, que pedia constantemente à mãe para ir embora daquele local. Uma das mulheres que estava no Uno levou um corte na testa. Isso me chamou a atenção e me fez pensar se ela estava utilizando o cinto de segurança.
Chamamos a Polícia Rodoviária Federal para nos atender, e é nesse mérito que pretendo entrar. Um dos policiais, que por sinal muito competente, chegou sozinho em sua viatura. Era um domingo, por volta das 10 horas da manhã. Relatamos os fatos, assim como o outro motorista. O Policial Rodoviário Federal nos passou todos os trâmites. Explicou o que iria ser feito e o que poderíamos fazer. Até aí tudo bem. Indaguei o uso do bafômetro, afinal, o seu uso virou lei no país e todo motorista que estiver dirigindo embriagado, leva multa e pode ainda ser preso.
O gentil policial disse que não tinha o aparelho. Isso me trouxe à memória todo aquele blá blá blá que foi dito na mídia, sobre o uso do equipamento que verifica o nível de álcool etílico presente no ar respirado. Fiquei chateada com aquela situação. Outra coisa me chamou a atenção: não tinha mais ninguém para ajudar o policial e ele estaria ainda seguindo para Guajará Mirim sozinho para atender outro acidente. Pensei: o concurso da PRF saiu. Tomara que isso ajude a resolver esse problema de falta de contingente.
Mas o pior de tudo foi saber que não tinha ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) disponível. Graças a Deus ninguém, a não ser aquela mulher do carro que levou um corte na testa, ficou ferido. O policial perguntara se alguém estava machucado, e por sorte, ninguém precisava de atendimento médico. Isso pra mim foi o fim. Fala-se tanto de melhorias de cá, melhorias de lá... Como uma capital, que está em pleno desenvolvimento, não consegue ao menos saciar as necessidades básicas de seu povo? Isso por aqui não é novidade, eu sei. Ouvimos e vemos muitas coisas que não gostamos. Mas, só nos damos conta realmente da gravidade do problema, quando acontece com a gente. Vemos então, que nem sempre, a grama do vizinho é mais verdinha... O jeito agora é apelar para o Chapolin Colorado.
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