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Opinião: Ilha Brasil e outras desgraças



Bruno Peron Loureiro

Prolifera, no Brasil, um número incontrolável de assassinos, ladrões, charlatões, trapaceiros e ignorantes em detrimento dos que almejam viver dignamente.

O tal de foco de esperança e luz precisaria de uma renovação radical de milhões de indivíduos, o que vigoraria as teses apocalípticas de dezembro de 2012 - única maneira de fazer uma limpeza rápida dos seres danosos - ou reiteraria nossa tendência sonhadora de um "país do futuro" ou "coração do mundo", segundo vários credos religiosos.

Há os que se atrevem a dizer que a mudança começa no Extremo Oriente, onde o sol nascia primeiro. Os terremotos e tsunamis causaram estragos no Japão e ainda acenderam sinal de alerta por vazamento de material radioativo na usina nuclear de Fukushima, norte do país. Alguns periódicos adiantaram-se e recomendaram a evacuação de Tóquio, capital nipônica que fica a 250 km daquela cidade; outros cessaram o consumo de alimentos da região.

Embora a exposição de radioatividade seja grave, os japoneses insistem que a tragédia nuclear não se compara à de Chernobyl, que teve lugar na Ucrânia em 1986.

O Brasil poderá ostentar uma localização estratégica no novo mapa mundial. Os dirigentes deste laboratório étnico, fonte exuberante de corrupção e injustiça, incubador do capitalismo e da cultura de mercado até então o que fazem é manter seu povo na ignorância, ou seja, dão-lhe a falsa impressão de ascensão de classe social a ponto de que possam comprar bens de consumo a crédito, portanto endividar-se, e deleitar-se assistindo a concursos de corpos sarados na televisão ou aos programas pasteurizados dos Estados Unidos porque a monopólica "retransmissora" Globosat não libera um único canal de país vizinho.

Nossos governantes venais parecem não se importar com o atraso cultural tupinica, cujo país se gaba contraditoriamente de ser "emergente" e um "exemplo" na América Latina, mas terá que mobilizar todo um exército para conter a iminência de violência na Copa e Olimpíadas. Vale recordar do que o país investiu em segurança para a visita do gringo Obama.

É necessário combater este tipo de impostura e pretensão.

Neste ínterim se descobriu que cientistas estadunidenses injetaram, entre 1946 e 1948, vírus de sífilis em pacientes guatemaltecos para testar a eficácia de medicamentos à base de penicilina. A revelação do experimento provocou indignação na Guatemala, sobretudo pelo teor do abuso e, o que é agravante, por se tratar de vítimas de orfanatos e presídios.

Há que conter e punir estes seres covardes e inimigos da vida. A onda de protestos no Oriente Médio e Norte da África demonstra o desejo de um novo mundo, de convívio mais fraterno. O ditador líbio Muamar Kadafi agride seu próprio povo em Bengasi, onde se concentra a oposição a seu governo. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, porém e com o pretexto de frear o massacre, nada mais faz que intensificá-lo com o bombardeio de um grupo de nações aliadas - encabeçadas por Estados Unidos - à Líbia.

O povo cobra o término de regimes ditatoriais e governantes vitalícios, porquanto a democracia exige rotatividade nos cargos de representação e o atendimento às demandas dos eleitores. O que não se entende no Brasil é como o senhor José Sarney, entre outros dinossauros ainda não fossilizados, tem o descaramento de fazer da política seu modo de subsistência e preservar-se no poder por gerações e não mais pelo Maranhão, seu estado de origem.

Em cada país, brota o desconforto com as condições de vida da população, cada vez mais explorada e sofrida. A onda de reformas torna-se sistêmica.

Houve uma manifestação de centenas de estudantes e professores universitários em Caracas em 14 de março de 2011 em prol de mais recursos para as instituições venezuelanas de ensino superior. Por sua vez, estudantes protestaram em 17 de março de 2011 contra o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo, que se torna meio de transporte de luxo por R$3,00. Os manifestantes exibiam faixas do tipo "transporte não é mercadoria".

Protesta-se em toda América Latina e o mundo por algo melhor que merecemos, mas ainda não disfrutamos. A Ilha Brasil, enquanto isso, deleita-se no retrocesso do "Big Brother Brasil" em suas edições agonizantes e infindáveis, protagonizado pelo apresentador mercantilista e impostor do progresso Pedro Bial, que presta um desserviço à nação.

Comemoremos a ignorância no Brasil, ilha que se passa por nação livre e "emergente", mas onde quase tudo que entra e sai é intensamente controlado por políticos imprestáveis, empresários oportunistas, aduana que taxa 60% sobre os produtos importados mesmo que não se os fabrique aqui, e artistas garbosos da Barra da Tijuca. A exceção são os veículos roubados em centros urbanos, que saem facilmente do país em direção ao Paraguai devido à incompetência de nosso controle policial, corrupto, nefasto e sugador de energias e recursos.

Alerto que no Brasil só importa o seu poder de compra, leitor. Se não fizer o cartão das Casas Bahia para aquisição do último televisor LCD ou LED ou o financiamento do carro do ano em quarenta e oito vezes, você não serve para o capitalismo tupinica e acabará nas margens, como os fluminenses soterrados que já se alojavam mal antes da tragédia.

Depende de você negar o que está errado e injusto. Caso contrário, abaixe a cabeça e deixe que os impostores do desenvolvimento e do progresso te sufoquem.
 

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