Terça-feira, 24 de maio de 2011 - 17h09
Adilson Siqueira de Andrade é Antropólogo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). É secretário de comunicação e presidente de honra do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL/RO).
A ética é mais que um assunto acadêmico é uma ação que move os seres humanos para a sua finalidade. Desde Sócrates a ética tem sido compreendia como sendo um instrumento que orienta o comportamento das pessoas para atingirem o seu fim - a felicidade. A moral por sua vez, mesmo andando junta com a ética se diferencia, pois se estabelece nas normas de condutas por vínculos culturais que se transformam em códigos para permitir que a convivência humana promova o bem de todos. Kant diz que a ética se constitui como um desejo a ser alcançado, enquanto que a moral é ação humana prática.
O sistema capitalista é por sua natureza utilitarista e busca transformar tudo em mercadoria, inclusive os valores mais sublimes como a liberdade, a justiça, o amor entre outros. Como primeiro passo, fragiliza a própria essência humana, divulgando a ideia de que “todo homem tem seu preço”. Nessa visão, uma pessoa bem sucedida é que demonstra esperteza, da mesma forma que o governante “burro” é aquele que sai pobre da administração porque perdeu as oportunidades, ou ainda se aceita que “ele rouba, mas faz”. Assim, uma pessoa para “se dar bem na vida”, precisa manobrar a lógica do bem - da ética. Dessa forma, quando uma criança trapaceia um colega está sendo esperta. Porém, é nesse momento que se inicia o hábito da desonestidade.
A corrupção deve ser entendida como um aprendizado e não como algo natural que nasce com o ser humano. Esse aprendizado, entretanto se dá com aqueles ou aquelas, que ao relativizarem os valores fundamentais, entendem que se “dar bem” é levar proveito em tudo e não perder as chamadas oportunidades, mesmo que as “vantagens” se dê em função da exploração das pessoas mais humildes e/ou que tenham que violar o bens comuns de todos.
As normas de condutas (leis) e os organismos de promoção humana criados pela própria sociedade devem ser instrumentos vivos, pois devem acompanhar as ações humanas, e deve promover o bem de todos. Essas normas devem ser entendidas para além de coibir comportamentos desajustados, mas devem servir como uma ação pedagógica que oriente as pessoas para um convívio social e que o bem maior da sociedade é o seu patrimônio coletivo.
O que se assistiu no programa “Fantástico” da Rede Globo, nesse domingo (22/5), foi mais um escândalo envolvendo a administração da Prefeitura de Porto Velho, dessa vez sobre superfaturamento de medicamentos, que segundo a reportagem, um anticoncepcional que é vendido em farmácias populares por R$ 1,24, o mesmo medicamento foi vendido para a prefeitura de Porto Velho no valor de R$ 9,90. Esse é um caso típico de corrupção ativa, ou seja, o uso indevido do dinheiro público para beneficiar pessoas e/ou grupos em detrimento da coletividade. (Assista, AQUI, entrevista do Prefeito na TV Candelária)
Recentemente foi publicado (www.oobservador.com.br e www.tudorondonia.com.br) que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apurou que a Marquise (responsável pela coleta de lixo do município) recebeu R$ 1.641,917,37 (hum milhão, seiscentos e quarenta e um mil, novecentos e dezessete reais e trina e sete centavos) por serviços que nunca foram realizados. Outro exemplo refere-se à obra da Avenida José Vieira Caúla iniciada em 2008 com a empreiteira UNI Engenharia, abandonada e nunca concluída e pelo que se tomou conhecimento parte do valor da obra foi pago. O prefeito Roberto Sobrinho (PT) ao ser questionado sobre esse assunto por um ouvinte do programa “A Voz do Povo” da Cultura FM, apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá respondeu de forma irônica dizendo que existe “uma cabeça de burro enterrada no lugar”, porém se faz necessário que ele se explique, e que o dinheiro gasto indevidamente deve retornar aos cofres públicos. Da mesma forma que a reforma da Praça da Estrada de Ferro Madeira–Mamoré, que segundo matéria pública (www.rondoniaovivo.com.br) o próprio prefeito Roberto Sobrinho (PT) no dia da entrega da reforma praça, ao público, (05.12.10) afirmou “foram gastos nesta primeira etapa da revitalização do Complexo Madeira-Mamoré, o montante de R$ 11.000.000,00 (Onze Milhões de Reais), dinheiro repassado pelo Ministério do Turismo e pelo Consórcio Santo Antônio Energia”. Faz-se necessário destacar que nesse dia as obras estavam inacabadas.
As obras dos viadutos cantada e decantada no período eleitoral e que seriam construídas com os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão paralisadas e, portanto se incluem como obras inacabadas, essas obras apenas vêm causando transtorno para a população. Como obras inacabadas também se encontram a construção das casas populares que a Prefeitura iniciou e estão todas paradas, só para citar algumas.
No final do ano (2010) o prefeito deu um presente de grego para a população aumentando a tarifa dos ônibus para R$ 2,60 (15,13%) enquanto a inflação acumulada do ano de 2010 foi de 5,9% segundo os cálculos da FIP. E o pior foi o Ministério Público do Estado, que deveria defender a população desse aumento abusivo, em juízo, concordou com o aumento, prevalecendo assim os ditames do empresariado.
Por outro lado a Câmara de Vereadores de Porto Velho vem sistematicamente demonstrando fraqueza. Se os vereadores, com raríssimas exceções, como se diz na linguagem popular se não tivesse o “rabo preso”, já teriam pedido o “Impeachment” do Prefeito. Mas o que se observa, é que segundo denúncia do suplente de vereador João Bosco (Polícia Federal), o titular, vereador Jaime Gazola (PV) contratou servidores fantasmas e que nunca apareceram para trabalhar no seu gabinete, se constatado, o mesmo terá que ter o seu mandato cassado. Devido à gravidade da situação a mesa diretora deveria ter se posicionado, mas prefere fazer “ouvidos mocos”.
A população de Porto Velho diante dos inúmeros problemas sociais existentes na cidade e ainda acrescido com denúncias de corrupção que envolve a administração da prefeitura, deveria se indignar e se posicionar contra os que usam o poder público para se locupletar. Esse mutirão de indignados deve ser composto por pessoas e instituições que entendem que o bem comum é imperioso em qualquer sociedade e que os poderes públicos devem estar a serviço da população e não servir como um lugar daquelas pessoas inescrupulosas. Essas pessoas de conduta duvidosa além de não servirem para o serviço público, também devem ser afastadas do convívio social, ou seja, presas.
Fonte: Adilson Siqueira
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